O imigrante havia encontrado um fator importante e decisivo para sua fixação e adoção definitiva da nova Pátria. E uma vez mais, a região, por ser ela um componente da civilização humana ligado à cultura e com características universais.

As pipas e os vasilhames utilizados pata elaboração do vinho, no porão das residências coloniais, eram confeccionadas por alguns imigrantes conhecedores desta arte, utilizando ferramentas rudimentares e madeira da região. O vinho produzido era praticamente todo extinto, de uva isabel e, aos poucos, iam sendo plantadas outras variedades americanas.

Alguns colonos conseguiram instalar seus alambiques rudimentares e já se iniciara a produção da primeira graspa-bagacera, que logo passou a ser comercializada pelos imigrantes junto ao vinho.

O entusiasmo era muito grande e, seguramente, a videira foi o balsamo e o reencontro do imigrante com sua terra de origem, que lhe deu animo e vontade para construir aqui a nova Pátria.

Os vinhedos, no início, eram pequenos porque a mão de obra era escassa na época em virtude das famílias serem jovens e pequenas, tinha de ser utilizada prioritariamente para a derrubada da mata, a construção de novas casas , benfeitorias, igrejas, moinhos coloniais, estradas e produção de gêneros alimentícios como trigo, feijão, cevada, batatas, hortaliças e criação de animais como aves, suínos e gado leiteiro.

A madeira era serrada à mão, e o telhado de tabuinhas (SCANDOLE), obtida de toras de pino, rachadas à mão com ferramentas especiais eram plainadas a um cumprimento de 60 centímetros.

Com o aumento das famílias, a melhoria das condições de vida e o desenvolvimento da promissora cultura da videira tornou-se necessária e possível a construção de novas casas, com maior espaço e mais comodidade. Continuavam sendo de madeira serrada e coberta de tabuinhas, tendo entretanto uma nova figura: o porão e algumas casas, o sótão, para guardar as sementes e as colheitas de cereais.
O porão teve como uma das causas preponderantes de seu surgimento, a elaboração, o envelhecimento e a guarda dos vinhos nas pipas.

A uva era colhida, colocada em balaios feitos pelo agricultor e esmagada, no inicio da colonização, com os pés, depois com esmagadores de madeira construídas por eles mesmos. A fermentação se processava em pipas de madeira instaladas no porão da casa e, todas as operações de vinificação eram feitas pela própria família.
Logo após o esmagamento da uva, o mostro doce era bebido por todos, inclusive pelas crianças. Também era muito habitual comer-se o pão molhado neste mostro doce da uva e não raro, reuniam-se as famílias, especialmente para comemorar a festa do pão e do vinho, aproveitando o mostro obtido das uvas mais precoces. Assim festejavam ” o vinho doce”.