Conheça a história dos principais nomes da saga farrapa, envolvidos na mais longa revolução travada em solo brasileiro – de 1835 a 1845.

O Semanário preparou um resumo com a biografia de alguns dos principais nomes da Revolução para você ficar por dentro da história neste 20 de setembro, dia dedicado ao gaúcho e suas façanhas.

Bento Gonçalves da Silva (1788-1847)

Militar e revolucionário brasileiro, foi eleito Presidente da República Rio-Grandense, pela maioria das câmaras municipais da província. Nascido em Bom Jesus do Triunfo, Rio Grande do Sul, no dia 23 de setembro de 1788, ele era o décimo filho do casal Joaquim Gonçalves da Silva e Perpétua Meireles.

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Em 1811, participa da primeira invasão na Província Cisplatina. Em 1814, casa-se com a uruguaia Caetana Garcia, com quem teve oito filhos. Em 1816, participa da tropa enviada para combater os homens de Artigas que violaram a fronteira do Brasil. Bento é designado capitão de guerrilha.

Pelos serviços prestados nas guerrilhas, recebe de D.Pedro I o posto de coronel das milícias e é nomeado comandante da fronteira sul do país. Sua destituição desse cargo foi o estopim da Revolução Farroupilha, em 1835. Bento entra em Porto Alegre e derruba o presidente da província, Antônio Fernandes Braga. No mês seguinte enfrenta as tropas regenciais, é derrotado e preso. Mandado para a Bahia, é encarcerado no Forte do Mar.

No ano seguinte, com a ajuda de liberais baianos, Bento Gonçalves foge do cárcere e volta para o Rio Grande do Sul. É aclamado presidente da República Rio-Grandense, mantendo-se até fevereiro de 1845. Bento morre em Pedras Brancas, Rio Grande do Sul, no dia 18 de julho de 1847.

David Canabarro (1796 – 1867)

Militar brasileiro, nascido em Taquari, David Canabarro foi soldado em prol da anexação da Banda Oriental, início do século XIX, quando recebeu o batismo de fogo. Suas atitudes fizeram com que fosse promovido ao posto de alferes, cargo que na época era de grande distinção.

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Durante 17 anos, Canabarro passou a viver em guerras, onde sempre demonstrou coragem e bravura ímpar. Tomou parte da batalha de Ituazinho, onde lutou contra os cavaleiros de Lavaleja, pela independência do Uruguai.
Em seguida, voltou às atividades agrárias até a data de 11 de setembro de 1835, quando Antônio Netto estendeu a proclamação da liberdade à província de São Pedro do Sul.

Foi um dos chefes assumindo o comando do exército revoltoso até 1845, na guerra que formou a República Rio-Grandense. Novamente perseguido, Canabarro empunhava armas, saindo para o campo de combate, onde em Herval desbarata as forças de Silva Tavares, combatendo depois ao lado de Garibaldi, enfrentando as batalhas de Ponche Verde e Porongos. Derrotado, conseguiu permanecer em seus postos, todos os oficiais revolucionários. Canabarro faleceu em Santana do Livramento em 12 de outubro de 1867.

Giuseppe Garibaldi (1807 – 1882)

Guerrilheiro e militar italiano, participou do movimento nacionalista “Jovem Itália” que pretendia a unificação de toda a península sob a forma de república.

Em 1834, lidera uma conspiração em Gênova, com o apoio de Mazzini. Derrotado, é obrigado a exilar-se em Marselha, condenado à morte foge para o exílio no Brasil. Em 1835 desembarca no Rio de Janeiro, onde já se encontravam outros exilados. Em 1836, segue para o Rio Grande do Sul, onde luta ao lado dos farroupilhas na Revolta dos Farrapos e se torna mestre em guerrilha.

