Efeitos do coronavírus atingiram também a construção civil por causa da paralisação imposta via decretos e o receio dos consumidores sobre o que vai acontecer

A pandemia provocada pela Covid-19, ou coronavírus, espalhou vítimas em todos os setores da sociedade com ênfase para o setor produtivo de modo geral. Uma das áreas que também sentiu os efeitos da crise foi a construção civil. Primeiro por causa da paralisação das atividades por força de decretos do governo do estado e da administração municipal de Bento Gonçalves, período em que não foram realizadas vendas e as obras deixaram de andar. Segundo, conforme explica o presidente da Associação das Empresas de Construção Civil da Região dos Vinhedos (Ascon Vinhedos), Milton Milan, por causa da insegurança das pessoas.

Ele explica que o comprador está aguardando a situação se acalmar para, só então, decidir o que fazer. “Quem está nesta situação de insegurança não está disposto a consumir, principalmente um apartamento, um lote, ou algo semelhante a um investimento desta natureza”, disse Milan. Ele afirmou que a construção de empreendimentos não foram suspensos por causa do coronavírus e que depois que novos decretos autorizarem a volta à normalidade, as obras foram retomadas.

Milan também falou que desconhece demissões no setor da construção civil, “salvo alguns casos isolados e pontuais que não têm a ver com a situação causada pelo coronavírus”. E explicou que a retomada das obras, com material de construção à disposição, ocupa a mão de obra que estava trabalhando antes do quadro se agravar. O ‘senão’ da situação foram as duas semanas de paralisação do setor que, de acordo com o presidente da Ascon Vinhedos, devem decretar cerca de 15 dias de atraso no prazo de entrega das obras. Mesmo assim, projeta que muitas empresas devem conseguir cumprir os prazos acordado.

Expectativas de retomada das vendas

Entre os empresários da construção civil o quadro não chega a ser pessimista. Ao contrário, pois há estimativa de retomada das vendas a médio prazo. Rafael Panazzolo, da Panazzolo Construções, lembra que o mercado da construção civil “é muito volátil” e que a crise “com certeza atrapalha, mas não tem como dizer se a situação estaria melhor, ou não, sem essa pandemia”. Com 15 funcionários executando uma obra, Rafael diz que a empresa não demitiu e que já observa um movimento melhor, com algumas pessoas procurando informações sobre imóveis.

Na mesma linha segue Diogo Parisotto, da Construtora Parisotto, que está executando três obras simultaneamente. “Alguma coisa está se vendendo embora a procura tenha caído bastante. É que as pessoas estão esperando para ver o que vai acontecer e, até que isso se resolva, estão inseguras quanto a novos investimentos”, destaca o administrador. Parisotto também afirma que não foram realizadas demissões e que as obras seguem com ritmo normal.

Na Construtora Arcari, o diretor executivo Andrey Arcari também está otimista. “Sabemos da dificuldade e desafios que teremos pela frente, com grande impacto econômico, mas precisamos continuar focados no negócio, muito atentos aos custos, trabalhando e inovando muito, no caminho da transformação digital, que já ocorre em nossa empresa, e irá se acentuar a partir de agora”. Para alavancar negócios, recomenda que as pessoas utilizem as facilidades oferecidas pelo mercado financeiro como forma de incentivo às vendas no mercado imobiliário.

Atenção

A Associação das Empresas de Construção Civil da Região dos Vinhedos tem cerca de 80 associados nos municípios vizinhos, mas a grande maioria é de Bento Gonçalves.

De acodo com o presidente da Ascon, Milton Milan, os associados são construtoras, incorporadoras, e todas as empresas que trabalham no ramo, como fornecedores de materiais ou de mão de obra.

Somente em Bento, estes 80 associados seriam responsáveis, atualmente, pela execução de obras em cerca de 100 empreendimentos, principalmente em Bento Gonçalves.

Foto: Arquivo