Segundo o pesquisador e ambientalista James Lovelock, todos nós temos responsabilidades individuais de manter o bem-estar da Terra, considerada por ele como um superorganismo vivo. Ou seja, há uma integração e interdependência entre todas as partes que a compõem, incluindo a sociedade. Por isso, é impossível analisar problemas ambientais de forma isolada. A poluição ou qualquer outro dano apresentam reflexos em todo o mundo e não apenas em seus pontos de origem. Um exemplo é a aceleração do degelo das calotas polares, consequência de complicadores ambientais originados em várias cidades do mundo, que, por sua vez, refletem em um aumento do nível dos oceanos. Esse fenômeno deixa evidente a interconexão de eventos da Terra.

Outra situação, mais próxima do nosso cotidiano, são as enchentes que assolam boa parte das cidades brasileiras. Esse problema é uma responsabilidade de todos: governo, empresas e população. Isso é chamado de corresponsabilidade ambiental. Entretanto, não precisamos ir tão longe para observar eventos em larga escala para entender os efeitos nocivos de desacordos ambientais. Mas as cicatrizes provocadas pelo descaso também marcam a Capital do Vinho. A irresponsabilidade com a fauna e flora, a falta de infraestrutura para saneamento, tem transformado córregos dia após dia em fontes de mau cheiro e até mesmo transmissores de doenças.
Até mesmo a prática de simples ações, como dar a procedência indicada a materiais de descarte perigoso, como pilhas e lâmpadas fluorescente, se torna uma dor de cabeça. Além da grande parte dos estabelecimentos que revendem os produtos não aceitar a devolução do item, ação prevista na lei de Resíduos Sólidos, também conhecido como sistema de logística reversa, não é aplicada. Até mesmo nos poucos pontos onde a diretriz funciona, existe o “jeitinho brasileiro” de interpretação e o certo passa a ser duvidoso, o gratuito passa a ser cobrado.

O mais preocupante nessa questão é que poucos se importam com o tema. A velha ideia de que a Terra é autorregenerativa, e que nossas ações são mínimas perto de sua grandiosidade e não causam impacto significativo perdura por entre os séculos. A insistente manutenção de frases como “efeito estufa é invenção política” ou ” o derretimento das calotas polares sempre ocorreu”, fere a lógica e vai contra fatos comprovados. Não há mais tempo para extrapolar. A mudança no comportamento é necessária e precisa iniciar imediatamente.