Os 82 anos da Cooperativa Vinícola Aurora, que se completaram neste 2013, representam a história da dedicação de 16 famílias de pequenos produtores, que se associaram, em 1931, para enfrentar um desafio: transformar em vinho os frutos do árduo trabalho da terra.

“É praticamente uma historia de muitas vidas, porque a Aurora é, antes de tudo, uma história coletiva, feita do trabalho, da esperança e dos sonhos de muitas pessoas, de gerações que nasceram e se sucederam tendo em comum a cultura, a vocação da uva e do vinho”.

Hoje, a Cooperativa Aurora não é, apenas um centro produtor e gerador de negócios, mas uma instituição com raízes sólidas e amplas, que chega a todos os setores da vida histórica de Bento Gonçalves e arredores, na pujante região da serra gaúcha. A vida dos produtores de uva integra-se à própria trajetória, transformando-se numa única história.

Tudo começou com a imigração. Entre os anos de 1875 e 1913, mais de um milhão e 200 mil imigrantes partiram da Itália (principalmente do norte) com destino ao Brasil,” il paese de cuccagna”, o país da abundância. Cerca de 70 mil deles dirigiram-se para o Rio Grande do Sul, provinientes, sobretudo, das regiões do vêneto, da lombardia e do tirol.

Assentados, no princípio, os imigrantes deram inicio a uma transformação social que alicerçou a região italiana no Rio Grande do Sul, tornando-a conhecida como a “região da uva e do vinho.”

Nesse cenário, surge em 1931 a Cooperativa Vinícola Aurora, agrupando produtores dispersos mas imbuídos da convicção de que a solidariedade poderia ser, também, uma alavanca do progresso econômico. Naquele ano, já haviam sido vencidas as dificuldades dos primeiros tempos da imigração e a construção da estrada de ferro tinha aberto, definitivamente os caminhos do desenvolvimento regional, mas os agricultores continuavam isolados, submetidos a um trabalho que remunerava pouco e lhes exigia muito. Os melhores lucros daquela atividade diária de sol a sol( só interrompida para a missa dos domingos) is parar nas mãos dos intermediários, que impunham preços ou formas de pagamento. A engrenagem exploratória era também atroz: muitas vezes, os intermediários retinham o próprio dinheiro que sob o pretexto de “guardá-lo” em lugar seguro ainda cobravam uma taxa.

O agricultor tinha o dever de obedecer a aceitar, só isso. A cooperativa surgiu, assim, como um mecanismo natural de defesa e resistência familiar. Ao associar-se “ em cooperação”, os agricultores tornavam-se um poder em condições de enfrentar, de igual para igual, “os grandes”, que já não mais poderiam mais impor regras e preços.

Assim, a 14 de fevereiro de 1931, ao ar livre, à sombra de uma árvore” na propriedade de Antônio Pértile, sita à linha Geral nº 20,, Distrito de Bento Gonçalves”, constituiu-se a Cooperativa Agrícola Aurora. Os relatos acerca da fundação da Cooperativa, surgidos aqui e ali ao longo do tempo, apontam quase sempre dezesseis sócios-fundadores. A leitura atenta da ata de fundação mostra, contudo, que um total de dezoito pessoas integralizaram quotas de capital.

Fonte: Revista Aurora 2001