Na sexta-feira, 17, a sociedade dedica o dia para a conscientização e combate do câncer de Próstata, doença que atinge um em cada sete homens, conforme dados da Sociedade Americana de Câncer. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que só este ano, mais de 61 mil novos casos sejam registrados em homens acima de 50 anos de idade. Por ser silenciosa, a doença, em geral, cresce lentamente e grande parte não produz sintomas em sua fase inicial. Para isso, é preciso estar prevenido e realizar os exames necessários para evitar que o problema avance. Foi o caso do aposentado Raul Salvadori, que descobriu a doença há tempo e hoje trava uma batalha para continuar vivendo e fazendo o que segundo ele é a sua missão: continuar cuidando da esposa.

Nora Ester (e) destaca a coragem do sogro durante o tratamento. Foto: Ranieri Moriggi

A história de Salvadori pode ser comparada a tantas outras. O que diferencia de muitos casos é a preocupação em buscar uma solução para enfrentar o problema. Foi assim desde a primeira vez que a doença surgiu em sua vida, há aproximadamente 10 anos. “Senti um incômodo ao urinar e resolvi fazer uma consulta. Foi ali que o médico disse que estava com alguma alteração na próstata”, lembra. Salvadori diz que por ser considerado um problema hereditário foi a procura de ajuda médica. “Meu irmão, que reside em Caxias, também teve o mesmo problema e tratou assim que sentiu os primeiros sintomas, diferentemente dos meus tios que não tiveram a mesma sorte”, aponta.

Após consultas e exames, em 2006, Salvadori foi operado. Durante uma década, entre idas e vindas de consultórios médicos, os valores apresentados na proteína antígeno prostático específico (PSA), principal exame utilizado para detectar o câncer de próstata, mostraram alteração. A nora de Salvadori, Ester Elias, afirma que ao receberem a notícia de que os números do PSA estavam novamente alterados, a preocupação tomou conta de todos, afinal, a doença poderia ter voltado. Aos poucos, o medo foi deixado de lado, assim que os primeiros resultados, após reiniciar o tratamento apresentaram melhoras. “De forma alguma podíamos demonstrar preocupação para ele. É uma doença que assusta. Acompanhamos o vô durante todo esse período. A partir dos resultados no tratamento, começamos a ficar otimistas com a cura”, garante Ester.

Preconceito com o exame

Um dos principais fatores para a grande quantidade de homens com diagnóstico de câncer de próstata em estágio avançado é o preconceito quanto ao exame de toque. Para muitos, ainda há o sentimento de se preservar ou legitimar sua masculinidade. Salvadori lembra que teve vergonha na primeira vez que realizou o procedimento. “Fiquei envergonhado, mas cheguei à conclusão de que vergonha mesmo é chegar ao consultório quando o câncer já está em estágio avançado e não ter mais o que fazer”, afirma.

Salvadori lembra ainda dos amigos que faleceram por causa da demora em buscar ajuda médica. “Muitos conhecidos e amigos morreram porque procuraram ajuda médica muito tarde, quando a doença já estava em estágio avançado”, lembra.

Família e fé

Salvadori afirma que ao receber o diagnóstico da doença, teve o apoio da família. Para ele, a presença dos filhos e familiares foi o suporte para buscar a cura e permanecer confiante. “A família sempre esteve ao meu lado. Todos se preocupam muito comigo. Estão sempre me lembrando dos dias de consultas e exames”, lembra. Outro pilar que sustentou Salvadori foi a fé. Devoto de Santo Antônio, o aposentado, ex-integrante do Batalhão Ferroviário se apegou ainda mais a religião. Para ele, foi um momento para rever suas atitudes. “Precisei parar e pensar na vida que estava levando. Não só na questão espiritual, mas, também, os hábitos na alimentação, prática de exercícios. Estou com 84 anos e busco cuidar sempre da minha saúde”, destaca.

O trabalho da Liga

Assim que o problema foi constatado, Salvadori buscou apoio da Liga Feminina de Combate ao Câncer. Para ele, a entidade teve papel fundamental no apoio ao seu tratamento. “O trabalho que a Liga faz é fora de sério. É muita gente sendo ajudada. Temos que valorizar o que é feito aqui. Precisamos ajudar quem nos ajuda”, pontua.

Quanto antes a doença for detectada, maiores as chances de tratamento e cura.
Foto: Reprodução

O futuro

A nora Ester afirma que o sogro é um exemplo para todos. Mesmo doente, nunca deixou de lado o cuidado da casa, principalmente de sua esposa Elvira, acamada há quatro anos, devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC). “O vô Raul está sempre cuidando da vó Elvira. Ele se manteve firme o tempo todo. É um exemplo de pessoa”, afirma.
Questionado sobre o futuro, Salvadori diz que tem uma missão a cumprir. “Após curado, quero ainda cuidar da minha esposa até onde Deus me permitir”, enfatiza.