Ninguém discute o potencial e o desenvolvimento econômico de Bento Gonçalves. A cidade é uma das mais pujantes do Rio Grande do Sul e faz com que sejamos destaques no setor moveleiro, vinícola, metal-mecânico e turístico. Porém, toda esta evolução tem um calcanhar de Aquiles preocupante: a falta de planejamento. Claro que isto não é um privilégio apenas da Capital do Vinho, pois grande parte dos municípios não se planejou para o crescimento.
O problema é que Bento Gonçalves cresce rápido demais e o poder público não consegue acompanhar o ritmo acelerado do setor privado. Em meio século, nossa cidade foi verticalizada, suas ruas recebem diariamente milhares de veículos e agora estamos pagando o preço por tamanha evolução. Resumindo, não houve uma projeção para o futuro por parte dos governantes que passaram pela prefeitura. Este acúmulo de pendências a serem resolvidas – é essencial ressaltar – é uma herança que atravessa décadas, onde a cidade praticamente fechou seus olhos para estas necessidades de prevenção.
Planejamento urbano é um item essencial para o desenvolvimento de uma cidade, sobretudo aquelas de porte médio e que nos últimos anos tem apresentado um crescimento elevado nas últimas décadas, caso flagrante de Bento Gonçalves. E justamente a um município como este, faltam políticas nesta área. Bento possui diversos gargalos no que diz respeito ao planejamento e a impressão que se tem é de que a cada dia aumenta o número de problemas a serem resolvidos. O trânsito é um deles. Talvez o primeiro item que se vem à mente quando se fala em problemas do município. Outro tema preocupante e diretamente relacionado é a questão do transporte público, alvo de queixas e reclamações por parte dos usuários.
As tubulações estouradas nas ruas Carlos Flores e General Vitorino são apenas a ponta do iceberg. Hoje, não há como saber qual a situação real do solo em Bento Gonçalves. A prefeitura não tem como saber por quanto tempo as tubulações vão aguentar a vazão de água que corre por ela. O crescimento desordenado dos bairros que, como o Progresso, estão recebendo quase uma dezena de novos prédios ao mesmo tempo, devem sofrer com o mesmo problema enfrentado pelo São Francisco. Infelizmente, o poder público terá que esperar o estouro dos canos e o afundamento do asfalto para dar uma resposta efetiva a este problema obscuro e silencioso que atinge a todos os cidadãos. Este fantasma que assola o futuro de Bento Gonçalves tem nome e sobrenome: planejamento e prevenção.