Passaram-se três anos e pelos últimos exames médicos o céu continuará esperando. Viver é bom demais!
Foi depois de uma pequena intervenção cirúrgica que, ainda dentro do hospital, abriguei a embolia dupla, severa e aguda. Era um pé na cova e outro numa casca de banana.
Bons médicos (o Dr. Hildebrando é um Anjo encarnado), um excelente hospital, a família dedicada e um coração forte, tudo junto, foi a salvação: continuo aqui.
Como fervoroso católico, tive um caso com Deus que merece destaque e logo depois dos longos dias do coma.
Ainda não podia falar e meu desejo era comungar. Ao meu lado, no leito, minha esposa e o zeloso irmão Euclides.
Fiz um gesto com a mão (aquele de ok) e a Margaret:
– “Sim Paulo, está tudo bem!”
– “Ãããããã!”, murmurei. Repeti o gesto de ok para o mano.
– “Ele está mandando a gente tomar no cu!”
Logo eu, naquele estado. Eu queria a Hóstia consagrada.
– “Ããããã…..! Não me entendiam.
A Margaret solicitou papel e caneta e escrevi três preciosas letras: H O S. Não consegui completar mas: TCHÃÃÃ…..
– “Hóstia! Hóstia!… Ele quer a comunhão”. Finalmente!
Fiz que sim com a cabeça, fechei os olhos e ansioso aguardei a presença de um ministro da eucaristia.
Muita honra: veio um Padre. Trouxe a extrema unção. Para quem não sabe, é para quem já escorregou na casca da banana. Tudo bem: ainda estou aqui!
O céu continuará esperando.