Desculpe o título pouco inspirador desta crônica, mas depois da discussão ridícula que assisti ontem à noite entre um pai e seus filhos, não me ocorreu um título melhor do que este.

Num mundo de comportamentos esteriotipados, de sociedade sem rumo, de famílias de composições, decomposições e novas composições…

Num tempo de lares caóticos e disfucionais, de superproteção e afeto doentio, parece que boa parte da responsabilidade disso tudo é de alguns pais.

A responsabilidade é dos país por “terceirizarem” os filhos em creches, escolinhas, babás eletrônicas e outros cuidadores.

A responsabilidade é dos pais por encurtarem cada vez mais a infância dos filhos. Meninas pré-adolescentes já consomem cosméticos e desfilam de minissaia pelos shoppings centers da vida.

A responsabilidade é dos pais por não se contentarem mais em gerar filhos, agora querem também parir seus destinos.

A responsabilidade é dos pais por estimularem os filhos a pensar que podem salvar o mundo, mas não os ensinam a recolher o papel de chocolate atirado no meio do chão.

A responsabilidade é dos pais por não haver mais fadas no jardim, monstros no porão e bruxas no sótão que povoavam a imaginação dos filhos e os preparavam para enfrentar a vida adulta.

Pode parecer cruel isso que estou dizendo, mas geralmente a responsabilidade é dos pais…

A responsabilidade é dos pais por viverem passando a mão na cabeça dos filhos quando estes se comportam mal na escola, fazem birra e se envolvem em confusões.

A responsabilidade é dos pais por educarem os filhos com um cardápio eletrônico: TV, jogos de computador, DVD’s, celulares, filmes, vídeogames…

A responsabilidade é dos pais por criarem os filhos com orelhas sorridentes e cérebro de pudim, ao investir mais nos pés do que na cabeça deles. Dão aos filhos tênis de R$ 300,00, mas se negam a dar um livro de R$ 30,00.

A responsabilidade é dos pais pela obesidade dos filhos, considerada uma epidemia global, ao incentivar o consumo de junk food e liberar pizza, hamburger, pastel, batata frita, refrigerante e todo tipo de porcaria, todo santo dia.

Alguns pais sabem muito pouco ou quase nada sobre o jeito “criança” de crescer e o jeito adolescente e saudável de ser.

A responsabilidade é dos país pelos filhos mini-executivos: escola, aula de inglês, cursinhos, aula de tênis, professor particular. Tudo isso roubando espaço na agenda para pular, brincar, sonhar e curtir o tempo da infância.

A responsabilidade é dos pais pelos filhos indisciplinados que não sabem impor limites com hora para acordar, estudar, brincar, comer, tomar banho e dormir.

A responsabilidade é dos país pelos filhos confusos e mal-educados. Ao invés de dar bons exemplos, vivem passando mensagens duplas. Dizem aos filhos para obedecerem as leis, mas lhes emprestam o carro, mesmo sendo menores de idade. Dizem aos filhos para não usarem drogas, mas bebem cerveja e fumam logo em seguida na frente deles.

A responsabilidade é dos pais por superprotegerem os filhos, impedindo-os de se desenvolverem nas esferas física, cognitiva e afetivoemocional.

Talvez nem sempre a responsabilidade seja dos pais, mas o dever em oferecer a eles a oportunidade de evoluir e definir um bom parâmetro educacional e moral, sim.