O desaparecimento de edificações para o surgimento de outros empreendimentos imobiliários pode ser encarado como o movimento evolutivo da cidade, resultado de seu crescimento e de sua renovação natural. Porém, quando uma construção antiga vem abaixo em meio às mudanças urbanas, questionamentos da sociedade podem surgir: o que precisa ser preservado? Que história arquitetônica deve ser resguardada às futuras gerações? Para Fabiano Mazzotti, coordenador executivo da obra de restauração do Museu do Imigrante, a preservação de uma edificação de época pode estar atrelada a sua técnica e qualidade arquitetônica ou aos aspectos que remetam a um significado histórico/cultural.

Depois de 10 meses de muita poeira e mudanças, o prédio que abriga o Museu do Imigrante será entregue à comunidade na segunda-feira, 20. O projeto inscrito na Lei Rouanet, permitiu que os envolvidos captassem por meio de renuncias fiscais R$ 688mil, dinheiro este, que foi aplicado e representou R$ 860mil para ser gasto com a obra. “Começamos o trabalho de restauro em janeiro de 2014, com a retirada e recuperação de algumas esquadrias, já a obra e melhoria do prédio mesmo começou em setembro de 2015 e ao longo desse tempo a gente veio trabalhando, para que antes do tempo pudéssemos devolver o imóvel aos bento-gonçalvenses”, comenta Mazzotti.

Entregue quase três meses antes do esperado, o prédio de 1913, volta a sua geometria original. “No momento em que começamos a retirada da cobertura das paredes, para colocarmos os novos rebocos, percebemos as aberturas originais e voltamos ao que ele era antigamente, antes de ser museu”, salienta.

Alguns percalços foram encontrados ao longo do caminho. “A retirada das camadas de tinta das paredes remanescentes foi um problema, pois antigamente, o local era uma estação de sericicultura (criação do bicho da seda) e também funcionou como hotel e residência. Então, por exemplo, em um cômodo da casa, moravam duas famílias o que se tornou perceptível por conta das diferentes cores nas paredes, um lado pintado de amarelo e outro de verde. Só conseguimos chegar a essas informações por meio do contato com antigos moradores”, observa o coordenador.

Mudanças

Nessa intervenção que ocorreu durante os últimos 10 meses, algumas mudanças aconteceram no prédio onde está instalado o Museu do Imigrante. Há um novo sistema de iluminação, não há tomadas nas paredes, somente no piso, há ainda instalação para internet, um pararraio em toda extensão do telhado e iluminação externa. Mazzotti garante, que todo processo só foi possível graças ao trabalho em equipe. “Foram muitas pessoas colaborando. Temos a recuperação de um prédio que pode fornecer um pouco de informação sobre como a cidade pode valorizar mais seus patrimônios históricos e arquitetônicos. Ficou um espaço a altura da grandeza da história da imigração italiana”, finaliza.
O Museu do Imigrante voltará a funcionar, apóis seis anos, no dia 25 de junho.

Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário, deste sábado 18 de junho de 2016.