Há tempos pesa sobre ele a fama de vilão. Mas acredite: o colesterol é um bem precioso para o ser humano. Afinal, sua presença garante a produção de vários hormônios, a síntese da vitamina D e também o pleno funcionamento das membranas celulares, só para citar algumas tarefas. De tão importante, 70% da substância é produzida pelo próprio organismo – o restante vem do prato. O foco da questão são as lipoproteínas que a transportam pelo seu corpo: a LDL e a HDL. “A primeira carrega o colesterol para as artérias, aumentando o risco de ocorrer formação de placas de gordura que, mais tarde, podem gerar doenças cardiovasculares”, esclarece Celso Cukier, nutrólogo do Hospital do Coração, o HCor, em São Paulo. “A segunda, por sua vez, é responsável por tirar a molécula dos tecidos e conduzi-la ao fígado para ser eliminada.”
O problema surge quando há um desequilíbrio entre esses meios de transporte e a LDL aparece soberana na corrente sanguínea. Isso, na maioria das vezes, é culpa de uma dieta cheia de gordura saturada, aquela encontrada na carne vermelha, na pele do frango, na salsicha, no salame e por aí vai. Não é de admirar, portanto, que uma das primeiras recomendações para combater o colesterol considerado inimigo é fazer vista grossa a algumas opções do menu cotidiano. Mas – é aí que vem a novidade – essa estratégia parece não ser suficiente. Um time de pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá, comprovou que incluir certos itens no cardápio pode ser tão ou mais eficiente do que simplesmente mandar outros para o limbo.

Fitoesterois

Encontradas nas plantas, essas substâncias ocupam o lugar do colesterol na micela, que é uma estrutura gordurosa na qual ele precisa grudar para ser assimilado. Quando recebe esse chega pra lá, sua eliminação é certeira. de acordo com raul dias dos Santos, do incor, ainda há outro mecanismo a ser destacado: “os fitoesterois bloqueiam o receptor npc1l1, responsável por colocar o colesterol dentro das células do intestino, de onde ele parte para circular pelo sangue e tecidos”. para nossa sorte, alguns alimentos são enriquecidos com esses aliados.

Alimentos à base de soja

Segundo o cardiologista raul dias dos Santos, a proteína do grão dificultaria a absorção do colesterol. “Só que esse mecanismo não está bem definido”, observa. e não dá para esquecer que a leguminosa tem pouca gordura saturada. Só por causa disso, para quem está com o colesterol muito alto, já vale cogitar substituir o leite de vaca pelo de soja.

Oleaginosas

Fazem parte desse grupo as nozes, amêndoas, avelãs e castanhas. Graças à presença marcante do mineral selênio, elas atrapalham a oxidação do colesterol ldl. e, sem estar oxidada, a molécula perde boa parte de sua força maléfica. “as oleaginosas ainda são fontes de gorduras monoinsaturadas, que não participam da síntese do colesterol”, acrescenta cukier, nutrólogo do hcor. mas nem pense em devorá-las uma atrás da outra, como se fossem pipoca. “afinal, elas têm muitas calorias”, diz camila Gracia.

Fibras solúveis

Ao serem consumidas – por meio de frutas, verduras, legumes e cereais como aveia -, elas formam uma espécie de gel no intestino. e o colesterol acaba colando nessa composição. “Por isso, em vez de ser assimilado pelo corpo, ele é arrastado pelas fezes”, conta a nutricionista camila. só não pode abusar das fibras e se esquecer de beber água. “o líquido ajuda a formar o tal gel e o bolo fecal”, ensina.

Pegue leve nos alimentos gordos

Uma das causas do aumento dos níveis de LDL no sangue é a ingestão abusiva de certas gorduras, como as saturadas. A nutricionista Camila Gracia, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, informa que esse tipinho está presente em alguns cortes de carne vermelha, em queijos como provolone e parmesão, no leite integral e nos embutidos. Outra inimiga gordurosa é a trans, que por sua vez se esconde em alimentos processados, como biscoitos recheados, salgadinhos e certos produtos congelados.

Fonte: saude.abril.com.br