Entenda a doença, as principais causas e o tratamento

O câncer bucal é um tumor maligno que afeta a estrutura dos lábios e o interior da boca. O atual mês representa o maio vermelho, conhecido pelo combate a esta doença que, no último ano, levou 39 cidadãos do município para o hospital com o diagnóstico ou pré-diagnóstico. Dentro deste número, três pacientes foram hospitalizados com a patologia.


Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2020 foram registrados mais de 15 mil casos de câncer bucal no Brasil. Deste total, em média 1.100 foram no Rio Grande do Sul. Os números também mostram que a doença é mais comum em homens com idade superior a 40 anos. Entretanto, as mulheres desta faixa etária também precisam ficar atentas, principalmente se forem tabagistas, já que o álcool e o cigarro são os principais fatores para que a pessoa desenvolva o câncer, assim como a exposição ao sol.
Ieda Milani de Lucena, doutora em Estomatologia pela UFRGS diz que os principais sintomas desta doença são físicos, como feridas ou modificações nos lábios, e também na parte interna da boca como: bochecha, língua tanto na superfície como embaixo e no céu da boca. “Então qualquer ferida que tenha na boca, é melhor fazer a investigação, não deixar passar. As úlceras de câncer geralmente são indolores, então a ferida não dói. Percebeu alguma modificação e não passou em 15 dias, é melhor procurar o cirurgião dentista”, explica.
Também há o fator dos lábios, o maior causador de câncer labial é o sol, portanto, é indispensável o uso do protetor labial fator 30. “Então, as pessoas de pele clara, e que ficam expostas ao sol como os trabalhadores rurais e qualquer outro profissional que trabalhe ao ar livre, tem uma alta incidência de uma doença no lábio chamado queilite actínicas e ela é uma lesão que a gente chama de potencialmente maligna. Ela pode se transformar em câncer”, esclarece Ieda.
Além do mais, explica que é interessante fazer o autoexame, mas que ele por si só é arriscado. O ideal a fazer é que, ao notar algo diferente e persistir por mais de três semanas, consulta um profissional e, se necessário, fazer a biópsia. O câncer de boca tem uma alta taxa de mortalidade, aproximadamente 50%, por conta disso, o diagnóstico precoce é essencial para evitar que a doença evolua. “O câncer de língua, a taxa de sobrevida é de cinco anos, então tem um índice muito grande de mortalidade”, complementa Ieda.


Graziella Pelegrini, doutora em Odontologia, acredita que apesar de algumas pessoas herdarem de seus pais, mutações no DNA que podem aumentar o risco de desenvolver câncer, o bucal não é hereditário. “Não se acredita que as mutações genéticas hereditárias nos oncogenes ou nos genes supressores de tumor provoquem muitos cânceres de cavidade boca ou orofaringe”, salienta.
A luta ao combate do câncer bucal é extremamente importante, pois é necessária a conscientização sobre a doença, os sintomas e suas causas. Por conta disso, foi aprovado na Câmara de Vereadores no último dia 15, o projeto que traz para o Calendário Oficial de Datas Comemorativas do Município agendas direcionadas à Prevenção e Diagnóstico Precoce do Câncer de Boca. Por isso, se desconfiar de algo, todas Unidades de Saúde estão de portas abertas para o exame clínico inicial. “É uma doença que pode ser prevenida de forma simples, desde que seja dada ênfase à promoção à saúde, ao aumento do acesso aos serviços de saúde e ao diagnóstico precoce”, finaliza Graziela.

Tratamentos para o câncer bucal

O tratamento para o câncer bucal é semelhante aos outros tipos de câncer. Ele inicia após o diagnóstico da doença e então o médico irá discutir todas as opções de tratamento. Esse é um processo que requer tempo, pois é preciso medir todas as possibilidades terapêuticas. A decisão se dá levando em consideração diversos fatores, como: o estado de saúde do paciente, o tipo de tumor, as chances de cura, entre outros critérios.
Existem diversas formas de tratamento, a cirurgia, a quimioterapia, a radioterapia, imunoterapia, terapia alvo e até mesmo o tratamento paliativo. Estes podem ser combinados, ou isolado, tudo depende do local do tumor e do grau do mesmo. Mas na maioria dos casos, se opta pela cirurgia e após isso um combinado de quimio e radio terapia.
Os profissionais que trabalham com estes casos são os oncologistas de cabeça e pescoço, mas dependendo do quadro clínico pode ser uma equipe multidisciplinar.