O Sindilojas apurou que 2021 promete recuperação em torno de 47% em relação ao ano anterior

O Dia das Mães, data de extrema importância para o comércio, costuma ser muito esperado pelos lojistas de Bento Gonçalves. Após mais de um ano de perdas financeiras causadas pela pandemia, há esperanças de que haja uma leve recuperação em 2021.

Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Bento Gonçalves (CDL-BG), Marcos Carbone, a data é a indutora de vendas mais relevante do primeiro semestre, e sempre vem acompanhada de otimismo e projeção de boas vendas. “O momento reforça esse viés positivo a flexibilização na atuação do comércio, permitida pelas medidas anunciadas pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Depois de muita insistência por parte das entidades representativas, começam a reconhecer que o comércio não é o vilão da pandemia e que obrigar os estabelecimentos a fechar as portas não soluciona a situação – muito pelo contrário, gera outros problemas”, afirma.

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Bento Gonçalves (Sindilojas-BG), Daniel Amadio, a expectativa é de o município voltar ao nível de vendas de 2019, depois de uma queda de 33% em 2020. “Este ano promete recuperação em torno de 47% em relação ao anterior. Nas preferências estão o vestuário, com 29%, perfumes ou cosméticos, que somam 19%, e calçados, que totalizam 9% do total”, explica.

Além disso, Amadio aponta que o valor médio de compra vai ser de R$ 131. “Cerca de 80% dos compradores deixaram para esta semana. Outros fatores que irão decidir a compra: 45% pelo preço e 13% pelo atendimento. Assim, as lojas investiram em produtos de baixo valor e bom atendimento”, salienta.

Entretanto, de acordo com Carbone, mesmo se as vendas suprirem as expectativas, não será possível reparar parte dos danos causados pelo coronavírus. “O comércio vem de um ano inteiro de restrições de funcionamento, com longos períodos de portas fechadas ou semi-fechadas, o que impactou fortemente no faturamento dos estabelecimentos. Somado a isso está um contexto macroeconômico de redução do poder aquisitivo da população, que também passou a consumir menos. A pandemia fragilizou muito o comércio, será necessária uma longa caminhada até que os estabelecimentos possam recuperar a saúde dos negócios”, ressalta.

Já o presidente do Sindilojas acredita em uma recuperação significativa, caso aconteça conforme o resultado que foi apurado nas pesquisas. “Com isso, podem começar a pensar sobre crescimento de vendas. Quem sabe recontratando e nos aproximando da tão esperada normalidade, interrompida pela pandemia”, prevê.

Amadio frisa também que não houve exagero, por parte dos comerciantes, na compra de produtos para o estoque. “A aposta foi modesta. Não estamos num momento de compras absurdas. Uma pela situação geral e outra pela falta de matéria-prima em muitos setores, o que reflete no final da cadeia com a falta de vários produtos”, menciona.
Contudo, é tradicional que o comércio invista em mix, especialmente diante de datas comemorativas para atrair clientes e fomentar vendas. “Faz parte das práticas dos lojistas trabalhar, mesmo diante das adversidades, para surpreender os clientes. Então, certamente quem procurar opções de presentes no comércio local encontrará novidades, itens diferenciados e de qualidade”, conclui Carbone.

O que dizem os comerciantes?

O sócio-proprietário da O Boticário, Leonardo Carboni, afirma que está otimista em relação aos números de 2020, porém, o resultado de 2021 ainda deve ficar abaixo de 2019. “Tivemos uma queda expressiva ano passado, vamos recuperar o mesmo valor de 2019 apenas em 2022, provavelmente. Com restrições ao atendimento, o fluxo em datas de grande movimento inevitavelmente é menor, mas estamos recuperando aos poucos, mas priorizando a saúde de nossas colaboradoras e clientes”, salienta.

O movimento de pessoas na loja ainda não aumentou significativamente. “Nosso histórico mostra que esse aumento ocorre na semana da data. Torcemos para acontecer mais cedo, dadas as restrições da pandemia, mas o movimento grande deve ser depois da quinta-feira”, acredita.

Sobre a recuperação após crise, Carboni afirma que o Natal já foi um bom sinalizador. “De lá para cá passamos por uma nova onda que novamente fechou lojas e derrubou os resultados. Estamos iniciando mais uma recuperação, o comércio, principalmente nos shoppings, tem sofrido muito. O fluxo de clientes ainda está longe do que era considerado ‘normal’ até 2019. O Dia das Mães com certeza auxilia, mas temos um bom caminho a percorrer e voltar a crescer”, esclarece.

Para o diretor da loja Rumo Certo, Evandro Michelon, a expectativa é boa. “Acreditamos que será semelhante a do ano passado, quando já estávamos em situação de pandemia. O Dia das Mães vai nos auxiliar a recuperar os dias fechados, é uma boa época de vendas”, expõe.

Michelon ressalta que o movimento já aumentou, mas não a ponto de gerar aglomeração. “Estamos seguindo todos os protocolos de segurança para a Covid-19”, garante.

Já para o proprietário da Valenti Tortas, Jefrey Marcos Casara, sempre que se aproximam de datas festivas, mesmo durante a pandemia, a expectativa aumenta bastante. “É a hora que as pessoas têm para desopilar e nada melhor do que investir em algo que lhe faça bem. No nosso caso em específico, a expectativa é de que tripliquem as vendas”, sublinha.

Casara aponta que as pessoas já estão se organizando para o evento que se aproxima, o que pode representar sinais de reestruturação da economia. “O movimento cresce, o retorno acontece, mas os meses anteriores não foram bons, então vamos usar os resultados para colocarmos a casa em dia”, finaliza.