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Três anos depois, Giuseppe vai para Santa Catarina auxiliar os farroupilhas a conquistar Laguna. Lá, conhece Ana Maria Ribeiro da Silva, que também lutava na revolução. Voltou para a Itália, em 1847, e integrou-se às tropas do papa e do rei Carlos Alberto da Sardenha, que pretendia expulsar os austríacos e libertar a Itália dos estrangeiros. Derrotado, voltou para Nice, ao encontro de Anita e de seus três filhos. Em 1849, Garibaldi e Anita seguem para os combates em Roma, mas são perseguidos durante longa fuga, próximo de Ravenna, a caminho de Veneza.

Em sua última campanha, lutou ao lado dos franceses em 1870 e 1871, na guerra franco-prussiana. Volta para Caprera, onde morre no dia 2 de junho de 1882.

Antônio de Souza Netto (1801 – 1866)

General que prestou serviços à Integridade e a Soberania do Brasil nas guerras da Cisplatina, contra Aguirre e da Tríplice Aliança contra o Paraguai.

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Na Revolução Farroupilha, foi a segunda figura militar, depois de seu grande amigo, o general Bento Gonçalves. Iniciou na Guerra dos Farrapos, em 1835, como capitão da Guarda Nacional, passando ao posto de general da República.

Foi cavaleiro e tornou-se o maior líder de combate da Cavalaria da República Riograndense. Comandou a Brigada Liberal no combate de Seival, de 10 de setembro de 1836, o maior feito das armas dos republicanos, que criou condições para ele proclamar a República Riograndense.

No Seival recebeu o reforço do Corpo de Lanceiros Negros, recém-criado. Netto desempenhou por largo tempo, até a fuga de Bento Gonçalves da Bahia, as funções de Comandante- Chefe do Exército interino. Netto faleceu na cidade de Corrientes em 10 de julho de 1866.

Domingos José de Almeida (1797 – 1871)

Charqueador, intelectual e homem de negócios, foi o principal ideólogo do movimento revolucionário. Após a proclamação da República Rio-grandense foi ministro da Fazenda. Nascido em Diamantina, Minas Gerais, em nove de julho de 1797, veio ao Rio grande do Sul em 1819 para reunir tropas de mulas e levá-las até Sorocaba, mas acabou se estabelecendo em Pelotas. Empresário bem sucedido, além de dono de uma companhia de navegação com veleiros que transportavam produtos para as províncias do norte, tornou-se o mais próspero entre os charqueadores.

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Foi um dos que convenceu Antônio de Souza Netto a proclamar a República, em 11 de setembro de 1836. Junto com Gomes Jardim, assinou um decreto que criou a bandeira oficial Farroupilha. Em 1838 se empenha na compra de uma tipografia, colocando o jornalista italiano, Luigi Rosseti, como editor de “O Povo”. Da riqueza de Domingos José de Almeida e da sua senzala, onde moravam centenas de escravos, nasceu um dos corpos de combatentes mais destacados da Revolução Farroupilha, os “Lanceiros Negros”, que foram liderados pelo coronel Teixeira Nunes. Domingos José de Almeida faleceu no dia seis de maio de 1871, em Pelotas.

José Mariano de Mattos (1801 – 1866)

Carioca e republicano, formado pela Escola Militar, foi soldado voluntário no 1º corpo de artilharia de posição, em 2 de agosto de 1822. Foi nomeado cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro, em 17 de outubro de 1830, pelos serviços prestados à independência do Brasil.

Foi transferido para o Rio Grande do Sul, em 1830. Em 1833, major comandante do corpo de artilharia a cavalo, liderou, junto com João Manuel de Lima e Silva, os protestos populares, contra a Sociedade Militar, cuja filial tinha sido recém criada em Porto Alegre. A sociedade era suspeita de simpatizar com a restauração de D. Pedro I e não era vista com bons olhos pelos estancieiros. Abafada a rebelião, foi afastado do comando pelo governador José Mariani. Seguiu então para a corte, onde expôs aos regentes, entre eles seu irmão mais velho Francisco Mariani, a situação de conflito da província, o que levou, entre outras coisas, à renuncia do presidente da província.

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Foi deputado provincial eleito na primeira Legislatura da Assembleia Provincial. Esteve presente na sessão de 18 de setembro de 1835 da Loja Maçônica, que decidiu iniciar a Revolução Farroupilha.

