Por serem doenças transmissíveis e pouco sintomáticas, orientar sobre testagem e prevenção é fundamental

Neste mês, a campanha Julho Amarelo reforça as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais. Instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019, a ação tem grande importância na Serra Gaúcha, pela prevalência de hepatite B crônica.A infermidade contempla qualquer inflamação no fígado: por ingestão

de álcool, medicações, doenças autoimunes, entre outras condições. No caso das hepatites virais o processo inflamatório é causado pela presença de um vírus, que tem preferência pelas células do fígado. As principais são a hepatite A, B e C.

Conforme a gastroenterologista do Hospital Tacchini, Dra. Vanessa Ferlin, a transmissão para os tipos B e C acontece de maneiras variadas. “Através do sangue, relação sexual desprotegida, compartilhamento de seringas no caso de usuários de drogas injetáveis, transfusão de sangue antes de 1990 e transmissão vertical de mãe para filho na hora do parto, que é uma via importante quando falamos em hepatite b”, explica. Além disso, podem ser doenças totalmente assintomáticas ou pouco sintomáticas. “Geram cansaço e dor no lado direito do abdome. Em uma minoria dos casos pode haver febre, pele e mucosas amareladas, dores articulares, isso quando falamos nos quadros agudos”, completa.

Vanessa orienta que sempre que suspeitar de hepatite, o indivíduo deve procurar auxílio. “Uma primeira avaliação pode ser feita realizando o que chamamos de teste rápido, disponível em todas as unidades de saúde. Com apenas uma gota de sangue podemos testar os tipos B e C com resultado em poucos minutos, além de testar juntamente para HIV e sífilis. Se houver sintomas associados, o médico deverá ser consultado”, ressalta.

Por serem doenças transmissíveis e pouco sintomáticas, orientar sobre testagem e prevenção é fundamental. Existem imunizantes para as hepatites A e B, são vacinas bem conhecidas, seguras e que previnem o adoecimento se houver contato com esses vírus. Ambas estão disponíveis nos postos de saúde e clínicas privadas de vacinação.

Ademais, há outros tipos de prevenção. Com isso, é importante entender como se dá o contágio “No caso da Hepatite A, a contaminação é através de água e alimentos contaminados e contato com pessoas doentes. Então a prevenção se refere a medidas relacionadas a higiene, saneamento básico e evitar contato com doentes. Costuma ser uma doença autolimitada, com resolução e cura, raramente presenciamos quadros graves”, destaca Vanessa.

De acordo com a gastroenterologista, nas hepatites B e C a contaminação ocorre por sangue e relação sexual. Portanto, a prevenção é feita de forma diferente. “Através do uso de preservativos, testagem de sangue nos bancos de sangue, testagem durante o pré-natal para prevenir a transmissão vertical (da mãe para o filho), e não compartilhar objetos como seringas, lâminas de barbear, alicates de unha, entre outros objetos cortantes”, diz.

A médica destaca que é importante lembrar que já existe tratamento para cura de hepatite C, oferecido a todos que queiram tratar. “No caso da hepatite B ainda não temos medicação que elimine o vírus, mas temos como impedir a multiplicação do mesmo e assim estabilizar a doença, prevenindo diversas complicações. Recomendamos que todas as pessoas, em algum momento da vida, façam o teste e que as crianças sejam vacinadas com esquema completo para hepatite B”, frisa. Além disso, identificar indivíduos contaminados e oferecer tratamento reduz o risco de complicações futuras, como desenvolvimento de cirrose e câncer de fígado.

Onde receber a imunização?

Em Bento Gonçalves, a vacina da hepatite faz parte do calendário infantil, crianças e adultos que não realizaram podem procurar as unidades e fazer a aplicação do imunizante. Hoje, o município tem a vacina contra hepatite B disponível para todas idades, e contra Hepatite A as crianças realizam aos 15 meses de vida.