Em reunião da comunidade do bairro São Bento, na sexta-feira, 22, alguns moradores afirmaram que o abaixo-assinado para a construção de prédios na rua Parnaíba, encaminhado para o Conselho Municipal de Planejamento (Complan), em fevereiro, pode ser falso. De acordo com relatos de residentes da rua, constam nomes de pessoas que não moram no local e crianças, além de moradores que pensavam ser uma reivindicação para a ampliação da via.

Outra questão levantada pela maioria dos habitantes entrevistados pelo Semanário é de que dois investidores, responsáveis pelo abaixo-assinado, teriam cinco terrenos na Parnaíba e que a liberação para construção de edifícios iria valorizar os imóveis. Porém, a vontade de que a rua seja liberada para edifícios de até 16 andares não é unânime.

Segundo o morador Arnaldo Tomazini, que assinou o documento, falaram que a lista era para alargar a rua e permitir o comércio. “Prédios de 16 andares na frente de casa não dá”, reclama.

Tomazini vive na rua Parnaíba desde 1965. Analisando a lista, identificou alguns moradores, mas disse não conhecer a maioria. “Tem gente que não mora aqui, com certeza”, observa. Além disso, ele identificou uma criança entre os nomes. “Ela tem 10 anos”, comenta.

Na opinião do residente Neri Liveira, que não soube do abaixo-assinado, com edifícios grandes a rua vai ficar ainda pior. “Os prédios aqui em Bento estão vazios, para que vão construir mais?”, questiona.

De acordo com o representante da Associação dos moradores do bairro São Bento, Márcio Chiaramonte, a liberação é de interesse de poucas pessoas, uma vez que o abaixo-assinado foi encaminhado anonimamente. “Isso é algo estranho, que se soma a aquisição de terrenos gigantescos, no bairro São Bento, nos últimos meses”, ressalta. Na sua opinião, os prédios na rua Parnaíba vão prejudicar o sombreamento e vista daquela região da cidade.

 

O abaixo-assinado, que circulou entre os moradores em novembro de 2016, estava escrito em termos técnicos, o que prejudicava o entendimento das pessoas sobre a proposta. O texto reivindica “a alteração do zoneamento da rua Parnaíba até a rua Borges do Canto em ambos os sentidos para Zona Comercial 1 (ZC 1)” e conta com cerca de 50 assinaturas.
Em fevereiro, o abaixo assinado foi encaminhado para o Complan, que acatou o pedido em partes, transformando em Zona Comercial 1 apenas a metade norte da rua Parnaíba. Com a mudança, seria permitido construir prédios em um lado da via, enquanto o outro estaria na Zona Gastronômica Turística do bairro Planalto.

Antes, a rua

Apesar de ter assinado o documento, Márcio Marin, que tem uma mecânica na localidade, acredita que não é viável mais construções nas redondezas. “Tem dias que 17h já está tudo congestionado por aqui, com mais prédios vai ficar impossível”, comenta.

Ele aponta ainda que o interesse surgiu de um investidor, que tem terrenos na Parnaíba e articulou o abaixo-assinado. “Se ampliarem a rua, nós nos beneficiamos também, aí não tem problema em construir prédios”, opina.

Já o empresário Nilson Soccol ressalta que são dois investidores. Um deles possui lotes no lado norte da Parnaíba, enquanto, outro, no lado sul. “Eu sei que o interesse (pela área) cresceu nos últimos tempos”, analisa.

Na opinião de Soccol, não é um problema que se construa prédios, mas não antes de ampliar a rua e asfaltar, uma vez que o tráfego em duas vias é impossível com a estrutura atual e causa transtorno aos moradores. “Sou a favor, mas tem que abrir e asfaltar”, pontua. Da mesma forma pensa o mecânico Moacir Troian. “Se construírem prédios, talvez a Prefeitura resolva arrumar”, comenta.

O abaixo-assinado foi recebido pelo Complan, em reunião no dia 21 de fevereiro. Na ata do encontro, consta que na votação, os membros do Conselho optaram por manter a decisão de haver edificações de até 16 andares em apenas um lado da rua Parnaíba. De acordo com o Ipurb, o Plano vigente permite apenas dois andares no local.

Leia a matéria completa na edição do Semanário desta quarta-feira, 27 de setembro.