Professor, atleta, vereador e ex-prefeito do município deixa legado como forma de inspiração para as próximas gerações

A comunidade bento-gonçalvense despediu-se, no início desta semana, do professor, atleta, vereador e ex-prefeito de Bento Gonçalves, Jauri da Silveira Peixoto, que faleceu aos 78 anos de idade no domingo à noite. O velório foi segunda-feira, 31, nas Capelas São José. Com uma ampla trajetória em diversos segmentos da sociedade, Peixoto levantou muitas bandeiras, contribuindo para o desenvolvimento da comunidade e deixando marcas nos lugares em que passou e nas pessoas com quem conviveu.Nas redes sociais, diversas homenagens foram prestadas por ex-alunos, lideranças empresariais, políticas e comunitárias, ressaltando a importância do trabalho desenvolvido.

O prefeito de Bento, Guilherme Pasin, decretou luto oficial de três dias no município. Na sessão da Câmara de Vereadores de segunda-feira, o plenário fez um minuto de silêncio como forma de prestar uma homenagem a Peixoto, que foi vereador por muitos anos.

Filho de Atalibio e Marieta Peixoto, viveu a infância e adolescência ao lado de seus pais e irmãos, João Alfredo Peixoto e Maria Iná (já falecida), em Vila Palmeira, no interior de Santo Antônio da Patrulha. Apesar de a comunidade ser pequena, sempre foi muito participativo em diversas ações, contribuindo para o desenvolvimento daquela localidade. Quando mudou-se para a Serra Gaúcha, fixou residência, pois, foi em Bento Gonçalves que conheceu sua esposa, Vera Maria. Desta união nasceram as filhas Juliana e Fernanda. Ele também era avô de Isabela e Luiza Peixoto Barbieri.

Trajetória educacional

Jauri sempre foi dedicado aos estudos. Passou parte da vida estudantil na Escola Estadual de Ensino Médio Ildefonso Simões Lopes, no município de Osório. Já em Bento Gonçalves, atuou como professor de matemática e foi delegado de Ensino da 16ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), entre os anos de 1983 e 1986. Exerceu a função de diretor nas escolas Estaduais Mestre Santa Bárbara (1973-1977) e Dona Isabel (1991-1993) e de professor no então Ginásio São Roque (hoje, Centro Universitário Cenecista).

Trajetória esportiva

Ao longo de mais de sete décadas de vida, Peixoto carregava a paixão pelo futebol. Deixou Santo Antônio da Patrulha, aos 23 anos, para jogar no Clube Esportivo de Bento Gonçalves, em 1965. Antes, na cidade natal, jogou no Clube Esporte Grêmio Esportivo Liberdade, como zagueiro, e também pelo Esporte Clube Jaú, na mesma posição, por dois anos. Após, junto com outros três atletas, foi trazido para a Capital do Vinho para atuar pelo alviazul

Com a camisa azul e branca foi campeão da Divisão de Ascenso de 1969, integrando o elenco que levou o time à primeira divisão do futebol gaúcho. Jogou 192 partidas, no período de 1965 a 1972. Foi presidente e era atual membro do Conselho Deliberativo do clube. Integrou, de forma ativa e assídua, a comissão de produção do livro ‘Um Século Alviazul’, publicado em comemoração ao centenário do clube bento-gonçalvense. A obra foi lançada dia 28 de agosto, data de comemoração dos 101 anos de fundação do Tivo.

Trajetória política

Desde muito novo, Peixoto dava sinais que seguiria a carreira política, é o que salienta o irmão, João Alfredo. O professor foi liderança de destaque no meio político, tendo como principais bandeiras o esporte e a educação.

Atuou como vereador por cinco legislaturas (de 1977 a 1982; de 1983 a 1988; de 1993 a 1996; de 1997 a 2000 e de 2001 a 2004). Foi vice-prefeito de Bento Gonçalves no período de 2005 a 2008, ao lado de Alcindo Gabrielli. No ano de 2007, em virtude das férias de Gabrielli, assumiu o patamar mais elevado do governo municipal. Também atuou como secretário de Administração em 1977, e diretor de Gabinete, em 2013.

