Pegoraro, perdemos mais um líder

Claudio Pegoraro nos deixou. Sofreu vários percalços de saúde, não resistiu mais e, assim, a comunidade perdeu mais um líder. O lamento é dobrado, não só porque ele nos fará muita falta, mas também porque a renovação de lideranças em Bento é um processo lento, me refiro a lideranças comunitárias. Pegoraro despontou como liderança desde cedo. Vereador ainda jovem, foi muito atuante, chegou a exercer o cargo de Prefeito pelo período de 90 dias. Professor, Governador do Rotary dos mais expressivos, era retilíneo, convicto, organizado, fez uma convenção em Bento com a presença de 800 Rotaryanos. Viajou o mundo defendendo o lema rotaryano “dar de si sem pensar em si”, foi um grande líder no Bairro Santo Antão, influente demais, porém fiel a suas convicções apesar do radicalismo. A Móveis Carraro queria ficar com o imóvel onde está a Igreja do Bairro, em troca construiria, no imóvel da frente, uma bela praça pública e uma réplica da Igreja. Pegoraro foi um dos líderes contra a ideia, defendendo a originalidade e a representatividade tradicional da atual Igreja. Foi vencedor do movimento. Foi inclusive Membro influente da Igreja Matriz Cristo Rei, cerca de 40 dias antes de partir esteve no Semanário, me convidou a visitar a Igreja de Santo Antão e também os vitrais da Igreja Cristo Rei “vieram da Europa, são autênticos, uma obra de arte, um patrimônio”, sustentou com orgulho pois fizera parte de sua aquisição. Mesmo recolhido com cuidados em razão de comorbidades, não sossegava, sempre levantava da cama questionando: “o que vamos fazer hoje”? Quem conta é sua esposa Valdecira, personalidade forte, influente, referência comunitária. É ela quem conta: “Claudio era muito organizado, leitor e admirador da tua coluna, todos os dias executávamos ações planejadas, o vírus nos aproximou mais ao determinar o recolhimento”. Registro também a passagem de Claudio pela Isabela onde era acionista, chegou a ser Diretor mas afastou-se certamente porque viu que “não era sua praia”, afastou-se e defendeu a venda da empresa pela falta de conciliação entre os sócios. A venda da Isabela foi, para a comunidade, tão traumática quanto a Dreher, os compradores originais sumiram, restou só a Isabela em mãos de grupo empresarial do Ceará, com substancial redução de sua atuação com espirito comunitário como era preceito quando sob liderança de Moisés Michelon. Eu reputava Pegoraro como um líder, um líder raiz, tinha suas convicções e não se afastava delas. Quando voto vencido, batia em retirada, não divergia, era persistente, mas democrata. Na minha mente será inolvidável, plantou ideias, semeou ações, nunca teve medo de contestações pois era convicto. Vão as pessoas, ficam os exemplos, a luta por si, pelos seus e pelo próximo. Você semeou um exemplo hoje? Se não o fizer vamos nos traduzir numa raça humana em extinção em seus princípios e realizações pelo bem comum.

José Paulo Bisol

O ex Senador gaúcho José Paulo Bisol faleceu aos 92 anos. Desembargador, escritor, Secretário Estadual da Justiça, candidato a vice-presidente da República e meu professor de Filosofia do Direito na Universidade de Caxias do Sul. Maquiavel, Kant, “to bee or not to bee” (ser ou não ser) e por aí andava o professor. Era profundo, filosófico, eu tava naquela fase da “Vó Donalda e Pato Donald” mas assimilava bem. Bisol era único, indivisível, por vezes ele nos dava uma alegria maior, não aparecia e nós íamos jogar bolão, uma bola se chamava Maquiavel, outra Kant, tudo em homenagem ao professor que “não tinha aparecido para dar aula”. Nada como uma “boa aliviada” numa pista de bolão de “Caçia”!

Remédio valioso

Parece que descobriram um remédio contra o ALZHEIMER, um tal de ADUHELM. Os cientistas médicos estão se dividindo em relação a eficácia do medicamento, aprovado nos Estados Unidos. Mas, como diria um amigo meu “na ausência de tu vai tu mesmo”, assim, melhor que nada, um medicamento discutível.

Melhor idade

Quando eu estou em restaurantes dou uma geral com o olhar começando pelo teto e pelos pinduricos nas paredes. Assim, discretamente, consigo olhar num plano mais baixo a ver quem está sentado nas mesas da periferia, para cumprimentar os conhecidos. Ao almoçar no DI PAOLO Garibaldi, observei que na mesa ao lado tinha um casal e uma elegantíssima senhora que haviam saboreado, antes do almoço, um espumante Brut de qualidade, e durante o almoço, uma garrafa de vinho de qualidade superior. Depois, mais uma garrafa de vinho. Aquela senhora, “elegantérrima” diria o Clodovil “mandava ver”, me deixando admirado. Quando iam deixar o ambiente, fui ao seu encontro e a cumprimentei, admirado e encantado. O casal que estava com ela era o filho e a nora. O filho falou: “ela tem 95 anos (juro que dava 60), tem que controlar”. Sorridente, ela retrucou, “ele me fiscaliza, adoro vinho”! Saiu de lá integra, feliz. Voltei para minha mesa, chamei o garçom e fiz o pedido: “mais um copo de vinho por favor, quero chegar aos 95 e, desse jeito”!

Filmes apropriados

Filmes que caberiam bem ser rodados em Bento: “OS FRACOS NÃO TEM VEZ” – “O ÓDIO SERÁ TUA HERANÇA” – “QUEM PODE MAIS CHORA MENOS” – “RAZÃO E SENSIBILIDADE” – “AO CAÇADORES DA ARCA (URNA) PERDIDA”. ACRESCENTE ALGUM.

Na foto, a capela da comunidade de São Jorge, do Burati, histórica como se vê. Estará guardada? Fizeram fogo para combater o frio? Roubaram como acervo histórico? Desmancharam para fazer uma casinha de “Toti”? De qualquer forma, desprezo aos nossos valores históricos! Ou não?
Existe vida plena no LAR DO ANCIÃO.