O bairro Aparecida tem se desenvolvido e aumentado o tamanho da população com o passar dos anos. Com mais famílias, consequentemente há mais crianças e adolescentes que precisam estar em salas de aula. A região oferece aos moradores uma creche do município e uma escola estadual de ensino fundamental. Contudo, ambas trabalham com lista de espera.

A Escola Municipal Infantil Doce Infância é de responsabilidade da prefeitura desde 2007. Antes, fazia parte da Fundação Casa da Criança, conforme explica a diretora, Cristiane Fleck. “Era administrada por um grupo de empresários, onde as mães trabalhavam nessas empresas e as crianças ficavam na escola”, esclarece.

Lá são atendidas crianças de zero a cinco anos. Atualmente, aproximadamente 120 alunos estão matriculados. “Na creche, do berçário I ao maternal II, são 60 alunos atendidos em turno integral. Temos 30 no jardim A, que atendemos na nossa escola e mais 40 no modelo sessão de uso, que é uma sala cedida pelo Estado, na escola Amaro, logo ao lado”, explica.

Escola Municipal Infantil Doce Infância atende 120 crianças, de zero a cinco anos

Como o bairro tem se tornado cada vez mais populoso, Cristiane destaca que a procura é muito grande, gerando lista de espera por vagas. “Este ano, os berçários I e II tiveram menos procura. O que tem bastante demanda é o maternal I de dois para três anos e o maternal II, dos três para quatro anos”, afirma.

De acordo com a diretora, o maternal I é o que costuma ter mais procura, chegando a cerca de 15 famílias aguardando por vaga, enquanto o maternal II em torno de cinco. “Já no berçário I e II, em torno de seis crianças”, pondera.

Agora, a tendencia é que a situação normalize, já que a Escola Municipal Infantil Toque de Carinho, localizada no bairro Zatt, vai abrir classe de maternal I e II. “Os nossos alunos, excedentes dessas turmas, que são de maior procura, foram encaminhados para lá. Depende de os pais aceitarem ou não”, pontua.

Cristiane Fleck

Para dar conta da demanda, o quadro funcional conta com cerca de 40 profissionais atuando no local. “Somos em dez professoras, contando a vice-diretora e eu. E, quase 30 funcionários, que são auxiliares de educação infantil, de higienização, merendeiras, técnica em enfermagem”, acrescenta.

Bom relacionamento com o bairro

Quando o assunto é o vínculo entre escolinha, bairro e pais, Cristiane enfatiza que é muito boa. “Existe sim uma boa relação com o pessoal do SCFV/Ceacri, da comunidade católica, das outras religiões também, parceria com o uso do salão, da praça. A gente tem uma relação muito legal quanto a isso”, elogia.

Atuando há cinco anos no local, a diretora defende que foi muito bem recebida por todos. “Apesar de a escola ter uma direção de muitos anos, onde as antigas diretoras estavam ali há mais de 12 anos, fui muito bem recebida quando cheguei”, comemora.

Os desafios da educação

As dificuldades enfrentadas pelos profissionais que atuam na área da educação são muitos. A diretora aponta que um deles é quanto a valorização. “A gente, como professora, percebe que algumas pessoas enxergam a escola de educação infantil como um lugar para deixar os filhos e irem trabalhar e não é isso que queremos. A gente quer que as pessoas vejam a escola como um lugar de educação, onde é gerado conhecimento”, destaca.

Com a pandemia do coronavírus, que fechou temporariamente as escolas para as aulas presenciais, Cristiane afirma que esse desafio se tornou ainda maior. “Os pais trabalham o dia inteiro, tem que chegar em casa e fazer as atividades com os filhos e eles acabam ficando saturados disso. Entendo, como mãe também”, analisa.

Com a rotina puxada, ela aponta que muitos pais, principalmente do berçário I ao maternal II, acabam não realizando as tarefas. “São nesses momentos que a gente enxerga a escola do jeito não queremos. Esse é o nosso maior desafio, fazer com que a educação infantil seja reconhecida como modalidade de educação e não como um lugar para deixar as crianças e ir trabalhar”, desabafa.

Mesma realidade no Ensino Fundamental

Fundada em janeiro de 1953, a Escola Estadual de Ensino Fundamental General Amaro Bittencourt tem 68 anos de história. O colégio atende alunos dos seis aos 12 anos, do 1° ao 5° ano.

 Ao todo, 180 alunos do bairro Aparecida, São Roque, Cembranel e Loteamento Bertolini estudam no local. Entretanto, a diretora, Aline Curtinaz da Rocha também enfrenta as dificuldades do aumento na demanda de alunos. “O bairro está cada vez mais populoso. Infelizmente faltam vagas em nossa escola, visto que é pequena”, afirma.

Escola Estadual de Ensino Fundamental General Amaro Bittencourt tem 68 anos de história

De acordo com Aline, algumas famílias ligam e perguntam se tem vagas, mas em algumas turmas já não há mais. Contudo, nenhuma criança fica sem estudar. “No momento que não tem no Amaro, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) tenta realocar os alunos para a escola mais próxima possível, que geralmente é do município”, explica.

Aulas remotas

Assim como em toda rede de educação do Rio Grande do Sul, devido a pandemia do coronavírus, as aulas estão ocorrendo no modelo online na Escola Amaro. “Os alunos estão tendo aulas pela plataforma Google Sala de Aula desde o dia oito de março, quando iniciou o ano letivo na rede estadual de ensino”, pontua.

Aline Curtinaz da Rocha

A situação tem sido encarada como um desafio. “Infelizmente a pandemia está deixando as crianças mais desmotivadas em relação a educação e a desvalorização dos profissionais de educação e do pouco investimento na escola pública”, lamenta.

Comunidade receptiva

Atuando como gestora há pouco mais de um ano, Aline ressalta que a relação com o bairro é muito boa. “Pude observar que a comunidade é bastante receptiva e há respeito e zelo também pelo prédio da escola. Cada vez mais, as pessoas estão conscientes de que o colégio é de todos, principalmente das nossas crianças, que veem nela um lugar seguro, alegre e de conhecimento”, finaliza.