O Brasil registrou no ano passado 59.103 vítimas de assassinato – uma a cada nove minutos, em média, de acordo com um levantamento feito com base nos dados oficiais dos 26 Estados e do Distrito Federal. O número contabiliza todos os homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, que, juntos, compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais.

Houve um aumento de 2,7% em relação a 2016, quando foram registradas 57.549 vítimas no País. Como parte dos dados de 2017 será revisada e Estados como Tocantins e Minas Gerais dizem que o balanço completo não está fechado, a tendência é que esse crescimento seja ainda maior. Além disso, em muitos Estados os casos de morte em decorrência de intervenção policial não entram na conta de homicídios – ou seja, é seguro dizer que a estatística passa dos 60 mil (só no RJ, por exemplo, houve 1.124 casos do tipo no ano passado).

Quem mata e por quais motivos

É consenso entre a maioria dos especialistas ouvidos que o perfil de quem mata é parecido com o perfil de quem morre. Em geral, apontam, são homens negros de baixa renda, com baixa escolaridade, com até 29 anos, e moradores da periferia – especialmente locais onde o Estado é ausente e não atua com políticas públicas.

Os especialistas afirmam ainda que as mortes costumam ter alguma relação com o tráfico de drogas. Para eles, o aumento no número de crimes violentos está ligado ao fortalecimento e às brigas de facções criminosas. As mortes também são facilitadas pela crescente oferta e circulação de armas de fogo, dizem.

Poucas mortes são esclarecidas. Na maioria dos casos, não há autor do crime identificado, denunciado ou condenado. Os especialistas afirmam que o governo precisa investir mais em prevenção, inteligência e investigação.

Também foram consultados secretários da Segurança Pública ou pessoas indicadas pela pasta. A maioria também culpa o tráfico de drogas e as organizações criminosas pelo crescimento no número de mortes. A impunidade é bastante mencionada como um dos estímulos para mais violência.

Resultados

O levantamento revelou que a taxa de mortes a cada 100 mil habitantes no País subiu e está em 28,5. O número de homicídios e de lesões corporais seguidas de morte cresceu, mas o de latrocínio (roubo seguido de morte) caiu. O Ceará é o Estado que teve o maior crescimento de mortes tanto em número absoluto (1.677 mortes a mais em um ano) quanto percentualmente (48,5%). O Rio Grande do Norte é o que tem a maior taxa de mortes: 64 a cada 100 mil pessoas.