Em Bento Gonçalves, equipes que integram a Defesa Civil tiveram presença marcante no atendimento às necessidades das famílias que perderam o que tinham na enchente do Rio das Antas

No começo de setembro passado, mais precisamente a partir do dia 4, a comunidade da Linha Alcântara, distrito de Faria Lemos, na Capital Nacional do Vinho, enfrentou um revés sem precedentes: o Rio das Antas, enfurecido com o volume das águas que se acumularam ao longo dos dias por causa das fortes chuvas causadas por um Ciclone Extratropical, saiu do seu leito e não teve compaixão de quem mora – ou morava! – em suas margens. Pelo contrário, foi impiedoso até com quem tem suas casas um pouco mais distantes e em lugares mais altos.

De acordo com a Secretaria Municipal de Esportes e Desenvolvimento Social (Sedes), foram 251 residências atingidas, com 721 pessoas impactadas, desabrigadas ou desalojadas. Conforme os números revelados pelo secretário Eduardo Viríssimo, foram 115 as moradias totalmente destruídas pela fúria do Rio das Antas, totalmente levadas pelo aguaceiro. Foi aí que entrou em ação a Defesa Civil Municipal, órgão do qual fazem parte pessoas da comunidade que atuam no formato de voluntariado, e servidores públicos.

O secretário Municipal de Segurança Municipal de Bento Gonçalves, tenente-coronel Paulo César de Carvalho, é também o coordenador da Defesa Civil. Ele conta que a estrutura já tinha atenções voltadas à Linha Alcântara porque, uma semana antes, várias propriedades foram castigadas por uma forte precipitação de granizo, destelhando casas, galpões e prédios comerciais, entre outras construções. O que aconteceu no dia 4 de setembro, e que na opinião do coordenador Paulo César “ficará marcado na história do município”, foi o ápice de uma condição climática que vinha se agravando, nos dias anteriores.

A mobilização para o enfrentamento da catástrofe e atendimento às famílias atingidas, nos dias que se seguiram, envolveu a Defesa Civil Municipal e Regional, Corpo de Bombeiros e servidores de todas as secretarias municipais, entre outras pessoas. “Na verdade, já vínhamos mobilizados, pelo que aconteceu uma semana antes. Quando ocorreu a catástrofe, passamos a realizar ações para minimizar aquelas anormalidades junto com outras instituições, a fim de restabelecer serviços essenciais”, afirmou o coordenador.

Paulo César de Carvalho não sabe exatamente quantas foram as pessoas que se envolveram no atendimento às necessidades das famílias que perderam suas casas, viram suas criações serem levadas pela enchente, e passaram a precisar de tudo. De comida à material de higiene pessoal, roupas, objetos e móveis, e até novos documentos. Cita, porém, que a mobilização contou com todos os servidores das secretarias de Segurança, Obras, Meio Ambiente, Mobilidade, Saúde e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano, o Ipurb.

Carvalho é enfático: “A comunidade de Alcântara sofreu o impacto mais severo das chuvas intensas e da cheia do Rio das Antas, resultando em danos significativos às casas e à infraestrutura local. A resposta das autoridades e a assistência às necessidades dessa comunidade se tornaram uma prioridade em meio à situação de emergência que se apresentava naquele momento”.

Para saber

O acumulado pluviométrico total registrado pelo Instituto Nacional de Meteorologia, (Inmet) entre os dias 1º e 4 de setembro, chegou próximo dos 300 milímetros na porção Centro-Norte do Rio Grande do Sul.

Como referência, a precipitação climatológica total para setembro é de aproximadamente 150 milímetros, ou seja, em apenas quatro dias choveu o dobro da média do mês.

Com isso, o nível do Rio das Antas, segundo informações dos próprios moradores, teria alcançado cerca de 30 metros, mais do que o triplo do normal, que não chega a 10 metros quando cruza pela Linha Alcântara.

Importante I

O secretário de Segurança e coordenador da Defesa Civil diz que a situação das comunidades atingidas pelas chuvas intensas que assolaram o município e região, assim como a tragédia do início de setembro com a cheia do Rio das Antas, tem sido abordada com “uma resposta rápida e eficaz por parte das autoridades locais”. As famílias receberam e continuam recebendo o suporte necessário através das secretarias da Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, afirma.

Carvalho ainda assegura que “as equipes envolvidas estão atentas às demandas recebidas e têm se empenhado em fornecer o melhor atendimento possível, garantindo que as famílias que sofreram perdas não fiquem desamparados. Esta resposta coordenada e ágil demonstra o compromisso das autoridades locais em lidar com as consequências das intempéries, e ajudar as comunidades a se recuperarem dos impactos causados pelas fortes chuvas e pela cheia histórica do Rio das Antas”.

Importante II

Paulo César de Carvalho: O impacto de uma calamidade pode ser sentido em diferentes níveis, e a resposta emocional das pessoas envolvidas com o acontecimento, geralmente varia, dependendo de sua proximidade com os eventos e sua capacidade de compreender a magnitude da calamidade ocorrida. É importante lembrar que o processo de aprendizado, após uma calamidade, pode variar o entendimento de pessoa para pessoa. Passar por uma calamidade pode ser uma experiência devastadora, mas também pode proporcionar oportunidades de crescimento e aprendizado.

Alguns ensinamentos surgiram após o evento da inundação:

1. Resiliência: Fomos testados em nossa capacidade de lidar com adversidades. Elas podem ensinar a importância da resiliência e da capacidade de se recuperar.

2. Prioridades: Uma calamidade pode redefinir o que é mais importante na vida, levando a uma reavaliação de prioridades e valores.

3. Comunidade: Muitas vezes, a calamidade une comunidades e mostra o poder da solidariedade e do apoio mútuo.

4. Aceitação: Aprendemos que algumas coisas estão além do nosso controle, e a calamidade pode ensinar a aceitar as limitações humanas.

5. Apreciação: Uma calamidade pode fazer você apreciar mais as coisas boas da vida e valorizar as relações pessoais.

6. Fortalecimento: Em alguns casos, emergimos de uma calamidade mais fortes, capazes de enfrentar desafios futuros com maior determinação.