Na República Rio-grandense, para cuja adoção influiu decisivamente, depois da vitória da Batalha do Seival, em 10 de setembro de 1836, pela Brigada Liberal de Antônio de Sousa Netto, foi ministro da Guerra e da Marinha, vice-presidente da República e presidente da república interino, em substituição a Bento Gonçalves, de 23 de novembro de 1840 a 14 de março de 1841. Autor do brasão que foi adotado para o Rio Grande do Sul pelos constituintes de 1891.

Próximo do final da revolução foi preso em Piratini, junto com o coronel Joaquim Pedro, por Chico Pedro, o Moringue, e encarcerado em Canguçu, na cadeia que Moringue mandara construir como “quarto de hóspedes para os farrapos”, como ironicamente divulgava.

Finda a revolução, foi ajudante-geral do Duque de Caxias durante a guerra contra Oribe e Rosas entre 1851 e 1852 e, ao retornar ao Rio de Janeiro, retomou sua carreira. Foi Ministro da Guerra do Império em 1864. Foi o farrapo que chegou mais alto na hierarquia militar do Império, como general, sendo ministro do Conselho Supremo Militar ao falecer.

Afonso Corte Real (1805 – 1840)

Foi um militar e revolucionário brasileiro. Combateu na Guerra Cisplatina como cadete, participando da Batalha do Passo do Rosário, que resultou na independência do Uruguai. Participou na Revolução Farroupilha, como um dos mais ativos combatentes e quando Bento Manuel Ribeiro aderiu pela primeira vez ao Império, foi feito coronel da Guarda Nacional e saiu em seu encalço com o cunhado major João Manuel de Lima e Silva.

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Participou de diversas ações como a Batalha do Seival. Foi preso da Batalha do Fanfa e levado ao Rio de Janeiro como prisioneiro. Recluso no forte de Santa Cruz fugiu um ano depois em companhia do Coronel Onofre Pires.

Foi morto aos 34 anos numa emboscada no arroio Velhaco, na casa da fazenda de Marcos Alves Pereira Salgado, por uma força imperial, comandada por João Patrício de Azambuja. Corte Real teria reagido e sido morto com um tiro na testa. Outra versão menciona que confundiu a partida como sendo amiga e foi morto com um tiro de flanco que lhe atravessou os pulmões.

José Gomes Vasconcelos Jardim (1773 – 1854)

Fazendeiro, maçom, médico-prático e militar brasileiro. Foi presidente da república Rio-grandense durante a Revolução. Era casado com Isabel Leonor Ferreira Leitão.

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Participou da Revolução Farroupilha desde o início. Foi na Estância das Pedras Brancas que foi planejado o ataque à Porto Alegre, dando início à guerra.

Depois da prisão de Bento Gonçalves na ilha do Fanfa, Gomes Jardim assumiu a presidência da República Rio-Grandense interinamente. Foi em sua casa em Guaíba (que na época pertencia a Triunfo) que faleceu o general Bento Gonçalves, em 1847.

 Onofre Pires (1799 – 1844)

Combateu com o Regimento de Cavalaria de Milícias de Porto Alegre pela integridade do Rio Grande do Sul, nas guerras contra Artigas e pela do Brasil, na Guerra Cisplatina. Na Revolução Farroupilha foi dos mais ativos e atuantes coroneis.

Coube a ele comandar as forças que deram início à Revolução Farroupilha na noite de 19 de setembro de 1835 que criou condições para a conquista de Porto Alegre em 20 de setembro de 1835, com a entrada nela do líder politico-militar da revolução, e seu primo, o coronel Bento Gonçalves.

Em 22 de abril de 1836, num dos episódios mais negros de sua biografia, Onofre Pires derrota em Mostradas, os legalistas comandados pelo capitão Francisco Pinto Bandeira, porém ordena o fuzilamento de todos prisioneiros.

