Em poucos anos, a paisagem foi transformada. As grápias, os louros, os cedros, as cabriúvas, as canjeranas e as araucárias foram cedendo lugar ao trigo, centeio, linho e muitas parreiras.

Pão, vinho e polenta. A mesa tornou-se menos pobre, a casa um pouco mais confortável. Os que haviam se arrependido de imigrar e os que tinham o coração cheio de esperança começaram a achar que a vida aqui era possível…
O imigrante construía uma casa provisória para abrigar sua família nos primeiros tempos. Posteriormente, uma maior de pedra, madeira ou alvenaria. As coberturas eram de tabuinhas de pinheiro – SCÁNDOLE – inicialmente e, a seguir, de telhas ou de zinco. Às vezes, decoravam-nas com lambrequins. Para diminuir o isolamento, a residência era erguida junto à linha ou travessão, à beira do caminho.

A cozinha era o centro das reuniões familiares. Inicialmente construída separada da casa de dormir, foi incorporada ao corpo da residência, quando surgiram os fogões e o fogo deixou de ser uma preocupação.

O lote era a unidade de base da economia familiar colonial. Praticava-se uma divisão etária das tarefas. Os homens responsabilizavam-se pelos trabalhos ligados à agricultura e ao trato dos animais de maior porte. As mulheres das tarefas caseiras e do cuidado da pequena criação. Entretanto, elas intervinham ativamente ao lado dos homens nos trabalhos agrícolas. Segundo suas forças, as crianças trabalhavam desde os oito anos. Havia igualmente tarefas artesanais masculinas e femininas.

A área dos lotes coloniais era ocupada pelo parreiral – localizado nas encostas, próximo à residência, pelas terras agricultáveis
– Alternava-se o plantio do milho com culturas de inverno – centeio, cevada e trigo. Plantava-se arroz, batata, feijão e aveia. Criava-se galinhas e porcos.

Árvores frutíferas eram plantadas em todo o lote: – parreiras, laranjeiras, bergamoteiras, caquizeiros, marmeleiros, figueiras. Os frutos eram consumidos “in natura” ou transformados em geleias e compotas.

Os instrumentos básicos de trabalho eram o arado e a enxada. Uma carroça, uma junta de bois, uma mula e cavalo, uma “SLITA”, uma vaca leiteira, eram igualmente imprescindíveis à economia colonial.

O trabalho gerou frutos: não para enriquecer, mas para manter, com austeridade, a numerosa família. Na fase inicial, o isolamento das colônias fez com que se produzisse quase tudo o que era necessário para o consumo local. O comerciante vendia o que o colono não produzia: – Sal, ferramentas, tecidos, etc, – e comprava o excedente colonial – isto chamava-se – ” ESCAMBO.”

Mascates percorriam as linhas, levando mercadorias e novidades: tropeiros e carreteiros, com suas mulas bruaqueiras e carretas, levavam e traziam produtos entre os centros consumidores e os pontos de compras e também os portos fluviais. Personagens conhecidos surgiam com as mudanças de estações e no decorrer das safras. O contato com os gaúchos possibilitou troca de mercadorias, de conhecimentos e de costumes.

Fonte: IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – 1995