O amor pela literatura e pela música levou os bento-gonçalvenses para a abertura da 31ª Feira do Livro. A cerimônia que aconteceu na noite quarta-feira, 14, reuniu autoridades do município e a patrona Denise da Ré, que mesmo emocionada subiu ao palco para agradecer e lembrar a importância de um evento como a Feira para a cultura da cidade.

Denise, depois de utilizar-se de um poema para apresentar-se, salientou que quer aprender com todos que estarão prestigiando o evento. “Pretendo ganhar uma bagagem de conhecimento muito maior após essas semanas, quero que me aproximar dos jovens e levar para eles todo meu conhecimento literário, para que possam me passar o que sabem sobre o que gostam e prestigiam”, ressaltou a patrona lembrando ainda que “os adolescentes precisam saber que esse espaço é também para eles, há diversas opções para essa geração aproveitar a literatura e desfrutar dela”.

Além da patrona, Thedy Corrêa, músico e escritor, também passou pelos estandes na quinta-feira, 15 e na sexta, 16. Thedy e Denise são e serão os nomes mais falados do evento durante os próximos nove dias. Os dois são a união do que foi pensado para a Feira de 2016, música e literatura que transcendem os espaços, marcam o tempo, o ritmo e é assim, quando uma cita a outra que há um diálogo possível entre acordes literários.

“Minha missão hoje é levar a literatura pelo Rio Grande”

A conversa com o público rolou fácil, os fãs estavam ansiosos esperando o momento de tirar uma foto e pedir um autógrafo para o músico Thedy Corrêa. Ele é o escritor homenageado da Feira do Livro de 2016 e, com a Via Del Vino lotada na quinta-feira, 15, contou um pouco sobre os 30 anos de estrada no grupo Nenhum de Nós e de sua atual missão: levar a literatura pelo Rio Grande do Sul e para o Brasil.

A noite era fria, mas nem isso foi capaz de espantar os amantes de uma boa música e de rock gaúcho. As pessoas presentes riram, se emocionaram e, em sua maioria, relembraram a época em que o grupo de Thedy Corrêa estourou nas rádios com a famosa “Camila”.

O bate-papo era sobre, exatamente, os dois assuntos que fazem o tema do evento: Música e Literatura e nem havia como escapar de tal, pois Thedy leva na bagagem três livros e mais de 16 CDs.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Semanário, o músico falou sobre suas inspirações, seus exemplos e da felicidade de ser homenageado em Bento Gonçalves.

JS: Como surgiu a música e a literatura na tua vida?

Thedy: A melhor maneira de ensinar e influenciar alguém com o hábito da leitura é o exemplo e meu pai e minha mãe era leitores assíduos, então eu sempre os via lendo e aquilo me inspirava. Sem falar que tínhamos um ritual muito legal que era em toda a Feira do Livro de Porto Alegre fazíamos um passeio e aquilo me fascinava, pois as barraquinhas eram iluminadas, então desde pequeno eu tive vontade de trabalhar com duas coisas: literatura e quadrinhos, pois eu gostava de desenhar. Comecei devagar a exercitar a escrita, até que um belo dia meu pai levou pra casa uma máquina de escrever e, com ela “lancei” meu primeiro livro e bem depois foi que a música chegou até mim. E foi também por exemplos, pois meu avô era gaiteiro, então tudo na minha época veio por meio de inspiração e exemplo.

JS: Como o tema da feira envolve música e literatura, tu acreditas que as duas artes andam juntas realmente?

Thedy: Eu acredito que depende muito do músico, pois a literatura sozinha se basta, mas tem muita música que, hoje em dia, não tem literatura.

JS: Tu acreditas que as músicas atuais, que estão sendo mais ouvidas por jovens, estão com falta de literatura?

Thedy: Quando a música tem um bom texto, ela dialoga melhor. Quando não, ela se presta para outras coisas, mas neste caso a literatura se afasta um pouco. Não é preconceito falarmos das músicas atuais, mas vamos parar para pensar a que obra literária aquela música que está tocando agora em qualquer rádio do País está vinculada.

JS: E seguindo no tema da Feira, escrever música ou livro é mais fácil? O que o Thedy Corrêa prefere?
Thedy: Música, sem dúvidas, pois escreve-se uma por uma, cria-se uma estrofe rapidamente. O livro, ah, esse já é bem mais trabalhoso.

JS: Agora em 2016 vocês estão completando 30 anos de Nenhum de Nós, qual será a comemoração? O que o público pode esperar?
Thedy: Uma das formas que encontramos para presentear nossos fãs, foi com um livro. Um jornalista está escrevendo: “A obra inteira de uma vida”, que apesar de ser uma história comum, de uma banda que batalha pra caramba, conseguiu chegar aos 30 anos de carreira, sempre na estrada e com a mesma formação desde que iniciou.

JS: Como foi receber de Bento Gonçalves a honraria de ser o Escritor Homenageado da Feira do Livro de 2016?
Thedy: Ainda estão buscando as respostas, pois não sei se merecia tanto. Afinal, na trajetória literária eu ainda estou engatinhando, mas claro, me sinto lisonjeado. Estou muito feliz!

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário deste sábado, 17 de setembro de 2016.