O maior programa de moradia popular do país, Minha Casa Minha Vida (MCMV), que já beneficiou mais de 14 milhões de famílias com residências de valores acessíveis em todo país, está com atraso no pagamento de obras por parte do Governo Federal. Como consequência, cerca de 14 mil empregos estão em risco no Estado.

Em Bento Gonçalves, dos 849 imóveis lançados nesse ano, mais de 50% são pelo MCMV. Embora confirme os atrasos nos repasses das verbas, o Presidente da Associação das Empresas da Construção Civil da Região dos Vinhedos (Ascon), Adriano De Bacco, afirma que, na contramão da realidade de outros municípios, por enquanto, os empregos gerados pelo programa não estão ameaçados e as obras na Capital do Vinho não foram afetadas. “Conversando com os associados, há um atraso sim. Em Bento não existe empregos em ameaça porque as obras não estão paralisadas. Em algumas situações estão sendo colocados recursos próprios para não parar. Empréstimos também não foi o caso”, esclarece.

Presidente da Ascon Vinhedos, Adriano De Bacco

Futuro

De Bacco aponta que se os atrasos persistirem é possível que alguns empregos entrem em risco, mas afirma que o maior receio é com a não assinaturas de novos contratos que podem ocorrer como efeito da demora na liberação das verbas. “O que já está contratado a Caixa vai honrar. O que nos preocupa é que se o atraso continuar, pode prejudicar o futuro porque se não conseguirmos assinar novos contratos, não sai os empreendimentos e é isso que pode gerar desemprego. Essa é a grande dificuldade”, alerta.

De acordo com o De Bacco, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), já está cobrando do Governo Federal a liberação dos recursos. “ Para retomar os empregos que diminuíram no Estado têm que ser via construção civil, porque a empregabilidade e a velocidade de melhora nessa área é muito rápida. Se o presidente Bolsonaro fizer isso, acaba movimentando toda linha branca: os móveis da nossa região, o comércio, a indústria metalmecânica, todos que vão efetivamente mobiliar um apartamento, mexer com a estrutura predial, ferro, tijolos, vidros, esquadrias, enfim, tudo”, acrescenta.

Motivos

Segundo De Bacco, o governo congelou os recursos porque não estava preparado para um crescimento tão grande nos lançamentos das residências do programa. No Brasil, foram lançados 15.608 imóveis no primeiro semestre do ano. Já no segundo, foram 40.104, representando aumento de 96% ao todo. “Como esse aumento obviamente não estava programado, não tinha todo dinheiro necessário, então foi feito o contingenciamento, porque esse número crescente fez com que houvesse falta de recursos”, explica.

Em Bento, esse ano, foram lançadas 402 unidades habitacionais consideradas fora do padrão econômico. Já as que fazem parte do programa MCMV foram 447 ao todo, por isso, De Bacco afirma que espera que em 2020 não se tenham as mesmas dificuldades enfrentadas nesse ano. “Até porque o presidente foi eleito justamente para atender os anseios da população e é esse objetivo que a gente quer. Acho que esse programa por ter dado certo não tem como parar, principalmente por ter taxas de juro baixos e com crescimento para retomar os empregos que já diminuíram na construção civil e a nível nacional”, finaliza.