Natural de Porto Alegre, Hilton Mancio é casado, tem dois filhos e está há 11 anos em Bento Gonçalves como Superintendente do Hospital Tacchini. Na área da saúde, desde 1993, em Porto Alegre, Hilton trabalhou no Hospital Mãe de Deus, por cerca de 11 anos e também em uma clínica de Diagnóstico. Em 2010 veio para Bento para assumir o Tacchini em uma experiência nova e motivadora, sendo o seu primeiro trabalho com operadora de planos de Saúde. Trabalhou cinco anos ao lado de Armando Piletti, que ficou 50 anos à frente da instituição.

O Tacchini na pandemia

Olhamos um cenário onde, no início, não se tinha muita informação e sim muitas incertezas. Fizemos um planejamento para uma situação extrema, tanto que o primeiro movimento do hospital, em março de 2020, foi de que precisávamos colocar a estrutura do hospital à disposição da população. Então, imediatamente, começamos um processo de adaptação do hospital para que ele estivesse em prontidão para receber pacientes infectados com a Covid-19. O planejamento trabalhou com o cenário mais extremo na largada, nos preparamos para o caos. A partir daí, fomos aprendendo a lidar com o vírus, a mexer nas estruturas internamente e, com isso, nossa eficiência e a velocidade do nosso processo decisório aumentou muito, sobretudo com a criação da sala de situação, que nos permitiu operacionalizar com agilidade o atendimento aos pacientes mais críticos. Esse modelo nunca mais vai deixar de existir na estrutura hospitalar. Há trinta dias estávamos com 70 pacientes de UTI internados, hoje temos 40 internações. Possuímos 45 leitos de UTI, mas rapidamente podemos ativar ou desativar estruturas suplementares. Com o processo acelerado das vacinas, temos a expectativa que ainda vamos conviver com o Covid por mais alguns meses, mas esperamos que a curva de contaminação vá tendo picos menores, se tornando mais manejável e controlável.

Novo Hospital e o SUS

Todos os nossos investimentos são olhando para a epidemiologia, não fizemos nada dissociado das doenças e das necessidades de atendimento da região. Aqui, o câncer, as doenças vasculares e os traumas são predominantes. O Tacchini foi construído de uma forma a ter sustentabilidade e o nosso plano de saúde é a nossa grande mola propulsora da manutenção e aprimoramento constante das estruturas. O Tacchimed é um pilar fundamental nesse processo e vamos fazer um investimento maciço para dar o melhor ao tacchimediano sem abandonar o usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos convênios atendidos. Com a criação do novo hospital, vamos tirar o Tacchimed de dentro da estrutura atual, e levar para o novo Hospital. Com isso, traremos o SUS para onde, atualmente, internamos os pacientes com convênio. Dos atuais 300 leitos do Tacchini, vamos expandir para 421. A área de hemodiálise passará de 20 para 42 espaços, com benefício direto tanto para pacientes do SUS quanto de convênio.

O lado financeiro da pandemia

No ano passado, se não houvesse o auxílio emergencial e alguns projetos parlamentares de custeio, nós teríamos 33 milhões de reais de déficit com o SUS, e quando falo isso, é importante que se tenha clareza, de que não está na pauta do Tacchini não atender o SUS. Para o nosso conselho de administração, isso é muito precioso. Estamos há 19 anos sem reajustes de tabela do SUS e, ano passado, atendemos 66% pelo sistema, e a receita do SUS representou apenas 15% do total. Temos dificuldades, mas agora precisamos encontrar o caminho para resolvê-las, sem abandonar o DNA da organização Tacchini, que é servir a comunidade.

A estrutura do novo Hospital

Começamos a obra em julho e ela tem duas etapas. A primeira, de doze meses, é para a construção da base do prédio, que terá estacionamento, algumas lojas e recepção do hospital. Isso começa a funcionar no final dos doze meses. Na segunda etapa, nos doze meses seguintes, se constrói a torre, que terá nove andares, 121 leitos hospitalares, 3 mil m² de uma área de reabilitação de alta complexidade, incluindo até mesmo a construção de uma piscina semi olímpica. Será uma estrutura completamente integrada. Nesse mesmo prédio, teremos a hemodiálise, onde o SUS também estará presente, além de um andar inteiro para atendimento aos pacientes do plano Maturità, exclusivo para pessoas acima de 59 anos. Daqui para frente o Tacchimed vai trabalhar forte na diversificação de produtos, criando soluções conforme as necessidades mais específicas dos consumidores, trabalhando muito em agregação de valor para o cliente. Nossa operadora atua em 29 cidades, então, para sobreviver nesse meio, temos que conseguir fazer com que o nosso cliente perceba o valor da nossa entrega.

