Os três policiais envolvidos na morte de Lucas Raffainer Cousandier, de 19 anos, foram condenados pelo júri na noite de terça-feira, 19. De acordo com a sentença, os soldados, Emerson Luciano Tomazoni, foi condenado a 11 anos, seis meses e 10 dias de prisão, inicialmente em regime fechado, além de ficar inabilitado a exercer a função de policial pelo período de dois anos. Aele recebeu a maior pena, por ter sido o responsável pelo disparo que matou Cousandier. Já Gabriel Modesti Ceconi, foi condenado a 10 dias, que já foram cumpridos e Devilson Enedir Soares, cinco anos em regime aberto.

A sessão que teve início na segunda-feira, 18, se estendeu até às 21h50min de terça-feira, 19, e foi presidida pela juíza Milene Fróes Rodrigues Dal Bó. Na acusação atuou o promotor Eugênio Paes Amorin, do Ministério Público Estadual.

A estratégia adotada pela defesa foi colocar a maior culpa no caso sobre o soldado Emerson Tomazoni, que era o mais antigo na guarnição que fez a perseguição aos jovens. Na segunda-feira, durante seu depoimento, Tomazzoni assumiu totalmente a responsabilidade pela decisão e iniciativa de fraudar o local do crime. Ele disse que atirou contra a viatura, usando uma arma que havia sido apreendida de um suspeito de tráfico de drogas, no bairro Planalto Rio Branco, no dia anterior. Ele pediu desculpas à família do bento-gonaçlvense, ao comando do 12º BPM e aos colegas brigadianos.

Os três policiais militares foram denunciados por homicídio qualificado, inovação artificiosa qualificada (fraude processual), porte ilegal de arma de fogo de uso equiparado ao restrito e denunciação caluniosa. Eles estavam presos no Presídio Militar em Porto Alegre .

Relembre o caso

Foto: Reprodução.

O crime ocorreu na madrugada do dia 4 de fevereiro, quando três jovens, moradores de Bento Gonçalves, estavam em Caxias do Sul. Na ocasião, o veículo em que as vítimas estavam foi abordado pela Brigada Militar na avenida Itália, bairro São Pelegrino. Ao perceber que seriam parados, o condutor do veículo Ka, cor vermelha, fugiu do bloqueio pelas vias centrais, até a avenida Bruno Segala.

Foi então que o condutor do veículo perdeu o controle da direção, nas proximidades da igreja São Francisco, bairro Kayser. A vítima fatal do fato, Cousandier, que estava sentado no banco do carona, foi alvejado por um tiro que atingiu a sua cabeça. Ele foi socorrido, porém morreu no Hospital Pompeia.

De início, a ocorrência foi tratada como um confronto com os policiais, devido as marcas de disparos junto a viatura e a apreensão de dois revólveres calibre .38 encontrados no carro onde estava a vítima. No entanto, uma reviravolta no caso mudou os rumos das investigações que apontaram que a uma das armas encontrada no carro dos bento-gonçalvenses, havia sido retirada de uma residência no bairro Planalto Rio Branco, no dia 1º de fevereiro.

Na ocasião, os policiais alegaram que após uma denúncia de que na casa, localizada na rua Reinaldo Soardi, havia armas e drogas. No entanto, após depoimento do dono do revólver e o confronto de informações com o GPS da viatura, confirmou-se que a cena do crime havia sido alterada. A investigação apontou então que os jovens não estavam armados, portanto, não atiraram contra os PMs e que as armas foram plantadas dentro do Ka pelos policiais.

 

Foto principal:  Edgar Vaz/Rádio Caxias