O número de casos de reincidência de violência contra a mulher aumentaram mais de 131% no ano passado. As informações foram divulgadas pela Coordenadoria da Mulher e Centro Revivi, em Bento Gonçalves, nesta segunda-feira, 27. Segundo a coordenação dos serviços, a promessa de mudança de comportamento do companheiro, dependência financeira e, muitas vezes, fatores como a presença dos filhos, obrigam às vítimas retornarem ao lar e sofrerem novas agressões.

Durante o ano passado, foram contabilizados 1.394 atendimentos que envolvem acompanhamento psicossocial, monitoramento das violências e orientações jurídicas. Os dados mostram ainda que os atendimentos tiveram um aumento de 10,55%. Novos casos apresentaram queda de 13%. Só no ano passado foram 287 novas ocorrências. Em 2018, o número chegou a 330. Em média, ao longo de 2019, foram 117 atendimentos/mês, entre novos e já em andamento.

De acordo com a coordenadora dos serviços, Regina Zanetti, a reincidência ocorre, na maioria dos casos, devido a dependência financeira ou mesmo afetiva, em virtude de acreditar nas promessas de mudanças de comportamento por parte do agressor. “Também fatores como filhos, religião e cultura destacam-se nestas decisões prorrogando sua humilhação e sofrimento, muitas vezes perpetuamente”, alerta.

Com o intuito de conscientizar as famílias sobre o combate a violência doméstica e intrafamiliar, a Coordenadoria registrou aumento de 68% no atendimento individualizado a familiares das vítimas (companheiros, ex-companheiros, irmãos, pais, entre outros) em relação a 2018.

Três feminicídios foram registrados em Bento no ano passado

A Coordenadoria também alertou sobre o número de feminicídios registrados no ano passado. Conforme Regina, após cinco anos sem registros de morte, o município teve duas mortes em 2018 e três em 2019. Segundo a pasta, nenhum das vítimas havia registrado ou procurado por auxílio. “O fenômeno da violência doméstica é complexo e as dificuldades são apresentadas diariamente. Mesmo assim, acreditamos na luta pela defesa e aplicação dos direitos das mulheres”, finaliza. 

Foto: Franciele Gonçalves