No Brasil, havia grande disponibilidade de terras e um grande vazio demográfico que causavam preocupação ao governo. Atrair imigrantes europeus para ocupar essas regiões foi uma política que existia desde o inicio do século XIX. Porém, o modelo de colonização adotado, bastante limitado, devido a falta de disponibilidades financeiras para um projeto deste porte, e a desorganização fez com que; das 96 colônias criadas entre 1846 e 1860, 66 desparecessem.

O Sul do Brasil, porém, exerceu atração sobre os italianos, tanto pelo clima como pela topografia da serra gaúcha, que lembravam muito as regiões de montanha do norte da Itália. Esses fatores contribuíram muito para que a corrente migratória se concentrasse quase exclusivamente nos estados do Sul, no primeiro momento da imigração.

Os colonizadores que ocuparam o Sul do Brasil eram quase todos do norte italiano. No Rio Grande do Sul, vênetos e lombardos corresponderam a 87% dos imigrantes. Em Santa Catarina, trentinos, vênetos representaram 90% dos imigrantes, caindo para 70% mais tarde.

No Rio Grande do Sul, os italianos ocuparam lotes localizados no planalto gaúcho, região coberta de matas, sem estradas e vias de comunicação, tendo que desenvolver uma agricultura de subsistência em terras íngremes porque as mais férteis já estavam ocupadas pelos alemães. Inicialmente, 95% dos italianos nos estados sulinos dedicaram-se à agricultura.

Em 1895, quando a imigração italiana para o Sul estava em queda, um novo fluxo migratório, especialmente de oriundos do Sul da Itália, se concentrou no Estado de São Paulo que, entre 1935, acolheu mais de 1,2 milhão de italianos. Embora tenha sido a região Sul a pioneira na imigração italiana, foi o sudeste que recebeu a maioria dos imigrantes. Proprietários de cafezais pagavam a viagem aos italianos, que trabalhavam nas fazendas com contrato de cinco anos, devolvendo o valor da passagem paga. A partir de 1881, o Governo paulista passa a incentivar a imigração italiana rumo aos cafezais, subsidiando 50% das despesas de viagem, mantendo o contrato de cinco anos, o ressarcimento e outros benefícios. São Paulo foi o destino de 44% da imigração italiana para o Brasil entre 1820 e 1888; de 67% entre 1889 e 1919. O peso demográfico italiano foi tão grande que, em 1934, italianos e seus filhos representavam 50% da população de São Paulo.

“Scalabrini disse há mais de um século: migram as sementes nas asas do vento, levados pelo instinto; e mais que todos migra o homem, ora em forma isolada. Mas sempre instrumento daquela providência que preside e guia os destinos do homem”.

Os pioneiros que aqui chegaram “eram pobres de tudo, mas ricos de fé”. Enfrentaram a floresta, trabalharam, sofreram, “dormiram sobre duro terreno”, mas construíram vilas e cidades, levados pela determinação, pela fé e pela coragem”.

Nestes 140 anos, convido a todos para expressar profunda gratidão aos antepassados que nos transmitiram tantos valores. Precisamos fazer crescer no mundo a paz, a solidariedade para construirmos um mundo melhor”.