No momento em que vivemos, não tenho como me furtar de escrever algo sobre a difícil situação em que o Brasil, o Rio Grande do Sul e Bento Gonçalves vivem. Talvez por ser ano eleitoral, talvez não. De repente uma coisa não tenha nada a ver com a outra, mas percebo que está tudo junto, tudo misturado.
Parece – ou sem querer, ou propositalmente – que as pessoas estão perdendo a noção do certo e do errado, que esqueceram seus deveres, que esqueceram o que é obrigação de quem, quem faz o quê, e só lembram que têm direitos. Muito fácil viver assim, não é mesmo?

Vamos partir do princípio, ou seja, da “pátria-mãe” de todos nós e de mais de cinco mil municípios.
Em meio a uma grande crise ética, moral, política e econômica (não necessariamente nessa ordem), vamos sediar uma Olimpíada. Que coisa mais linda! É tocha olímpica pra cá, tocha olímpica pra lá, um troféu circulando pelo Brasil. E eis que nós, em Bento Gonçalves, seremos os sortudos – ou os azarados – em recebe-la. Pois bem. Na minha opinião, já que veio, que venha. E não vamos fazer fiasco, nem passar vergonha. Esse dinheiro já foi gasto, roubado, desviado. Eu não concordo com isso, nem vocês, certamente, mas agora é tarde. Os manifestos deviam ter sido feitos, ter iniciado, quando o Brasil se inscreveu para participar deste certame. Porque cá entre nós, esta crise não é de hoje, nem de ontem. É de anos. E aceitamos que o Brasil se inscrevesse, e que sediasse. Como diriam os italianos, punto e basta!

Chegando ao Estado, a crise não é moral, nem ética, nem política. No momento é pura e simplesmente (quase nada) financeira. Estamos no fundo do poço. E de um poço bem fundo. Desde quando estamos em crise? Só Deus sabe. Mas o que se sabe mesmo, nós, reles mortais, é que esta dita crise acabou com nossa segurança, com a educação, com a saúde. E, diga-se de passagem, principalmente com a nossa segurança.

Daí chegamos a Bento Gonçalves, onde os reflexos da crise no Estado podem ser sentidos sem dó nem piedade. Assaltos, furtos, roubos. E aí é que entra o tudo junto, tudo misturado. Estão jogando sobre os ombros da administração municipal toda a culpa. Eu sei, existem sim problemas no governo local. Ele não está de todo certo, mas também nem de todo errado. O município, diga-se nós, com nossos impostos pagos em dia, não podemos arcar com responsabilidades que não são nossas. Dar uma mão, tudo bem, mas está parecendo já que quando damos a mão querem todo o restante.

Temos que exigir sim mais segurança, mais educação, mais saúde, porque tudo que está sendo feito nunca será o suficiente. A população aumenta, a cidade aumenta, os problemas aumentam, e precisam ser administrados da melhor forma. Não vejo, não digo e não creio que isto não esteja sendo feito, independentemente de quem é, de quem foi e de quem será o administrador, porque não consigo acreditar que este não queira ver seu município em destaque nas notícias boas e positivas.
Temos que saber separar.

Separar o joio do trigo, os bons dos ruins, a responsabilidade de um da responsabilidade do outro. Não podemos dar ouvidos 100% ao que andam dizendo por aí, porque neste período, mais precisamente até outubro, ouviremos de tudo. Farão nossos ouvidos literalmente de penico. E precisamos saber discernir o certo do errado. Caso contrário, pagaremos novamente a conta. Vale a reflexão.