Em outubro de 1836, Onofre Pires foi preso na batalha do Fanfa, junto com Bento Gonçalves. Foi levado como prisioneiro ao Rio de Janeiro, preso no forte de Santa Cruz, fugiu um ano depois em companhia do capitão José de Almeida Corte Real. Em 1844, desgastados por tanto tempo de guerra, Bento e Onofre entraram em linha de colisão. A partir daí, Onofre Pires falava abertamente no seio da tropa tudo o que sentia em relação ao primo.

Bento, em carta, pediu que Onofre confirmasse ou não, por escrito, as acusações ofensivas à sua honra feitas em presença de terceiros. Onofre logo respondeu confirmando, abrindo mão de suas imunidades parlamentares e colocando-se à disposição de Bento para um duelo, hipótese desejada por Onofre Pires, que levava grande vantagem por seu porte atlético e por ter dez anos de idade a menos do que Bento (44 contra 54 anos). Bento Gonçalves procurou Onofre Pires e o desafiou para o duelo, que aconteceu no dia 27 de fevereiro de 1844, nas margens do rio Sarandi, em Santana do Livramento. Onofre foi atingido no antebraço direito, fato que interrompeu o duelo.

Onofre Pires morreu quatro dias depois, em consequência de gangrena, e um ano antes do término da Revolução.

Joaquim Teixeira Nunes (Falecimento em 1844)

Republicano, participou da Revolução Farroupilha, tendo combatido em Rio Pardo em 1838 e em seguida, participou da expedição à Laguna, em 1839, que culminaria com a formação da República Juliana. Ali, conheceu o revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi.

Em companhia de Garibaldi, Luigi Rossetti e Anita Garibaldi, ao retornar da malograda expedição à Laguna, derrotou em Bom Jesus a Divisão Paulista – ou da Serra – ao comando do brigadeiro Francisco Xavier da Cunha, enviada de São Paulo para lutar contra os farroupilhas. Tomou parte do indeciso combate de Taquari, no qual comandou uma brigada ligeira de cavalaria. Depois, sob o comando de Bento Gonçalves, se destacou no ataque a São José do Norte.

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Foi o segundo comandante do Corpo de Lanceiros Negros, constituído de escravos libertos. Era considerando o maior lanceiro de sua época. Era também reconhecido como líder abolicionista e defensor dos direitos dos negros.

No Massacre dos Porongos, seus lanceiros negros teriam sido traídos e mortos. Foi derrotado e ferido no Arroio Chasqueiro, na Batalha de Arroio Grande, em 26 de novembro de 1844 – último combate farroupilha em território Riograndense. Impossibilitado de defender-se apos ter sido seu cavalo boleado (derrubado com boleadeiras), foi lancetado pelo alferes Manduca Rodrigues, que lutava pelos imperiais comandados pelo Moringue.

Ao fim foi degolado por Eliseu de Freitas. Seu cavalo encilhado foi vendido ao cabo Mariano e o relógio, com uma grossa corrente de ouro, ao Capitão Carneiro. A vida de Teixeira Nunes chegou ao fim na Batalha do Chasqueiro, em Arroio Grande, a cerca de 90 quilômetros de Pelotas.

Antônio Vicente da Fontoura (1807-1860)

Negociante ligado aos interesses agropecuários do Rio Grande do Sul, Fontoura estava entre os maiores críticos da política econômica do então governo central brasileiro, que favorecia as zonas exportadoras de commodities tropicais em detrimento do modelo gaúcho de produção, voltado quase que exclusivamente às necessidades do mercado doméstico. Além disso, na condição de maçom e de admirador de Jean-Jacques Rousseau e Voltaire, nutria forte antipatia pelo regime monárquico brasileiro.

Com a deflagração da Guerra dos Farrapos, em 20 de setembro de 1835, aderiu imediatamente às forças farroupilhas, e assumiu o comando das milícias revolucionárias de Cachoeira do Sul. Em 29 de setembro de 1835, à frente de 200 homens da Guarda Nacional, participou do cerco de Rio Pardo, forçando a capitulação do comandante legalista José Joaquim de Andrade Neves. Em 3 de novembro de 1835, tornou-se correspondente do recém-criado jornal farroupilha “O Mensageiro”.

