Na contramão da crise das bibliotecas que assola o Brasil, a Biblioteca Pública Castro Alves, de Bento Gonçalves, experimentou um aumento de pouco mais de 11% nos atendimentos em 2018. Já o número de livros retirados cresceu 1,59% com relação a 2017 e somou quase 19 mil empréstimos neste período. Na prática, isso significa que mais gente passou pela instituição e que o trabalho que vem sendo feito consegue atrair público ao local.
Para este ano, a Biblioteca será contemplada com recursos do programa federal de bibliotecas digitais, que possibilita a compra de mobília, tablets e um acervo com 10 mil obras digitalizadas.
Segundo a bibliotecária que responde pela instituição, Paula Porto Gautério, os números e os recursos representam um grande avanço, na medida em que as bibliotecas públicas passam por um período de declínio no número de frequentadores. “Fiquei surpresa com o resultado, acredito que foi pelo trabalho intensivo. Por isso, neste ano, queremos manter os projetos e atividades que fizemos em 2018 e acrescentar mais alguns”, afirma.

Quem frequenta

Há pouco mais de um ano, funcionários da Biblioteca começaram a utilizar um arquivo de registros para ter noção de quem frequenta o espaço não apenas para retirar livros. “Muita gente vem para estudar, não sabíamos quem era, qual o maior público”, comenta.
A partir dos dados, Paula identificou que a maioria dos frequentadores tem entre 20 e 35 anos, utilizam o espaço na parte da tarde e são moradores do bairro São Francisco. Além disso, a estrutura também é bastante utilizada pelos jovens que precisam fazer trabalhos de aula. “O pessoal já vem com o material, com o notebook para fazer trabalhos em grupo, da escola, porque geralmente estudam de manhã ou à noite. Aí eles vêm se encontrar aqui. Mas nao para fazer pesquisa com os livros da biblioteca, como era antigamente”, compara.
Do outro lado, o perfil dos que retiram livros muda. A maioria são mulheres com mais de 50 anos, frequentadoras fiéis da Biblioteca. “Dessas pessoas, eu ouço bastante que os livros físicos são insubstituíveis, que a experiência de leitura é outra”, observa.

 

Livros digitais ou de papel

Paula é formada em biblioteconomia e conta ter dificuldades em se adaptar ao livro digital. “Eu prefiro ler o físico. Somente se for alguns textos mais curtos, como artigos, eu consigo ler no digital”, afirma. Neste sentido, ela afirma que a função da biblioteca é contemplar o maior número possível de pessoas, contudo, tentar trazê-las para a leitura de livros físicos. “Os livros digitais que teremos serão quase os mesmos que os físicos. Quando nós estamos trabalhando com um, nós também fomentamos o outro”, conta.
Além disso, a bibliotecária observa que o que as pessoas buscam também mudou nos últimos tempos, com o advento dos livros digitalizados. “O público não é o mesmo que frequentava antigamente. Os livros que são retirados hoje são de literatura. O pessoal não vem para estudar obras de arte, medicina, direito, economia, etc. Esses, geralmente, têm pequena circulação”, comenta.

 

10 títulos mais retirados em 2018 – Biblioteca Pública Castro Alves

1- Cem anos de solidão – Gabriel Garcia Marquez
2- Um dia: Vinte anos. Duas pessoas – David Nicholls
3- A guerra dos tronos: As crônicas de gelo e fogo – George RR Martin
4- Senhora – José de Alencar
5- O continente I: O sobrado – A fonte – Ana Terra – Um certo capitão Rodrigo – Erico Veríssimo
6- A rainha vermelha – Philippa Gregory
7- Madame Bovary – Gustav Flaubert
8- A garota italiana – Lucinda Riley
9- A irmã da Perola: A história de Ceci – Lucinda Riley
10- Depois daquela montanha – Charles Martin