A ideia era refazer a vida, recomeçar num país novo, com propósito de ajudar a família que ficou no Haiti. Mas toda essa promessa de um futuro melhor ficou pra trás e está virando um pesadelo para alguns imigrantes. Por conta da crise econômica em que o Brasil está assolado, os haitianos, que vieram ao país para tentar reconstruir a vida depois do terremoto que devastou sua terra natal em 2010, estão deixando a “tal nação prometida de reformular suas vidas”.

Da mesma forma como entraram, eles saem. De ônibus, de avião, com uma passagem na mão e pouco dinheiro. Dinheiro este, que foi recolhido com o seguro desemprego, ou até mesmo veio por meio de doações dos amigos que estão empregados. O destino? Chile ou México, os dois países que atualmente conseguem empregar mais imigrantes que o Brasil.

Manasse Marotiere, presidente da Associação dos Imigrantes Haitianos de Bento Gonçalves (AIHB), confirma que os Haitianos estão perseguindo uma nova promessa de futuro. “Nós (haitianos) viemos de uma situação muito difícil no Haiti, de um país que sofreu muito com os terremotos, chegamos aqui cheio de perspectivas, de vontade de crescer e nos deparamos, desde o último ano (2015) que estamos ficando sem emprego e que a crise econômica do Brasil, não tem data exata para cessar”, relata Marotiere.

Dentro de casa o presidente já tem os reflexos da dificuldade de conseguir um emprego em Bento Gonçalves. “Eu falo português, sou apto a trabalhar, mas não consigo nada na minha área. Sou formado em técnico de informática pelo Haiti e aqui tenho cursos também, mas não há chances de emprego nessa área para os imigrantes. E o problema parece ser recorrente somente aqui no município, pois em Porto Alegre tenho amigos que trabalham, inclusive, como químicos, arquitetos, enfermeiros…”, comenta.

O dinheiro é fator principal que influencia na entrada e saída de imigrantes tanto no Brasil, quanto em outros países. Além do próprio sustento, é preciso auxiliar as famílias que ficaram no Haiti. “Trabalhamos para darmos uma vida melhor para os nossos que estão aqui e, também, os que ficaram lá. Temos de sustentar muitas pessoas e sem emprego, ou com salário muito baixo, fica difícil. A inflação fez crescer muito o preço dos produtos na cidade e o dólar está nas alturas, não conseguimos juntar um bom montante para auxiliá-los como gostaríamos”, entristece-se Marotiere.

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário deste sábado, 21 de maio de 2016.