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Proclamada a República Rio-Grandense em 11 de setembro de 1836, Fontoura continuou a participar da campanha militar, incluindo ações nos municípios de Piratini, Caçapava do Sul e São Gabriel. Em 1838, foi nomeado chefe de polícia da comarca de Rio Pardo e coletor-geral de impostos. Em 1839, assumiu o comando-geral da região das Missões, com sede em Cruz Alta.

No início de 1841, Fontoura chefiou a missão diplomática da República Rio-Grandense a Montevidéu, ocasião em que selou aliança entre os farroupilhas e o líder uruguaio Fructuoso Rivera, de quem se tornaria amigo pessoal. Nomeado Ministro da Fazenda em setembro de 1841, promoveu o saneamento das contas da República e concentrou verbas no esforço de guerra — em contraste com a política orçamentária menos pragmática de seu antecessor, Domingos José de Almeida.

Em 1842, Fontoura foi eleito deputado à Assembleia Constituinte do Alegrete com 2.474 votos. No parlamento rio-grandense, tornou-se líder do bloco de oposição ao núcleo militar da revolução, encabeçado por Bento Gonçalves e Antônio de Souza Netto. Apesar de suas convicções republicanas, Fontoura não era defensor da manutenção da guerra e da independência do Rio Grande do Sul a qualquer custo. Convenceu-se de que esforço diplomático seria preferível à escalada militar do conflito, o que poderia agravar ainda mais o frágil quadro econômico gaúcho.

Em fins de 1844, Fontoura foi escolhido pelo governo rio-grandense para conduzir as negociações de um tratado de paz com o governo central brasileiro. Enviado ao Rio de Janeiro, conseguiu negociar as cláusulas que permitiriam a reintegração pacífica e honrosa do Rio Grande do Sul ao Brasil. Durante sua permanência na então capital imperial, de 12 a 20 de dezembro de 1844, Fontoura — não obstante os objetivos conciliadores da missão que chefiava — fez questão de recusar participação em cerimônia de beija-mão ao Imperador Pedro II. Em seu diário, Fontoura observa que “ele [Pedro II] veio hoje [15 de dezembro de 1844] à corte para dar-me beija-mão; recusei e continuarei a recusar enquanto não for brasileiro”.

De regresso ao Rio Grande, Fontoura buscou convencer as lideranças locais e militares a aceitar os termos da paz. Concluída em 1º de março de 1845, a Paz de Ponche Verde proibiu punições ou retaliações aos líderes republicanos, concedeu compensações financeiras para o Rio Grande do Sul e garantiu a emancipação de todos os escravos que serviram no Exército Rio-Grandense. Fontoura presidiu a comissão responsável pelo pagamento das reparações aos farroupilhas entre 1845 e 1847.

Terminada a revolução, Fontoura voltou a dedicar-se ao comércio e à política em Cachoeira do Sul. Chefe local do Partido Liberal, foi reeleito vereador e presidiu a Câmara Municipal entre 1853 e 1856. Nesse período, foi condecorado pelo governo imperial com a ordem de Cristo no grau de comendador. Embora não tenha recusado a condecoração, jamais a utilizou. Durante as eleições municipais de 8 de setembro de 1860, foi vítima de atentado, em plena Igreja, hoje Catedral, de Nossa Senhora da Conceição, falecendo algumas semanas mais tarde em decorrência dos ferimentos sofridos.

Bento Manuel Ribeiro (1783 – 1855)

Em 1 de dezembro de 1800 alistou-se no regimento de milícias de Rio Pardo. Fez a campanha de 1801 como soldado, acompanhado de seu irmão capitão Gabriel Ribeiro de Almeida. Comandado pelo coronel Patrício Correia da Câmara, participou da expulsão dos espanhóis de Batovi e da fortaleza de Santa Tecla.

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Participou nas campanhas da Primeira campanha cisplatina (1811-1812), como furriel, sendo promovido a tenente em 1813. Na Guerra contra Artigas iniciou servindo sob o comando do general Joaquim Xavier Curado.

