Temporal já é motivo de apreensão, mas para os moradores da Linha 6 da Leopoldina, na comunidade de Capela das Neves, o medo se tornou real. Em duas tempestades que atingiram a região, moradores tiveram suas casas afetadas por descargas elétricas. Eles atribuem o fato ao reservatório de água instalado no local pela Corsan. A comunidade sempre contou com uma caixa d’água, porém a anterior era feita em fibra de vidro.

Devida à falta de manutenção, moradores solicitaram um equipamento novo. Em novembro de 2017, a Corsan instalou um de inox. Entre a base e o próprio reservatório, a estrutura conta com 10 metros de altura. Apesar de ser todo metálico, ele não conta com para-raios. Daniela Carraro Cappelli mora à distância de dez passos da caixa d’água. Em janeiro deste ano, durante um temporal, ele teve a placa do portão eletrônico queimada.

A moradora entrou em contato com um funcionário da Corsan avisando do ocorrido e pedindo providências. Ela obteve resposta afirmando que um para-raios seria providenciado, mas o equipamento ainda não foi instalado. No dia 27 de maio, uma nova tempestade atingiu o local. Dessa vez o estrago foi maior. Ela teve placas solares, home theater, lâmpadas e novamente a placa do portão queimados. Mas o susto maior foi na casa da mãe dela, Ieda Carraro, que reside em frente à caixa d’água.

Ieda teve lâmpadas danificadas, a rede elétrica da casa atingida e ficou com parte da parede da casa, que é de madeira, queimada. Segundo Daniela, mais moradores tiveram equipamentos avariados. “O sentimento que fica é de raiva. A Corsan não está nem aí para a gente. Eles só querem receber e não pensam no bem-estar dos consumidores. O terreno é da minha mãe. Ao mesmo tempo que deixamos colocar o reservatório ali para ajudar a comunidade, eles não se importam conosco. Isso poderia ter sido prevenido caso eles tivessem tomado uma atitude quando foram avisados”, declara Daniela.

Mas essa história ainda está longe do fim. Segundo uma fonte ligada à Corsan, foi realizado o pedido de um para-raios, porém a instalação depende de licitação e autorização. Ainda não há previsão para a compra a colocação do objeto. Em busca de uma solução, Daniela enviou e-mail para o Ministério Público procurando ajuda. Porém, de acordo com o promotor Alécio Nogueira, em análise prévia, o caso trata-se de questão individual e patrimonial das pessoas afetadas, não tendo o Ministério Público legitimidade para ingressar com ações.

Conforme a Corsan, os moradores que tiveram prejuízos devem formalizar uma solicitação de reparação de danos diretamente no escritório da instituição, o que não foi feito. Caso a pedido formal seja encaminhado, profissionais capacitados irão até o local analisar se a culpa do ocorrido foi da Corsan. Se a empresa for responsável, os afetados devem ser indenizados.

Com equipamento adequado, danos podem ser menores

De acordo com a Comissão Especializada de Elétrica da Inspeção do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA – RS) de Bento Gonçalves, quem define a necessidade da instalação de um para-raios ou não em um projeto deve ser um engenheiro elétrico ou civil capacitado para esse tipo de atuação. Se a estrutura possuir um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) devidamente projetado, o equipamento irá minimizar os danos que poderiam ocorrer para as pessoas, estruturas e equipamentos atingidos.

 

Foto: Arquivo Pessoal