Epa, de Epaminondas, por causa de um general grego do século IV antes de Cristo, que redesenhou o mapa político da Grécia e criou uma estratégia de guerra que acabou com a supremacia militar espartana, copiada, mais tarde, pelos macedônios.

Na verdade, os fatos que vou contar, sem o acréscimo de uma vírgula que não seja verdadeira, têm menos de quarenta anos. Mas, na velocidade em que as coisas andam atualmente, estas lembranças parecem do tempo do Epa ou, no mínimo, do tempo do Ariri Pistola.

Ah! Sim! O Ariri se chamava Horácio Carneiro Fialho Filho, e se hoje vivesse, estaria com 145 anos. Atualíssimo o Pistola em comparação ao Epaminondas. Ele foi “o cara”. Muito além do seu tempo, saiu do interior do Piauí com 15 anos, viajou pelo mundo, se fixou no Japão, onde aprendeu a manusear armas de fogo. Ao voltar para o Brasil, tinha a intenção de ser o presidente, para dar fim à seca do sertão nordestino, mas acabou se suicidando. Deve ter tido uma visão do futuro…
“Sem mais delongas nem milongas”, vamos para a primeira história.

Situando:
Década de setenta, Escola Polivalente, construída nos moldes americanos e montada – literalmente – pelos professores. As mulheres arrancavam pregos das tabuinhas empilhadas que haviam sobrado da obra; os homens carregavam o mobiliário e os equipamentos de última geração, como máquinas de escrever Remingtom, para as salas de técnicas. Até eu, levemente grávida, peguei no martelo, nos intervalos dos meus cochilos, longe dos olhos da direção.

Nos primeiros dias de março daquele ano, estava a escola modelo pronta para receber os alunos. Nos primeiros dias de março do ano seguinte, estava a maioria dos professores pronta para adquirir seu primeiro carrinho. Nossos primeiros salários eram gordos…
Ainda não motorizada, eu pegava carona aqui e ali, ora de um fusquinha azul céu, ora de um fusquinha amarelo ovo. Na chegada à escola, os veículos já eram manobrados para ficarem de frente para a rua. Nos fundos, uma bela rampa disfarçada pelo mato…

Certo dia, no final do expediente, acomodada no amarelinho, eu esperava a motorista dar a partida. Ela deu e acelerou. Só que sem trocar de marcha. E o fusca, deixado de ré, foi andando… para trás, obviamente. E desceu a encosta. Por sorte, uma árvore de longos braços amparou o carrinho, que ficou roncando dependurado. Enquanto eu “solidariamente” abria a porta para rastejar morro acima, minha amiga, com o pé direito no freio e o esquerdo na embreagem, suplicava:
-Por favor, não me deixa só…

É claro que… deixei.
-O que é que eu faço? – gritou ela, desesperada, para o colega que, lá do alto, avaliava a situação.
-Desliga a chave e sai – disse ele sorrindo.

“Tudo bem quando termina bem”, já dizia William Shakespeare. E a história terminou com a chegada do caminhão guincho. O fusca amarelo ovo não sofreu nem um arranhão, tal a delicadeza da descida. Já eu, traumatizada, mudei de carona… Depois passei de caroneira à motorista. E foram tantas as emoções… Até a próxima semana!