Toda a roupa para uso da família era confeccionada pelas mulheres (mães e filhas) costurada a mão ou a máquina de costura movida à mão.
A máquina de costura geralmente era a peça do enxoval obrigatória da mulher e ocupava lugar de destaque na casa. Colocada sobre uma mesinha (de cedro) servia para costurar roupas e chapéus de palha. O tecido era comprado em peças, pelo casal e geralmente eram tecidos grossos e resistentes: algodão, para lençóis; riscados para calças, camisas, vestidos (mesmo padrão para toda família). Faziam também os colchões e os acolchoados com tecidos de brim listrado. Era pratica, entre os imigrantes, que todas as mulheres aprendessem a costurar e bordar. As vezes era a mãe que ensinava as filhas nos dias de chuva, à noite ou no período de entressafra, quando havia pouco trabalho na lavoura. Aprendiam a costurar camisas, calças, cuecas (mudande), vestidos, saias, spartilhos, corpetes… desmanchavam uma peça de roupa velha, e sobre ela cortavam as roupas novas. Quando era possível, aprendiam a costurar com costureiras ou alfaiates…
Mesmo em desuso, hoje a máquina manual é ainda objeto decorativo na maioria das casas dos italianos e constituí-se em objeto de trabalho e, até de submissão da mulher.
Bordado a mão, crochê, macramé… eram aprendidos da mãe ou de amigas que trabalhavam à noite, à luz dos pequenos lumes a querosene e as noites de filó.
A marca da efetividade presente nos objetos domésticos comentados concretiza-se no encontro que permite a troca de vivências e experiências. O imigrante e seus dependentes vivenciaram essa experiência em reuniões que remontam a seus antepassados.
Contam os primeiros imigrantes que, como na Itália fazia muito frio durante os três ou quatro meses de inverno rigoroso, as famílias que não dispunham de aquecimento nas casas ou recursos para o vestuário suficiente para se proteger do frio, viam-se obrigados a permanecer em recintos fechados. Assim, reuniam-se nos estábulos (das vacas) a fim de aproveitar o calor que delas se desprendia. Para não permanecer estáticos. Aproveitavam para tecer o linho, faziam os fios de linho, de onde o termo ” filó” , usual entre os italianos.
A prática foi trazida para o Brasil. Como o frio não era tão itenso, não havia necessidade de permanecer em abrigos fechados. Mas para estas pessoas, era importante o convívio com os vizinhos, parentes e amigos. Por isso, o costume de se reunirem à noite, cada vez, na casa de um dos participantes.