Uma doença silenciosa, que pode ser transmitida através de relações sexuais e compartilhamento de objetos cortantes. Além disso, o portador pode conviver com ela durante anos sem saber que está infectado. Assim é a Hepatite B, enfermidade que teve um crescimento expressivo na cidade nos últimos anos. Em 2017, foram detectados 22 portadores do vírus em Bento. No ano passado, foram 43. Apenas nos primeiros seis meses de 2019, já foram diagnosticados 30 casos. Números que merecem atenção.

Segundo José da Rosa, coordenador da vigilância epidemiológica da prefeitura, essa variação é esperada. “Nós diminuímos bastante a ocorrência da doença. Comparando as últimas duas décadas, baixou 40% a incidência de hepatite B no município. Em um ano tem mais, em outro tem menos, temos que olhar a série histórica para ter uma noção do que de fato está acontecendo”, esclarece. Para ele, a redução da enfermidade está ligada à oferta da vacina na rede pública, que começou em 1999, para os bebês, e ao longo dos anos foi sendo estendida para outras faixar etárias.

“Sempre vai ter casos da doença, não conseguimos zerar, mas o importante é que a gente pode reduzir a incidência. Para qualquer doença, o que importa é o número de ocorrências dentro de uma década”, declara. A principal fonte de contaminação não é clara, pois depende das informações passadas pelo paciente na hora do atendimento. De acordo com Rosa, a maior parte das pessoas atribui a infecção a contato domiciliar.

“A contaminação pode acontecer por objetos compartilhados, como a lâmina de barbear, que pode ser utilizada por mais de uma pessoa e ter resíduos de sangue. Segundo estudos, o vírus pode sobreviver por até sete dias em contato com o meio ambiente”, explica.

Outro comportamento de risco a que é atribuída grande parte das contaminações é a atividade sexual sem o uso de preservativos. “Muita gente tem vergonha de dizer que tiveram relações sexuais e foram infectadas”, diz. Seja qual for a causa do contagio, o coordenador alerta que é necessário ter cuidado com o compartilhamento de objetos cortantes e procurar usar camisinha, evitando o contagio.

A hepatite B tem cura e não é uma doença com alta letalidade. Segundo Rosa, ela é preocupante porque o portador do vírus demora para descobrir que tem a enfermidade. Muitas vezes isso só acontece quando o fígado já está bastante estragado, podendo demorar até 20 anos. “Durante anos, a pessoa está transmitindo o vírus para outras pessoas, mas ela não sabe, pois não tem sintomas”, alerta. Ele ainda diz que, caso o paciente não seja curado, a doença pode se tornar crônica, precisando de monitoramento durante toda a vida, pois o paciente pode desenvolver cirrose ou câncer hepático. Mas o coordenador destaca que as ocorrências dessas complicações são raras.

Hepatite C é mais letal

A forma de infecção da hepatite C é a mesma do que a tipo B, com a exceção de que o vírus sobrevive menos tempo no meio ambiente, porém ela é mais letal. Conforme estudo disponibilizado pela prefeitura, entre 1998 e 2018, foram 46 óbitos causados pela hepatite B, contra 118 pela C. Além disso, não há vacina para prevenir esse tipo da doença. Rosa esclarece que ela é mais agressiva, tendo chances maiories de gerar danos ao fígado do portador. Mas cada caso evolui de forma diferente, por isso, a necessidade de ter sempre acompanhamento médico.

Teste rápido e vacina gratuitos

O coordenador também faz um apelo: que as pessoas façam o teste rápido, que pode detectar a doença antes dela manifestar sintomas. Ele pede também que a população busque a vacina contra a hepatite B. Ambos são disponibilizados gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde.

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