Salvar crianças carentes por meio do esporte. Esse é o principal objetivo da ONG (Organização Não Governamental) Vivendo Esporte, que será implantada em Bento Gonçalves, no bairro Ouro Verde, com foco principal em atender crianças que moram no Residencial Novo Futuro.
O sonho desse projeto, que cada dia está mais perto de tornar-se realidade, é do ex. jogador profissional de vôlei, Ronaldo Henrique, mais conhecido como Royal. Nascido em Guarulhos, São Paulo, começou sua trajetória muito novo, quando se destacou no esporte. “Eu nasci de um projeto desses, eu venho da periferia onde não tínhamos muitos recursos. Eu brincava na rua e um professor de educação física começou um projeto de vôlei, dando treino para a criançada, aqueles que se destacavam iam para outro núcleo. Com 13 anos eu saí de casa para jogar vôlei em Santo André, também em São Paulo, mas aí eu já tinha a estrutura de um clube grande”, relembra.
Em sua carreira profissional, Royal coleciona títulos importantes, como de Bicampeão Sul-Americano, Bicampeão Mundial, Campeão Brasileiro de seleções dos 15 aos 19 anos, além de ter sido considerado o melhor levantador do Brasil na estatística da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Royal jogou por seis anos na Itália, um ano no Irã e um ano em Portugal, quando encerrou sua carreira, em 2012. Mesmo morando longe, sempre continuou acompanhando o núcleo de onde saiu. “Eu voltava pra visitar minha família e via que lá o trabalho não era de recreação, era trabalho sério, deu certo, tanto que eu saí de lá, virei profissional, minha carreira deslanchou e foi muito boa”, conta.
Victoria Oliveira, assessora jurídica, acompanha de perto o projeto. “O sonho do Royal é fantástico e tem muito apoio moral, então nós estamos buscando um apoio financeiro das empresas. A gente já trabalhou muito para que esse sonho começasse a ter vida própria, pelo menos a vida jurídica, um CNPJ, um estatuto correto, hoje temos alguns associados que ajudam participando, mas gente passa 24h em função disso”, relata Victoria.
O trabalho que será realizado
Em Bento Gonçalves, a ONG funcionará em uma quadra doada pela Prefeitura, localizada ao lado do Residencial Novo Futuro, onde existem 420 apartamentos e cerca de três mil moradores. De acordo com Royal, já houve tentativas de realizar atividades no local, mas o medo afastou as pessoas. “O objetivo da ONG é chegar onde ninguém chega. A dificuldade do Novo Futuro é nossa dificuldade. A criança do centro é bem assistida, do entorno não. Nós pedimos para o responsável pelo condomínio a permissão de trabalhar com aquelas crianças, visto que ele tem um ótimo relacionamento com os moradores, ele já está lá em seu segundo mandato e a gente depende dele pra fazer esse meio de campo com os pais”, declara.
De acordo com Victória, as ações do poder público são muito restritas em relação ao Residencial. “Nós temos outros locais em Bento que são carentes, mas nesses outros locais todo mundo entra. No Novo Futuro falta cidadania e respeito, as pessoas que estão lá são tão gente quanto nós e eles foram literalmente jogados lá. Então nós vamos ser o link da diferença, alguém que tem os meios da educação, do esporte, do respeito, não só para as crianças mas para os pais também”, destaca.
Embora o foco da ONG seja atender o Residencial Novo Futuro, crianças de todo bairro Ouro Verde poderão participar. “Nós vamos convidar as crianças do entorno também. Tem uma escola ali perto, onde vou ir pessoalmente fazer o convite”.
Embora o Presidente da ONG seja um ex. atleta de vôlei, a ONG vai oferecer outros esportes. “O foco maior é a criança, só que eles gostam de futebol, de basquete, de outros esportes, então eu não posso focar só no vôlei se eu quero salvar uma criança”, explica Royal.
A ONG também contará com o trabalho de uma pedagoga, que será responsável por fazer a ponte entre o esporte e a educação. “Essa profissional vai ter acesso ao boletim escolar das crianças, portanto, quem estiver mal no colégio vai ter apoio para buscar soluções. A ideia é essa pedagoga conversar a cada 15 dias com as crianças e ter um relatório”, explica Victoria.
Os pais das crianças não vão ficar fora do projeto, todos serão envolvidos de alguma forma. “Se os responsáveis realmente querem que os filhos tenham um caminho bacana, eles vão participar, além disso, nós temos a intenção de fazer palestras com grandes personalidades, ou seja, a ONG vai ser um elo, ela vai aproximar os pais, as crianças, a escola e os esportes”, conta o ex. atleta.
