Reunião entre líderes de bancada e representantes municipais da Serra e Vale do Caí ocorreu na manhã da terça-feira, 19, na Capital

O leilão do Bloco 3 da concessão das rodovias estaduais gaúchas ganhou um novo episódio nesta terça-feira, 19. Em encontro na Assembleia Legislativa, líderes de bancada e prefeitos do Vale do Caí e da Serra debateram o assunto, especialmente no que tange os valores das tarifas dos pedágios, a localização das praças de cobrança, entre outras pautas.

Conforme o presidente da casa, o deputado Valdeci Oliveira (PT), a iniciativa é de suma importância, visto o descontentamento que os gestores municipais demonstraram perante o resultado. “O Parlamento gaúcho é parceiro para mediar e construir coletivamente alternativas que contemplem os interesses dos municípios”, considerou, em nota nas redes sociais.

O leilão de concessão dos 271,5km de rodovias na Serra e no Vale do Caí ocorreu na última semana, tendo como empresa vencedora o consórcio Integrasul. A proposta da única empresa participante do leilão apresentou um deságio de 1,3% sobre o valor a ser cobrado nos pedágios, no qual os preços ficaram entre R$ 6,85 e R$ 9,83.

O presidente da Associação das Entidades Representativas de Classe Empresarial Gaúcha (CICs Serra), Elton Gialdi, esteve na reunião, com o intuito de entregar um ofício ao secretário de Parcerias do Estado do RS, Leonardo Busatto, ao qual pede que ele e o governador, Ranolfo Vieira Júnior, não assinem o contrato de concessão. “Uma vez que entendemos que o objetivo do governo, bem como as expectativas dos usuários, não foi contemplado. O modelo escolhido provado que não foi adequado, que não agregou e não estimulou as empresas concessionárias tradicionais a participarem do leilão. Só existiu uma interessada e, a partir do momento que estava única no certame, acabou oferecendo somente 1,3% de deságio, o que ficou irrisório e que deixou as tarifas por km rodado, da Serra, 60% mais caras do que outras regiões do estado”, pontua.

Após a reunião, onde Gialdi participou por convite do deputado Tiago Simon (MDB), o empresário revela que, neste momento, percebeu um envolvimento maior dos líderes de bancada. “Percebemos que eles abraçaram mais a causa agora, pós leilão, após perceberem que foi um fracasso. A grande maioria está se mobilizando no sentido de fazer o apelo ao governador para que não assine o contrato de concessão”, pondera.

Ele defende que o governo tem a prerrogativa de não assinar os documentos. “Acho que o governo precisa fazer o uso dela, que está prevista em edital, para refazer o certame e conseguir resultados mais positivos para a Serra Gaúcha e os demais envolvidos”, enfatiza.

O prefeito de São Sebastião do Caí, Júlio Campani, revela que a reunião foi de extrema importância no sentido de obter avanços. “Pudemos apresentar as nossas razões e argumentos ao presidente da assembleia e líderes de bancada, externando a preocupação com o desenrolar destas questões do bloco 3. Explicamos as dificuldades que a região, como um todo, vai enfrentar sob os aspectos econômicos, considerando que o valor da tarifa é extremamente elevado. Além disso, no nosso caso específico, o fato de a futura praça de pedágio ser instalada no bairro Areião que vai dividir esse bairro e praticamente a cidade. Felizmente o presidente da Assembleia abriu essa importantíssima janela para que nós, prefeitos da região, conseguíssemos externar nossas preocupações e acreditamos que esse assunto deva avançar no intuito de o Parlamento solicitar ao governo que não homologue o resultado do leilão”, considera.

Conforme ele, os próximos passos já estão definidos. “Hoje o presidente Valdeci tem uma agenda com o governador e foi autorizado pelos líderes de bancada e o presidente assumiu esse compromisso de pautar esse assunto com o governador para tentar sensibilizar a não homologar os resultados e, se for o caso, provocar uma reunião dos deputados com as lideranças do Vale do Caí e Serra para tentar rediscutir esse assunto”, frisa.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o deputado Tiago Simon (MDB) revelou sua visão sobre o assunto. “O valor das tarifas é o maior impeditivo neste momento, que realmente nos traz uma insegurança enorme, porque vai, sem nenhuma dúvida, minar a competitividade econômica de uma das regiões mais empreendedoras e produtivas do nosso estado. Exigências desproporcionais de garantias, conta aporte, uma série de situações, acabariam justamente por impedir a entrada de mais investidores, conjuntamente a questão da conjuntura internacional que nós vivemos”, esclarece.