Exames de rastreamento da doença são imprescindíveis para detecção precoce e monitoramento da saúde da mulher; possibilidade de cura é promissora

O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que formam um tumor, com potencial para se espalhar por outros órgãos do corpo. Existem vários tipos de câncer de mama, alguns com desenvolvimento rápido e outros que crescem lentamente. Também pode acometer os homens, mas é raro, representando apenas 1% do total de casos. Esse é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres em todo o mundo. No Brasil, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que 73.610 novos casos da doença devem ser registrados no país em 2023, o que representa cerca de 30% das ocorrências de câncer em geral.

Exames e prevenção

Durante a campanha do Outubro Rosa, entidades relacionadas ao tema buscam trazer informações sobre a prevenção e o tratamento da doença, além de visibilidade para o assunto. Segundo a médica mastologista Ana Valduga, o rastreamento da doença deve ser iniciado aos 40 anos, com a realização da mamografia, que deve ser feita anualmente. “A necessidade de ecografia de mamas será avaliada pelo ginecologista ou mastologista. Para mulheres que possuem histórico de câncer de mama, sugiro que consultem diretamente com um mastologista, pois o rastreamento pode ser diferente nesses casos”, alerta.

A detecção precoce é importante devido ao fato de que o câncer de mama nem sempre apresenta sintomas quando está em estágio inicial. Com o avanço da doença, pode ocorrer: caroço palpável, mudança no aspecto da pele, saída de sangue ou líquido incolor pelo mamilo, presença de linfonodos aumentados na axila, popularmente chamados de ínguas. A mastologista destaca que, para prevenir o câncer, “é preciso evitar bebida alcoólica, praticar atividades físicas regularmente, manter uma alimentação saudável e o peso corporal dentro do normal. Os cuidados gerais com a saúde, bons hábitos e estilo de vida saudável são, sem dúvidas, nossos maiores aliados”, ressalta.

Tratamento e qualidade de vida

Quando diagnosticado precocemente, ou seja, em exames de rastreamento, o câncer possui uma chance de cura próxima de 95%. “Nesses casos, a maioria das pacientes realizam cirurgia conservadora, onde somente uma pequena porção da mama é retirada. Após isso, passam por sessões de radioterapia. A necessidade de quimioterapia é avaliada individualmente, mas muitos casos não precisarão realizar”, afirma a especialista.

Nos tumores mais avançados, que possuem nódulo da mama palpável ou linfonodos axilares acometidos pela doença, o tratamento geralmente é maior. “Em grande parte dos casos, haverá necessidade de quimioterapia, cirurgias maiores, com a eventual necessidade de mastectomia (retirada de toda a mama), radioterapia e uso de outros medicamentos associados. Consequentemente os tratamentos são mais agressivos e a chance de cura diminui”, revela.

Quanto antes for diagnosticado o câncer de mama, mais brando será o tratamento realizado e melhor será a qualidade de vida após a doença. O acompanhamento multidisciplinar – médicos, nutricionistas, psicólogas, fisioterapeutas, educador físico, entre outros profissionais da área da saúde – consegue proporcionar uma vida saudável para a paciente, do ponto de vista físico e mental, possibilitando o retorno às atividades cotidianas, sem causar prejuízo na sua qualidade de vida. “O apoio da família e amigos também será essencial para que essa mulher inicie esse novo ciclo, pós tratamento do câncer, com tranquilidade e segurança”, conclui a médica.

Mitos e verdades, de acordo com a Dra. Aline Valduga

Atualmente, três fatores são considerados os mais preocupantes em relação à possibilidade de desenvolvimento não só do câncer de mama, mas de todos os outros tipos, são eles: sobrepeso e obesidade; alimentação inadequada, rica em ultraprocessados; e sedentarismo.

  • Uso de pílula anticoncepcional: esse é um assunto muito delicado. Alguns estudos mostram o aumento do risco da doença durante seu uso, enquanto que outras publicações não comprovam a relação. Ainda falando sobre hormônios, a terapia hormonal, quando realizada corretamente, não mostra ampliação de risco significativa. Dependendo do tipo de medicação utilizada, tem se mostrado, inclusive, como um fator de redução na chance de desenvolver a doença;
  • Uso de sutiã, próteses e desodorantes: são grandes mitos, não há relação comprovada;
  • Genética: o câncer de mama está relacionado a herança familiar na minoria das ocorrências. Somente 10% a 15% dos casos possuem alteração genética como motivo para o desenvolvimento da doença;
  • Amamentação: é muito benéfica, especialmente se a gestação for antes dos 30 anos. Também deve se considerar o período de aleitamento. Há evidências de que quanto mais prolongado, maior a proteção. Esse elo se dá porque a amamentação reduz o número de ciclos menstruais e, consequentemente, da exposição a certos hormônios femininos que podem estar por trás do surgimento de tumores;
  • Uma batida ou trauma pode causar a doença: não é verdade. Não existe relação direta entre esses acontecimentos;
  • Todo caroço nos seios é câncer: isso é mito. Nódulos mamários são comuns e a maioria é benigna.