Atendimento no Tacchini

Quem trabalha na área da saúde tem uma visão muito técnica dos eventos e dos acontecimentos que muitas vezes o cliente não tem. Por isso, ele não compreende o que está acontecendo e identifica situações que considera como falhas, mas que não necessariamente o são. Quando o paciente entra na porta do Pronto Socorro, por exemplo, inicia um processo de atendimento. Muitas vezes, uma pessoa que está na sala de observação, não compreende o porquê daquela espera, mas, naquele momento, o médico está observando como ela está reagindo, não é uma demora de processo. Quando identificamos que a nossa visão técnica é uma e percepção do paciente é outra, precisamos aproximar esses entendimentos. Temos sim formas diferentes de médicos estabelecer contato com o paciente, então, estamos trabalhando essa questão para aprimorar criar o jeito Tacchini de atender, com o olho no olho e conversa. Nós, instituição, iniciamos um trabalho nesta direção com o médico, de como nós gostaríamos que fosse feito o atendimento. São pontos que estão no nosso radar e precisamos melhorar a percepção do cliente sobre o que ele passa quando entra na estrutura. É importante salientar que temos aproximadamente 85% dos atendimentos feitos no Pronto Socorro que não são de urgência e aquela estrutura está preparada para salvar vidas. Nos casos mais graves, a reclamação no atendimento é zero, porque elas vêm a velocidade com que a equipe ataca a situação. Nos demais casos, estamos adequando e adaptando a estrutura. É preciso entender que se o paciente trocasse o Pronto Socorro por um consultório em casos não emergenciais, o médico iria pedir exames que ficam prontos dias depois e ainda teria que voltar para mostrá-los. Demoraria semanas. Aqui, ele entra por uma porta, fica de seis a dez horas no pior dos cenários, e sai com o processo todo concluído. O Tacchini é o único hospital na cidade, é parâmetro de tudo e não há comparativos. Em Porto Alegre, por exemplo, os hospitais de ponta não atendem na nossa velocidade e nem com esses processos. Mas, buscamos sempre melhorar.

Relação Tacchini- Corpo Médico

Nós estamos concluindo um processo de atualização de todo o modelo de governança corporativa do Tacchini. Hoje, sou o elo entre o conselho e a gestão do hospital. O corpo clínico está mais ligado à gestão e não tem tanta relação com o conselho de administração, que atua mais estrategicamente. Bento tem ótimos médicos. Muitas vezes, ouvimos dentro do Tacchimed que há demora para consultas com um médico específico, mas isso não significa que não tenham médicos da mesma especialidade com horário livre, a questão é que o paciente quer aquele determinado médico, e nem sempre há disponibilidade. O Pronto Socorro tem uma estrutura para atender as situações que surgem lá. O médico de plantão presta o atendimento até o final na maioria das vezes. Mas, se perceber que precisa de um especialista, ele aciona o que está na grade de disponibilidade, e não o médico que o paciente quer. Estamos criando uma residência médica no hospital. Queremos implantar o projeto em março de 2022, onde estaremos trazendo para dentro da nossa estrutura um processo de formação de profissionais que nunca atuam sozinhos, estarão sempre sendo supervisionados. Temos 270 médicos atendendo no corpo clínico do hospital, de praticamente todas as especialidades.

Novas Tecnologias

Há quase três anos ingressamos na Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), onde estão os 125 hospitais de excelência no Brasil. Somos uma instituição sedenta por conhecimento e estamos em um processo de inovação muito forte. Há um ano estamos com uma consultoria francesa trabalhando a questão de inovação e tecnologia. Todo investimento que fazemos é com muita análise, para trazer o melhor para o paciente. Exemplo disso é que durante a pandemia foram publicados artigos sobre os Cateteres Nasais de Alto Fluxo (CNAF) e a equipe técnica trouxe isso para dentro do hospital. Compramos um e testamos por 30 dias. Constatamos que a utilização dos equipamentos diminuía muito o número de intubações, reduzindo o tempo do paciente na UTI. Hoje, estamos com 10 unidades e reduzimos as intubações dos pacientes em 70%. Essa tecnologia está incorporada na estrutura do Tacchini.

