A coordenadora psicológica hospitalar, Andressa Vaccaro, explica sobre a condição

Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.

Conforme dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome. Na maioria das situações, resulta de uma combinação de fatores relacionados ao trabalho, como altas demandas, falta de controle sobre o ofício, conflitos interpessoais, falta de apoio e desequilíbrio entre vida profissional e pessoal.

A coordenadora psicológica hospitalar, Andressa Vaccaro, destaca que o Burnout compartilha sintomas semelhantes com outros distúrbios de saúde mental, como a depressão e a ansiedade. “Portanto, a avaliação realizada por um profissional de saúde mental é crucial para uma compreensão precisa, permitindo uma intervenção adequada e personalizada para auxiliar os profissionais a superarem essa condição”, conta.

Com uma consulta, muitas dúvidas podem ser esclarecidas. “O profissional é capaz de realizar uma avaliação diferencial para descartar outras condições e estabelecer um diagnóstico preciso. Isso é importante porque o tratamento e o apoio adequados podem variar dependendo do diagnóstico. Além disso, especialistas de saúde mental têm uma compreensão abrangente dos fatores psicológicos que estão subjacentes e que contribuem para o desenvolvimento e a manutenção do Burnout”, ressalta.

Segundo Andressa, pesquisadores e pessoas da área da saúde consideram o Burnout como um fenômeno complexo que afeta principalmente aqueles que trabalham em profissões que contemplam altos índices de estresse, como profissionais de saúde, da educação, de emergência, de tecnologia, policiais e outros. “No entanto, é importante observar que a síndrome pode ocorrer em qualquer ocupação, e a sua ocorrência pode variar dependendo de diversos fatores, incluindo a natureza, o o ambiente do trabalho e as características individuais”, frisa.

Ademais, é preciso reconhecer que o Burnout é um problema complexo que requer abordagens multidimensionais, envolvendo tanto os indivíduos quanto as organizações e a sociedade como um todo. “É essencial adotar políticas públicas de saúde que abordem diferentes aspectos, tais como, a educação e conscientização para promover a compreensão dos sintomas e consequências, tanto para os profissionais quanto aos empregadores. Isso pode ser alcançado por meio de campanhas, programas de treinamento e educação nas instituições de ensino e nas organizações”, afirma.

A profissional também diz que é preciso estabelecer diretrizes e regulamentações que promovam ambientes de trabalho saudáveis e incentivos para criar uma cultura de apoio e bem-estar dentro das organizações.” Assim como, promover o acesso adequado a serviços de saúde mental. Isso implica em políticas que reduzam as barreiras de acesso a avaliação e suporte especializado para profissionais enfrentando o Burnout”, complementa.

Quais os sinais?

Um dos sintomas da síndrome é o esgotamento físico e emocional, manifestado por uma sensação intensa de fadiga, exaustão e falta de energia tanto no âmbito físico quanto emocional. “Também há a despersonalização, que se refere ao desenvolvimento de uma atitude distante e pessimista em relação ao trabalho e às pessoas com as quais se relaciona, sentimentos de desapego e desumanização; a diminuição do desempenho profissional, caracterizada por uma queda na sua produtividade, eficiência e qualidade do trabalho. Dificuldade em cumprir prazos e atingir metas, acompanhada de perda de motivação e comprometimento; e sentimentos de ineficácia, envolvendo baixa autoestima, autocrítica, sentimentos de incompetência e ineficiência no trabalho. Há uma sensação de incapacidade de lidar com as demandas profissionais”, lista.

De acordo com a psicóloga, na maioria dos casos também se desenvolvem sintomas físicos, como dor de cabeça frequente, distúrbios do sono (insônia ou sonolência excessiva), problemas gastrointestinais, alterações no apetite, tensão muscular e outros sintomas físicos relacionados ao estresse crônico. “Há alterações emocionais, incluindo irritabilidade, ansiedade, depressão, apatia, desesperança, raiva e labilidade emocional; e isolamento social, evidenciado pela tendência de se afastar dos colegas de trabalho e amigos, evitando interações sociais, além da redução do interesse em atividades fora do ambiente de trabalho”, menciona.

Cabe mencionar que a presença de uma combinação significativa destes sintomas ao longo do tempo pode ser indicativa dessa condição. “No entanto, é fundamental buscar a avaliação de um profissional de saúde mental para um diagnóstico adequado e desenvolvimento de um plano de cuidado e tratamento, caso necessário”, alerta Andressa.

O tratamento

Segundo Andressa, o tratamento pode ser feito de várias maneiras. “Existem diversas abordagens, lembrando que cada indivíduo é único e pode ter necessidades diferentes, é recomendado uma avaliação médica e de profissionais de saúde mental qualificados e atentos a conduzir essa análise de forma individualizada e personalizada”, explica.

Intervenções Psicoterapêuticas: Diversas abordagens psicoterapêuticas têm mostrado eficácia no tratamento do Burnout, é importante ressaltar que a escolha da intervenção psicoterapêutica depende das necessidades individuais e específicas de cada pessoa. Um profissional de saúde mental qualificado poderá realizar uma avaliação detalhada e recomendar a abordagem mais adequada com base nas circunstâncias específicas do indivíduo.

Intervenções no local de trabalho: A implementação de programas de intervenção no ambiente de trabalho pode ser eficaz na redução do Burnout. Isso inclui a promoção de políticas de apoio, revisão de políticas organizacionais, a melhoria da comunicação, o equilíbrio adequado entre a carga de trabalho e os recursos disponíveis, além da promoção de um equilíbrio adequado entre trabalho e vida pessoal.

Suporte social: O apoio social é um fator importante no tratamento do Burnout. Suporte de amigos e familiares podem ajudar a lidar com os desafios emocionais e reduzir a sensação de isolamento.

Gerenciamento do estresse: Organização, estabelecimento de limites, delegação de tarefas, planejamento adequado e priorização de atividades.

Procure auxílio

Saber quando procurar ajuda é essencial. “Caso a pessoa esteja enfrentando esses sintomas ou conheça alguém que esteja, é recomendado procurar apoio médico, profissionais de saúde mental que sejam qualificados para uma avaliação e orientação adequadas. Além disso, realizar práticas de autocuidado, com a adoção de atividades como exercícios físicos regulares e atividades de lazer que promovam o bem-estar e o alívio do estresse”, finaliza Andressa.