Em 27 de fevereiro de 2020, município se preparava para lidar com a doença. Atualmente, Governo suspende cogestão e coloca todo o estado em bandeira preta

Há um ano, em 27 de fevereiro de 2020, Bento Gonçalves se preparava para combater o vírus que assolava o mundo. Treze dias depois, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou o estado da contaminação da Covid-19 à pandemia.

Todavia, a doença foi identificada no mundo em 1º de dezembro de 2019, na China. O primeiro caso no Brasil foi diagnosticado em 26 de fevereiro do ano seguinte, em São Paulo.

A confirmação de paciente infectado em Bento veio no dia 18 de março. Atualmente, o município registra 9.746 positivados, 8.814 recuperados e 169 óbitos (dados atualizados até o fechamento da edição). Os números indicam uma média de 26 novos casos por dia. A capacidade hospitalar, até o fechamento desta edição, é 100%.

Doença foi identificada pela primeira vez na China, em dezembro de 2019 e, no Brasil, em 26 de fevereiro de 2020. A Capital Nacional do Vinho foi uma das pioneiras no combate à doença. Foto: Franciele Zanon

O prefeito Diogo Segabinazzi Siqueira, que até metade do ano passado ocupava o cargo de Secretário de Saúde na gestão Pasin, afirma que Bento foi pioneira em diversas ações no combate à doença. “Todo nosso trabalho para enfrentamento ao vírus foi realizado com muita reponsabilidade e a partir do planejamento de ações, sempre com transparência com a população. Adotamos na cidade uma política de macrotestagem, que nos permitiu entender o comportamento do vírus e isolar os contaminados”, avalia.

O pico de casos registrados da doença se deu no mês de dezembro, passando de 5.502 casos no dia 1º para 7.422 no dia 31, um aumento de 34,90%.

Ações para frear o vírus

Poder público e sociedade civil se mobilizaram para instaurar o isolamento social precoce, higienização de calçadas e entornos de espaços de saúde, distribuição de máscaras à comunidade, aquisição de respiradores, aumento de 20 para 45 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e de 13 para 23 leitos SUS. Além disso, foi possível a construção de 40 leitos de isolamento e oito de estabilização junto ao Complexo Hospitalar, no bairro Botafogo.

Atual cenário

Hospitais lotados, cidades endurecendo medidas de restrição, médicos exaustos e famílias lamentando perdas de parentes e amigos. Essa poderia ser uma notícia do primeiro semestre de 2020, esta é a mesma realidade no país, em 2021, às vésperas da crise sanitária completar um ano.

No início desta semana, o Rio Grande do Sul vive o pior momento, desde o início da pandemia: onze regiões Covid estão com risco altíssimo para o coronavírus, inclusive a Serra, no Modelo de Distanciamento Controlado. Com pedidos de reconsideração, o governo permitiu a cogestão nos municípios, ou seja, adotar regras mais brandas.

Contudo, diante do crescimento exponencial de contágio e do pico de internações em leitos hospitalares, o que já levou ao esgotamento de UTIs em algumas regiões, o Estado decidiu, na quinta-feira, 25, ampliar as restrições para preservar vidas. A principal medida é a suspensão temporária do sistema de cogestão. Além disso, a vigência do mapa da 43ª rodada será antecipada para sábado, colocando todo o Rio Grande do Sul em bandeira preta.

A suspensão irá valer por nove dias, entre este sábado e o domingo da próxima semana, 7 de março. A interrupção geral de atividades entre 20h e 5h, que já está em vigor, segue mantida.

Uma luz no final do túnel

Se o ano passado foi marcado pela chegada do vírus, este foi o das vacinas. As primeiras doses da CoronaVac, produzidas pela farmacêutica chinesa Sinovac, começaram a ser aplicadas na terceira semana de janeiro. Em Bento, as primeiras foram em profissionais de saúde da linha de frente, no dia 20 do mesmo mês.

Um novo passo foi dado. Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que estados e municípios podem comprar e fornecer à população vacinas contra a Covid-19, prefeitos da região se reuniram na quinta-feira, 25. O propósito é encaminhar um protocolo de intenções às farmacêuticas União Química, Butantan e Pfizer para adquirir o imunizante de forma a complementar a oferta do Programa Nacional de Imunização (PNI), caso ela seja insuficiente para atender a demanda.

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Siqueira sublinha que a imunização é a única forma de vencer a batalha. “Foi um ano intenso em que o vírus foi um inimigo silencioso. Agora, novamente pedimos a compreensão da população para cumprimento das regras de distanciamento social e uso de máscara. Seguiremos monitorando a doença em nossa cidade, além do sentimento pelas perdas de vidas no período. Nosso carinho a todas famílias”, pondera.

Foto capa: Franciele Zanon