O Tacchini está atrelado a Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), que reúne os 125 hospitais de excelência do Brasil

Relação Tacchini- UPA

Operacionalmente estamos com um alinhamento muito eficiente. Na pandemia desenvolvemos um software e o disponibilizamos para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde conseguimos monitorar os pacientes, com isso, temos uma integração muito forte. Conseguimos receber, daquilo que foi demandado pela UPA, cerca de 90% dos casos. Temos 23 leitos de UTI SUS, sendo 10 deles de isolamento, para Covid-19. Então, quando bate esse teto, quem tem que dar suporte ao SUS é a rede estadual. É diferente do tacchimediano, para quem a estrutura do Tacchini é a primeira opção. Apesar de ter um tamanho definido, chegamos a ter 33 pacientes do SUS dentro da UTI do hospital. Nos últimos dois anos estamos no melhor momento de integração com o município.

Vantagens para o Tacchimediano

A assistência tem sido alvo principal da nossa atenção, onde a enfermagem, por exemplo, mudou radicalmente, com treinamentos e melhorias. O cliente do Tacchimed, cada vez mais vai ter acesso a atendimentos de nível elevado em Bento. E o que não temos aqui, o Tacchimed disponibiliza uma rede para atendê-lo. O plano segue uma legislação, quem define a regra do jogo é a Agência Nacional de Saúde. Temos tecnologias compatíveis com os principais centros de saúde do Rio Grande do Sul e do País.

Investimentos
A nossa instituição se envolveu, nos últimos dois anos, em pesquisas de melhorias tecnológicas. O resultado disso pode ser notado na nova estrutura de UTI, que é umas das melhores do estado, assim como o Centro Obstétrico. Essas estruturas que foram melhoradas ao longo dos anos, alcançaram um nível extraordinário de qualidade e eficiência. O tratamento de câncer, posso garantir, está alinhado com os principais centros brasileiros. Estamos investindo para dar o melhor à comunidade.

Os projetos

Tudo é uma questão de planejamento, se não deu para fazer hoje, organizamos para que seja possível mais tarde. Esse planejamento que estamos fazendo, por exemplo, do novo hospital, é o maior da história do Tacchini e há cinco anos atrás, não achávamos que seria possível. A residência médica também: planejamos e organizamos e será possível, assim como o Instituto Tacchini de Pesquisa em Saúde, que já tem cinco anos de muito trabalho. No nosso time, não existe não fazer, e nesse sentido, dentro do Tacchini, não tenho frustrações, pois, o nível de autonomia que temos para trabalhar dentro do hospital é a minha grande motivação. Não é o trabalho de uma pessoa só, somos uma equipe. Temos 31 conselheiros e mais de 2,2 mil pessoas trabalhando em nosso Sistema de Saúde, tudo para um bem maior.

A rotina de trabalho

Institui um jeito de trabalho há bastante tempo, se não a gente enlouquece. Trabalho quantas horas forem necessárias durante a semana e procuro preservar os finais de semana para minha família. Isso não significa que não me envolvo com assuntos do hospital no final de semana, o que, na verdade, acontece com muita frequência. Essa pausa que busco semanalmente é para valorizar a presença da minha família, e também por uma questão de saúde mental. O ambiente do hospital exige muito de nós, pois trabalhamos com a vida das pessoas.

Visão de Bento

Ao falarmos de mercado de trabalho, Bento é uma cidade Europeia, de primeiro mundo. Antes da pandemia o número de desemprego era de 2,7%, ou seja, quase nada. Em termos econômicos, é uma cidade rica, de pleno emprego e não é à toa que temos tantas pessoas de fora da cidade trabalhando aqui. No Tacchini, por exemplo, temos pessoas de 24 estados brasileiros. O bento-gonçalvense, na saúde, não tem muito critério de comparação, a cidade tem um sistema diferenciado. Vejo muitas críticas à UPA e ao SUS, mas é injusto, o nosso sistema de saúde é muito bom. Bento é outro Brasil dentro do Rio Grande do Sul.

HUB Bento e Carlos Barbosa

O Hub de Saúde é um local onde reúne todos os recursos que uma pessoa precisa para ter seus atendimentos na área da saúde, é um centro de conexões. Estamos fazendo isso na quadra do Hospital São Roque, em Carlos Barbosa e no Tacchini de Bento, com conexão ao Medical Center, que nós vamos inaugurar nos próximos anos. Se alguma coisa não se resolver nesses lugares, já temos engatilhado uma conexão com o outro Hub e com outros serviços ao redor do mundo.

O Tacchimed é a saúde financeira do Hospital Tacchini

Momento marcante

O nascimento dos meus filhos, assisti o parto dos dois, e indico isso a todas pessoas, pois é algo que nunca vai esquecer na vida. A emoção, nada se compara a isso.