Em Bento Gonçalves, muitas empresas relataram aumento na procura por antitérmicos, analgésicos, polivitaminícos e ansiolíticos

A pandemia da Covid-19 e a necessidade de isolamento social impulsionaram o e-commerce de um modo geral. Mesmo com as lojas físicas abertas para a população, a indústria farmacêutica acompanhou a onda de crescimento de compras virtuais durante esse período. Segundo a Associação Brasileira das Redes de Farmácias (Abrafarma), entre fevereiro e março de 2020, as vendas de e-commerce subiram 85,36%. No acumulado de janeiro a abril, o crescimento foi de 72% em relação ao mesmo período de 2019.

Flexibilização da legislação e o medo da exposição ao vírus são fatores determinantes para o aumento
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Serviços de farmácia online, que ainda sofriam para convencer os clientes a comprar pela internet, viram altas em alguns destes meses de pandemia. Dois fatores foram determinantes para este aumento: a flexibilização da legislação para a venda de medicamentos controlados e o medo da exposição ao vírus.

Muitos consumidores idosos, por exemplo — um dos principais públicos atendidos pelo setor –, estavam impossibilitados de sair de casa. Assim, os negócios precisaram encontrar alternativas. Em Bento Gonçalves, muitas farmácias se adaptaram e mudaram a forma de captação de pedidos. As empresas também estão apostando na integração entre os canais de vendas (site, aplicativo, telefone e WhatsApp).

A farmacêutica e proprietária da Prima Pharma, Magali Comiotto Sartor, afirma que o serviço é recente. “No início (da pandemia), atendíamos cerca de 20 clientes via aplicativo, hoje são 60. Muitas vezes não damos conta”, conta. As buscas refletem ainda parte do cenário da pandemia, como a procura por remédios relacionados a sintomas gripais, como os antitérmicos e analgésicos, e até mesmo por polivitamínicos e ansiolíticos. “As pessoas estão cada vez mais ansiosas, vemos até na forma de encomenda, com urgência”, sublinha Magali.

Outra farmacêutica, que preferiu não se identificar, reitera que, por ser bairro, as vendas aumentaram. “As pessoas vêm menos, mas gastam. Preferem ter a “farmacinha” em casa”, observa. O que ficou claro para todas é que o online veio para ficar.

Queda nas vendas no ano

Apesar de o setor ser considerado essencial, as compras em farmácias diminuíram. Em abril deste ano, a venda em lojas físicas, no Brasil, foi 3,6% menor ao comparar com o mesmo período de 2019. Em relação a março deste ano, o faturamento total teve queda de 22%. Especialistas apontam que o comportamento do consumidor sempre foi presencial, e poucas empresas apostaram no investimento online, que agora se mostra necessário.

O “novo normal” nas farmácias

Após a “corrida às farmácias”, o próximo passo do setor farmacêutico dependerá de o quanto os clientes da quarentena vão se fidelizar às compras online. Muitas drogarias investiram em serviço de entrega grátis para clientes no mesmo bairro das unidades, além de ampliação de modelos de retirada das compras online.