Em inglês sim, só para contrariar e deixar bem blogueira.
Apesar de estar em negação, achando que não estou contabilizando nada, nem os dias, nem os surtos, nem as descobertas, já imaginei as fases da quarenta, assim, como quem não quer nada. Quando pensei em escrever isso, me achei tão ignorante, porque há textos muito melhores por aí, inclusive há semanas li um texto sobre as gírias da pandemia, mas também pensei: já vivemos isso antes? Dessa forma? Por tanto tempo? E se existem mil e dois textos sobre isso, nenhum será sob a minha perspectiva. Que venha os mil e três.
Bom, o primeiro passo para descobrir em qual fase da quarentena você está é ler os tópicos abaixo. Se você não conseguir nem ler, está na terceira fase, cá pra nós, umas das piores.
A primeira fase passou tal qual fim de tarde de primavera, deliciosa e bem rapidinha. O Instagram quase bugou por completo de tanto conteúdo. Não sabíamos mais quais links compartilhar de tão legais que eram, “olha as instituições dando cursos de graça GENTE VOU MORRER ESTUDANDO E SENDO FITNESS”. Entrega de treinos gratuitos para hipertrofiar/emagrecer em casa, continue se alimentando direitinho, continue sua rotina, NÃO DEIXA ESSE CORONGA TE ABALAR! VOCÊ É MAIS!
A segunda fase chegou como um bêbado quando sai do bar para ir pra casa, teu amigo te segura mas você acha que consegue andar sozinho e ainda chutar qualquer coisa que estiver no chão à frente. Foi isso que o Corona, trêbado, fez com a primeira fase. O que achávamos que ia ser uma espécie de mini férias, um retiro espiritual, momento de se reinventar, cheio de pessoas mentalmente curadas e super didáticas, virou UM CAOS, com o ‘cutuco’ básico de um proctologista alto de ossos largos, na economia. Qualquer ser humano respirando tinha alguma posição sobre a abertura ou não do comércio e das indústrias. Da volta ao trabalho. Nem dormimos, tal qual prefeitos e governador, para saber qual seria a decisão naquela manhã tensa.
Pronto, comércio aberto! Filas! Para pagamento? Compra? Presente do Dia das Mães? Páscoa? Crise? Desemprego? Doação de cestas básicas? Comecei colocando tudo isso num pacote e me soou muito estranho. Álcool para manter a sanidade (e matar o Coronavírus), porque não conseguimos mais lidar com a gente mesmo. Lives sertanejas deram um pingo de esperança, de voltar com o ex, de esquecer os boletos atrasados, de lavar o cabelo pelo menos para fazer selfie, ou fazer aquele PVT com os “bródi”, né, afinal, eles são IMUNES AO CORONGA.
A terceira fase ficou um pouco complicada de comentar. Ela é o fundo do poço, literalmente. Coisas boas e ruins acontecem ao seu redor, mas você vira um vegetal. Não importa o que acontece, você só sabe que precisa e QUER ficar em casa. Você trabalha (obrigada e grata aos envolvidos), gasta com: comida, bebida alcóolica, máscaras coloridas, reversíveis, oficiais ®…remédio para dor de cabeça, Rivotril. Umas ‘brusinhas’ para ir trabalhar e ir no mercado, afinal são os únicos lugares que a gente tem esperança de viver uma ‘socialzinha’.
Visivelmente, estou na quarta temporada de Quarantine Mood. Você vai se auto analisar, muito, o tempo todo. Leve papel e caneta. Vai falar com objetos inanimados e com você mesma. Aqueles memes que circularam – engraçadinhos eles – ‘zoando’ as pessoas que falavam com os eletrodomésticos. Ele é real. Se eu falo com o meu cachorro, porque não falaria com o micro-ondas? Qualquer pessoa que converse comigo por 5 minutos me passa o contato de um terapeuta. Não entendi.
Em uma das únicas e últimas vezes que sai de casa por um motivo necessário, foi um choque ver o movimento das ruas. Entendi que está difícil ser empático com todos os extremos do que está acontecendo, junto de um vírus que AINDA ESTÁ POR AQUI, e percebi que vou cuidar um pouquinho mais de mim mesma, assim também, poderei ajudar alguém, quando for necessário.
Naquele final de sexta-feira, o ar estava quente, e precedia um fim de semana cheio de dor e de amor. Ninguém nem lembra mais do coronga. Estamos todos bêbados e drogados em um baile de máscaras.