Eu em aplicativo de “namoro”:
Bonito demais. Muito novo. Muito feio. Opa deu match:
– Oi gata ‘mel dels’ que sorriso lindo.
– Obrigada!
– Vamos tomar um vinho?
Aff…rápido demais

Muito rico. Foto no banheiro. Escreve “emprezario”. Olha, um match:
– Oi linda td bem?
– Oi tudo e vc?
– E então o que vc tá fazendo aqui no Tinder?
Aí gente sério…tá
– Bom nem eu sei…conhecer pessoas novas, trocar uma ideia (que bola fora, Andressa…)

Não sorri com a boca aberta. Muito nerd. Um amigo (será que passo ou curto? Será que ele me curtiu? Vou esperar para decidir). Uma foto. Foto do Google. Nossa, o match que eu queria:
– Uau, o que uma gata dessa tá fazendo no Tinder?
Lá vamos nós de novo…

Esse faz a brincadeira dos pontos. Esse é casado. Um casal. Uma criança! Um psicopata. Um cheirador de pé.
– Me passa teu whats aqui é ruim de falar.

Gosta de viajar, barzinho, gente sincera e humilde (MUITO REVELADOR). Foto de cueca. Foto do contracheque (SIM). Esse é meu número. Ah, não me curtiu…ok. Muito velho. Hummm…deu um match, vamos ver:
– Oi tudo bem?
– Tudo e vc?
– Tudo ótimo! E você?
Que?
– Tudo bem…
– Tem Instagram?
Entendi.

A gente fala sobre a profissão e finge que vai marcar um café. Até perceber que nada substitui a vida real. Penso em me aposentar oficialmente desses aplicativos. Sim, eu ainda tento. O que foi? Não estava mentindo quando falei que não sabia.
A aparência é limitada. A descrição é copiada. Ninguém mais tira você pra dançar. Ninguém mais conversa. Olhamos para as telas de celular, para conseguir matchs e noites vazias. E olha que nem falei da falta de respeito e machismo…É pedir muito pessoas de carne, osso e um perfil decente?