Royal acredita nas atividades físicas como uma ferramenta para educar e salvar as crianças, e olha para o futuro com muita esperança e amor. “A estatística não é positiva, mas pode virar. A gente tem que começar acreditando nas crianças, educando, cuidando bem delas. Lá no Novo Futuro nós vamos salvar crianças, vamos conseguir resultados positivos e fazer a diferença”, desabafa.
ONG já existe em Pinto Bandeira
A ONG foi criada em 2015, mas Royal precisou dar um tempo até 2017, quando realmente pôde assumir e voltar a trabalhar no projeto. “Eu nunca deixei o sonho acabar. Em maio de 2018 comecei a primeira escolinha, no município de Pinto Bandeira, não tinha recursos, não tinha nada, mas estou conseguindo uma positividade muito grande no interior, com o vôlei”.
Em Pinto Bandeira, esse ano, as atividades da escolinha da ONG, recomeçaram na quarta-feira, dia 6 de março, no Clube Rosário. “Ano passado atendemos 47 crianças e só duas desistiram, porque queriam jogar futebol. Esse ano, vamos atender uma média de 80 crianças, com idades entre 6 e 16 anos e não tem limites, quanto mais crianças, melhor”, relata o ex. atleta.
As atividades da ONG acontecem uma vez por semana, no contraturno escolar, ou seja, as crianças que estudam de manhã participam da escolinha de tarde e vice-versa. “As crianças que trabalharam comigo ano passado já tem noção do que é o vôlei. Elas não jogam ainda, mas já sabem o que é o esporte, já estão mais evoluídas, então eu posso puxar um pouquinho mais agora. Já a criançada que está entrando esse ano e que não têm noção, têm que começar tudo do básico, ensinar a posição da mão, da perna, como se portar dentro da quadra, contar um pouco de história, nesse inicio é mais conversa do que a pratica”, explica Royal.
ONG precisa de apoio financeiro para seguir em frente
De acordo com Victória, no começo será difícil e ainda há muito trabalho pela frente. “A gente está começando do zero, temos que limpar a quadra onde os trabalhos serão realizados, apertar parafuso das tabelas, temos que fazer todo esse serviço de limpeza ainda”, conta.
O projeto terá início imediatamente após terem a verba mínima para começar, portanto, Royal pede que os empresários abracem essa causa, ajudando de forma financeira ou doando uniforme, bola e outros equipamentos. “Algumas pessoas dizem que eu só dou, mas eu cobro a criança que é o foco maior, porque ela tem que entender que ela está sendo disciplinada”, relata Royal.
De acordo com Royal, a maior dificuldade de começar um projeto é a questão financeira. “Eu tenho que mostrar para as pessoas que o trabalho é serio, não é voltado para a política. A gente foi até onde era possível irmos sozinhos, mas chegamos a um momento onde precisamos de doações para esse projeto acontecer. Quem tem intenção de cuidar e ajudar, será bem vindo. Nós vamos fazer a diferença”.
Para o futuro
Os planos da ONG vão muito além da Serra. A intenção é colocar núcleos do Vivendo Esporte por todo o Rio Grande do Sul. De acordo com Victoria, há um convite para entrarem no município de Esteio. “Temos uma carta de apoio do prefeito, temos o apoio das diretoras de colégios, que são literalmente renegados, colégios onde ninguém quer trabalhar, mas por uma limitação financeira a gente ainda não tem como levar para lá”, explica.
Royal acredita que a ONG Vivendo Esporte, em breve, se tornará a maior ONG de todo o estado. “Nós somos um tripé: a ONG, o poder público e o empresário. Se a gente conseguir montar esse triangulo, todo mundo fica feliz. Vai dar tudo certo”, destaca.
Para onde fazer doações
Quem tiver interesse em ajudar a ONG, pode fazer depósitos na conta corrente da ONG Vivendo Esporte. Além disso, é possível entrar em contato diretamente com Royal, ex. atleta e Presidente do projeto, por meio do telefone, whatsapp, ou e-mail.
CNPJ: 22.793.762/0001-25
Banco do Brasil
Agência: 181-3
Conta Corrente: 86689-X
Contato: (54) 9 9677-9791
Site: http://ongvivendo.esporte.ws
E-mail: oveongvivendoesporte@gmail.com