Ficam as boas lembranças…

“Agradecemos a comunidade de Bento, que recebeu tão bem o Jauri, neste período em que esteve aí como vereador, jogador, professor e vice-prefeito. Foi muito lisonjeiro por nós, de Santo Antônio da Patrulha”. João Alfredo da Silveira Peixoto, irmão

“Liderança do nosso município, Jauri foi atleta do Esportivo, vereador, vice-prefeito e, acima de tudo, alguém que deixa um legado de desenvolvimento para cidade. Pessoa de um carisma único, com o sorriso fácil e que deixará saudade”. Guilherme Pasin, prefeito

“Jauri da Silveira Peixoto foi um parlamentar na sua essência. Inteligência, habilidade e muita interlocução entre comunidade e Poder Público. Sabia como poucos defender os interesses da coletividade e fazer o difícil papel da representação. Deixa um legado que honra sua família e inspira o Parlamento Municipal. Que Deus conforte o coração dos familiares e amigos neste momento difícil de perda e dor”. Rafael Pasqualotto, presidente da Câmara de Vereadores

“Para nós é uma perda lastimável e irreparável, pois o convívio com o Jauri foi muito positivo em todos os sentidos. Falo pela experiência de ter acompanhado a trajetória dele junto conosco na parte do Conselho do Clube Esportivo. Ele sempre foi um cara propositivo, otimista, bem quisto, de uma cordialidade enorme. Fiquei muito triste quando tive a notícia e queremos expressar os sentimentos aos familiares, desejando muita força neste momento difícil”. Rogério Capoani, presidente do CIC-BG

“O Jauri foi muito especial na vida do Clube Esportivo. Ele teve uma participação muito ativa, inicialmente como atleta e também em algumas diretorias. Sempre foi uma pessoa muito equilibrada, ponderada para tomar decisões, buscando um consenso das melhores práticas. Mais recentemente, tivemos o projeto da construção do livro dos 100 anos. Jauri deixa um legado e serve de exemplo para outras lideranças que vão se constituir num futuro próximo”. Gilberto Durante, presidente do Conselho Deliberativo do Clube Esportivo

“Ele era um excelente jogador de futebol. Uma de suas melhores qualidades era a elegância e lealdade em campo, tanto com os colegas quanto com os adversários. Qualidades raras, principalmente na posição em que jogava. Na política, tenho muito pouco a falar. Via ele como uma extensão do jogador, pelos mesmos padrões de uma pessoa civilizada. Era muito batalhador, esforçado e autêntico. Se falava algo, cumpria”. Antônio Carlos Carli, comentarista esportivo em uma rádio da cidade, em meados de 1965

“Jauri chegou ainda novo no Esportivo. Desde cedo apareceu a liderança dele como gente, como amigo e como capitão da equipe, por muito tempo. Como atleta, uma pessoa exemplar, que honrou a camisa do time. Sempre foi um líder dentro do esporte, assim como na comunidade”. Ademar de Gasperi, ex-atleta do Esportivo

“Joguei com ele no Esportivo durante sete anos. Uma pessoa muito excelente, o amigo que, olha… estou sentindo muito a falta dele. Foi um dos primeiros amigos que tive quando cheguei em Bento. Era um camarada incomparável, qualquer coisa que necessitasse de ajuda, era um companheiro, bom jogador. Fará muito falta para o futebol, mesmo que estivesse aposentado. Foi como se eu tivesse perdido um irmão”. Décio Frozzi, artilheiro pelo alviazul na década de 70

“O Jauri foi um grande amigo pessoal e familiar. Um profissional responsável. Politicamente, foi meu companheiro em duas legislaturas, muitos projetos foram feitos, visando o bem da comunidade. Lamento profundamente a perda, porque creio que ele tinha muitas coisas para fazer ainda”. Itacyr Giacomello, amigo

“Muitos falam do Jauri como liderança política. Eu nunca o vi assim. Para mim, ele foi o ser humano mais politizado e afetuoso que conheci na adolescência. Nos tornamos colegas de profissão, com o passar do tempo. Conversamos muito durante todos esses anos. Sempre ficava encantada pelos seus olhos e seu sorriso largo. Vá olhar novos horizontes, professor. Gratidão sempre”. Neusa Maria Ferrari, professora e aluna de Jauri

Texto: Com colaboração de Cleunice Pellenz