Essa é a 3ª causa de morte de mulheres da doença no Brasil. Exame oferecido pelo SUS, o citopatológico, é essencial para diagnóstico precoce da doença

A prevenção de doenças tem se tornado cada vez mais frequente por meio das campanhas de conscientização no Brasil e no mundo. O Janeiro Verde visa combater o câncer do colo do útero, que segundo a Sociedade Brasileira de Cancerologia, é o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina e a quarta causa de morte de mulheres pela doença no Brasil.

Conforme o Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2022, o Brasil teve registro 6,6 mil óbitos, além da estimativa de 17 mil novos casos. A mastologista e ginecologista do Instituto do Câncer do Hospital Tacchini, Aline Valduga, revela que o surgimento da doença é associado à infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV). “Cerca de 80% das mulheres com vida sexual ativa serão infectadas por esse vírus em algum momento da vida”, evidencia.

A médica enfatiza que existem dois exames muito importantes para a rastreamento ideal. “O citopatológico de colo uterino identifica células com alteração que sugerem lesões precursoras ou câncer de colo uterino. O teste do HPV por PCR tem como objetivo identificar se a paciente está infectada pelo vírus, e em caso positivo, por qual subtipo. Esse exame, infelizmente, não é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, ressalta.

Sobre quando os testes devem começar a ser feitos, Aline explica que o rastreamento deve iniciar aos 25 anos e cessar aos 64. “Porém, pode haver necessidade de manter o rastreamento por mais tempo, caso a paciente já tenha tido lesão pelo HPV. O exame pode ser feito a cada três anos em pacientes que possuem o citopatológico de colo uterino e HPV negativos”, aponta.

As lesões iniciais, ou seja, as que não forem tratadas, evoluem para o câncer de colo uterino e costumam ser assintomáticas, como esclarece a ginecologista. “Cânceres em estágios bastantes inicias podem não apresentar sintomas”, salienta.

Ela também acrescenta que alguns sintomas, como dor, sangramento após relação sexual ou irregular, e secreção vaginal aumentada e amarelada com odor fétido, costumam ocorrer em cânceres já avançados. “O que diminui as chances de cura”, frisa.

Qual é o tratamento?

A profissional menciona que o tratamento depende de em que estágio o câncer foi diagnosticado e do desejo da paciente ter filhos. “Lesões que podem se transformar em câncer de colo uterino como NIC (neoplasia intraepitelial cervical) II e NIC III são tratadas através de conização – procedimento que remove uma pequena porção do colo uterino. Tumores de colo uterino iniciais, como carcinomas in situ, também podem ser tratados da mesma forma”, sublinha.

Ademais, tumores iniciais em pacientes que desejam gestar podem ser tratados com traquelectomia, que consiste na retirada do colo uterino. “Outros casos necessitam com a retirada do útero e os mais avançados com quimioterapia e radioterapia isoladas”, indica.

Como informa a médica, a chance de cura é muito alta quando o diagnóstico é feito precocemente. “Por isso a importância de exames ginecológicos de rotina”, argumenta.

Descobrir a doença o quanto antes possibilita o tratamento de lesões precursoras do colo uterino e também de cânceres em estágios iniciais. “O que, consequentemente, leva a maiores taxas de curas e tratamentos menos agressivos”, motiva.

Câncer do colo do útero tem cura?

Para a ginecologista, a vacina contra o HPV é a melhor maneira de prevenção. “Ela pode ser realizada até os 45 anos de idade. Está disponível gratuitamente nos postos de saúde para meninas e meninos de 9 a 14 anos, e também para mulheres de 9 a 45 anos e homens de 9 a 26 anos que tenham HIV, transplante de órgão sólidos, de medula óssea e pacientes oncológicos”, expõe.

Outra ação que previne o câncer é ter responsabilidade com o parceiro e utilizar proteção. “É importante a prevenção com o uso de preservativos feminino ou masculino em todos os tipos de relações sexuais”, recomenda.

Outros cânceres ginecológicos

Além do câncer do colo uterino, Aline cita outros tumores ginecológicos, como no ovário, corpo uterino/endométrio, vagina e vulva. “Exceto o colo uterino, os demais cânceres não possuem programas de rastreamento, mas podem ser diagnosticados pelo ginecologista em consultas de rotina”, conclui.

O que aumenta o risco da doença, segundo o Inca?

• Início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros.
• Tabagismo (a doença está diretamente relacionada à quantidade de cigarros fumados).
• Uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.