Durante a Guerra dos Farrapos trocou de lado duas vezes, terminando ao lado dos imperiais. Foi descrito como fiel da balança do conflito. Durante a Revolução Farroupilha, na Guerra Grande, dirigiu os Farroupilhas à disposição de Fructuoso Rivera.

Casou-se em Caçapava do Sul a 15 de setembro de 1807 com Maria Manso da Conceição, filha de Antônio Monteiro Manso e de Ana Maria Martins. Era avô de Bento Manuel Ribeiro Carneiro Monteiro, prefeito do Distrito Federal e comandante militar.

Bento Manuel Ribeiro faleceu em Porto Alegre, em 1855, rico estancieiro. Seu túmulo se encontra na entrada do Cemitério de Uruguaiana.

Anita Garibaldi (1821-1849)

Considerada a “Heroína dos Dois Mundos”. Recebeu esse título por ter participado no Brasil e na Itália, ao lado de seu marido Giuseppe Garibaldi, de diversas batalhas. Lutou na Revolução Farroupilha (Guerra dos Farrapos), na Batalha dos Curitibanos e na Batalha de Gianicolo, na Itália.

Nascida em Laguna, Santa Catarina, no dia 30 de agosto de 1821e de família portuguesa, veio dos Açores para Santa Catarina. Filha de Maria Antônia de Jesus e Bento da Silva, modesto comerciante da cidade de Lages.

Com a morte de seu pai, Anita foi obrigada a casar com o sapateiro Manuel Duarte de Aguiar. No dia 30 de agosto de 1835, com apenas 14 anos, casa-se na Igreja Matriz de Santo Antônio dos Anjos. O casamento durou apenas três anos, o marido se alistou no exército imperial e Anita voltou para casa de sua mãe.

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Em 1835, desembarca no Rio de Janeiro, o guerrilheiro italiano Giuseppe Garibaldi. Nesse mesmo ano participa da Revolução Farroupilha (Guerra dos Farrapos), onde conheceu Anita Ribeiro da Silva, que também lutava na revolução. Anita, já unida a Garibaldi, participou ativamente do combate em Imbituba, Santa Catarina e da batalha de Laguna onde carregou e disparou um canhão.

Durante a Batalha de Curitibanos, Anita foi capturada pelas tropas do Império. Grávida de seu primeiro filho, foi informada que seu marido havia morrido. Inconformada, conseguiu fugir a cavalo e saiu a sua procura, localizando o marido na cidade de Vacaria. O casal teve mais dois filhos. Em 1842 casam-se na paróquia de San Bernardino. No mesmo ano eclodiu a guerra contra a Argentina, onde Garibaldi comandou a frota uruguaia.

Em 1847, Anita acompanha o marido, que volta para Itália, levando seus três filhos. Giuseppe permanece em Roma onde se realizavam as primeiras manifestações públicas que resultariam nas lutas pela unidade e independência da Itália. Anita e seus filhos seguem para Nice, na França. Depois de vários combates, Garibaldi viaja para Nice, onde se encontra com Anita, seus filhos e sua mãe.

Em 1849, Garibaldi e Anita seguem para os combates em Roma, mas são perseguidos e durante a fuga, próximo a província de Ravenna, Anita é acometida por febre tifoide e não resiste. Anita Maria de Jesus Ribeiro morre no dia 04 de agosto de 1849.

Inácio José de Oliveira Guimarães (1800-1850)

Foi um político e fazendeiro brasileiro. Casou com Teresa da Silva Santos e mais tarde com Perpétua Justa Gonçalves, filha do General Bento Gonçalves. Foi chefe de polícia e líder político no Boqueirão. Durante a toda Revolução Farroupilha deu apoio logístico aos farrapos, através dos escravos, fornecendo cavalos e gado, construção e reparo de barcaças e lanchões.

Foi eleito deputado na Assembleia Constituinte e Legislativa Farroupilha, em 1842. Era também 4º vice-presidente da República Rio-Grandense.