Quanto vale um copo de água? Nada para quem não tem sede e muito para quem está para morrer de sede num deserto.
Quanto vale um brinquedo de uma criança? Se tem demais, cada presente só tem a sensação de rasgar o papel de presente e matar a curiosidade de uma possível novidade. Depois, é só mais um que fica pelos cantos.
Não tive muitos presentes em minha infância e ainda lembro de cada um deles. Lembro de quando ganhei e quem me deu. Brinquei com cada um deles como se fosse um último copo de água.
O bom de tudo isto: aprendi a atribuir VALOR.
Outra coisa importante é o amor ao trabalho. Algumas regras eram preceito na casa de meus pais: quem suja, limpa: se ninguém sujar não será necessário limpar; a mãe não é empregada (e nunca tivemos uma empregada); não é vergonha usar roupa remendada desde que seja limpa. E assim foram moldando nosso futuro.
Dia destes estava almoçando com uns conhecidos e nos comentário falei que ajudava em casa, lavando a louça do café, enxugando a louça, arrumando a cama, colocando os pratos para a refeições e outras tarefas do lar.
Uma das senhoras que estava presente contou que em casa é tudo com ela. Disse ela que o marido deixou isto bem claro quando no terceiro dia de casados, após ter solicitado nos dois dias anteriores que ele ajudasse a enxugar a ouça, entrou em casa com uma máquina de lavar louça. Ele, que estava presente, confirmou:
– “Marca ENXUTA. Dei o recado e vale até hoje.”
Respeito a decisão de cada um e a maneira como são divididas as tarefas do lar, mas se uma criança se dispuser a pegar numa vassoura para recolher o lixo, deixe. Pode estar construindo o seu futuro, não como lixeiro, profissão digna, mas como trabalhador.
Meus primeiros “pilas” foram ganhos derretendo embalagens de pasta de dente até formar um quilograma de chumbo que vendi na Fundição FARINA. Como valeu aquela notinha verde de dez, com a cara do Getúlio. Era um serviço perigoso derreter chumbo e não morri por isto. Com a nota de dez, comprei tudo em picolé.