A onda de calor fora de época que está ocorrendo nos últimos dias em todo Rio Grande do Sul não é positiva para produtores de uva da Serra Gaúcha, que nessa época do ano dependem do frio para um bom desenvolvimento da fruta. Caso as temperaturas continuem elevadas, pode acarretar em prejuízos para a próxima safra.

Quem confirma essa situação é o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Henrique Pessoa. “Esse é o primeiro ano em que não registramos nenhuma hora de frio (com temperatura menor que 7,2°C) neste período, considerando um registro desde 2009 na Embrapa. Esse outono de 2019 está sendo um dos mais quentes dos últimos 10 anos”, relata.

Embora destaque ser cedo para falar em prejuízos, Pessoa afirma que a ausência do frio combinada com mais de 20 dias de precipitação, além de ter atrasado a indução do estado de dormência e a queda das folhas na maioria das videiras da Serra Gaúcha, essas condições também evitaram brotações precoces de outono. “As videiras não aprofundaram e uniformizaram o estado de dormência das gemas, podendo iniciar a brotação a qualquer momento durante esses dias de outono/inverno, se esta condição quente persistir. Se ocorrer a brotação neste período, certamente irá ocorrer a queima destes brotos com as ondas de frio subsequentes, o que pode impactar na quantidade de produção da próxima safra”, explica Pessoa.

O Presidente dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, Cedenir Postal, afirma que os agricultores estão na expectativa de que o frio venha nos próximos dias. “Existe muita preocupação, não tem agricultor que a gente conversa que não está preocupado com isso. A uva precisa de horas de frio e não fez ainda. Tudo depende do que vai ocorrer até o final de julho”, afirma Postal.