Contam os primeiros imigrantes que, como na Itália fazia muito frio durante os três ou quatro meses de inverno rigoroso, as famílias que não dispunham de aquecimento nas casas ou recursos suficientes para se proteger do frio, viam-se obrigados a permanecerem em recintos fechados. Para não permanecerem sem fazer nada , aproveitavam para tecer o linho, isto é, faziam os fios de linho, usual entre os italianos.
A prática foi trazida para o Brasil. Como o frio não era tão intenso, não havia necessidade de permanecer em abrigos fechados. Ma s era importante o convívio com os vizinhos, parentes e amigos. Por isso vigorou o costume de se reunirem à noite, cada vez na casa de um dos participantes. Cada um carregava sua cesta com os apetrechos para sua atividade com a linha. Para fazer o fio de linho, molhavam as fibras da planta da mesma, após, com um pente feito de pregos, abriam as fibras até ficarem fios. Depois, com o BILRO de fiar, faziam o fio, primeiro mais grosso, depois mais fino, e o enrolavam e um carretel. O mesmo faziam com a lã de ovelha com a qual eram, após, confeccionadas blusas para vestir (de tricô ou crochê)
Esta prática de filó transformou-se com o tempo e passou a ser o “filó brasileiro” e “regional” em que os vizinhos, amigos e parentes reuniam-se uma ou duas vezes por semana.
O ritual do filó desempenhou um papel fundamental, pois foi graças as estes encontros de famílias que a história se manteve e passou de uma geração para outra. Os encontros não eram para trabalhar, mas para trocar idéias, rir, comer, cantar, falar dos amigos e parentes deixados na Itália, do namoro dos filhos … Também eram discutidos assuntos referentes à colheita do trigo, da uva, à elaboração do vinho, aos serviços domésticos e de plantio das diversas culturas. Os vizinhos ajudavam-se na tarefa da trasfega do vinho, no conserto de equipamentos, especialmente os usados no trato com as parreiras.
O filó era sinônimo de cantar, conversar, jogar e beber vinho ou tomar o brodo (caldo) de galinha.
“QUANTO MAIS SE VIAJA NO TEMPO, MAIS SE TEM NOÇÃO DO VERDADEIRO SENTIDO DA HISTÓRIA QUE NOS ENSINA LIÇÕES DO PASSADO.”
“Apesar de vivermos, hoje, em um mundo tecnicista, de objetos descartáveis e por isso mesmo de valor descartável, apesar de esta civilização negar a sabedoria dos anciões, ainda há a consciência de que os objetos antigos, mesmo que diferentes, fazem parte, eles também da modernidade e dela retiram seu sentido. Cada Objeto é como uma história que precisa ser conhecida e vivenciada.”