Não acho que o ano de 2020 tenha passado muito rápido, inclusive era ano bissexto. Mas o tempo é a escória quando se trata de desculpas de fachada. “Semana que vem já é Natal, acredita?” E esse era o anzol que puxava os assuntos a fim de não tocar em tramas delicadas ou prolongar a prosa falando sobre todos os perrengues que estavam presos na garganta. Porque estávamos cansados de ouvir, tentar entender e exercitar a empatia. Mas queríamos aconselhar, como sempre, é fácil dar pitaco na vida dos outros. Enfim, as palavras vácuo e desinteresse foram oficialmente atualizadas em 2020.Acho que por motivos que não são desconhecidos, como a pandemia, a desestruturação emocional, a crise sanitária e econômica, nosso sistema simplesmente bugou e acionou o piloto automático.Não sou uma pessoa muito organizada, apesar de ser rotineira, gostar de horários e tentar ser pontual. Então nunca tive o hábito de criar metas de ano novo e dizer que a partir do dia 1º eu faria tal coisa diferente, colocar as coisas no papel, uma data para realizar algo – inclusive, admiro, parabéns. A mudança não sabe que horas são, ou em que ano estamos. O calendário foi criado para organizar o tempo, acompanhar e registrar a evolução e comemorar em datas fixas. Done.
Mas pela escusa de que o ano passou rápido demais, não planejei meu 2021, nem criei metas, nem pensei nas coisas que queria mudar. Tomei algumas decisões que ainda não me são definitivas, por motivos óbvios também, como a rematrícula do curso universitário. Estou só esperando para colocar a culpa em mim mesma quando perder o prazo da e me arrepender ou ficar lamentando falsamente. Fora isso, só pensei nesse meu arrastado período de férias em que me encontro, e minha única preocupação é como aproveitar sem vegetar usando drogas lícitas confinada em casa.Infelizmente esse vai parecer um textão de gratidão pelo ano que passou, mas não é. Hipócrita seria eu se não dissesse que tenho muitas coisas para agradecer, por ser uma das seguidoras – não tão fieis – do “GRATITUDE”, apesar de ter um ranço pela palavra em si.Mas também tenho do que reclamar, como todo ser humano. Fiz alguns pequenos avanços, mas muitos retrocessos, que devem ser avaliados e trabalhados agora. Pelo menos tenho consciência disso? Gratidão! Uma pena ser a única responsável pela minha mudança? Oremos!Apesar de ter passado as festas de fim de ano muito bem pelas circunstâncias, foi no automático, não senti nenhuma boa nova se aproximando, nem fogos de artifícios dentro do peito, nem a renovação do Natal. Foram compras de presentes para agradar, overdose de comida boa, ‘chope i dança’, com a família e poucos bons amigos.Mas não estou pessimista. Estou prática. Não sei o que esperar, porque não controlamos as variáveis. Mas posso parar de me deixar levar pelas circunstâncias e fazer da minha voz, a voz ativa. Não é bem uma promessa, porque eu posso perder o prazo dessa também, mas se ano passado eu morri, esse ano eu não morro¹.


AmarElo – Emicida¹