Negociação entre Sindicato e empresas não resulta em avanços e atraso de vencimentos perdura por mais de 20 dias

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sitracom-BG) informa que não houve avanço na negociação com as empresas M.Dias Branco e S&N Engenharia, para o pagamento dos salários atrasados e das verbas rescisórias de 76 trabalhadores. O órgão prevê que a única saída será por via judicial, já que as empresas não estão abertas às negociações.
Em nota, a M.Dias Branco coloca que “nas contratações de prestação de serviços, exige o rigoroso cumprimento das normas ambientais, trabalhistas, tributárias, comerciais e outras, de acordo com a legislação em vigor”. Além disso, a empresa justifica que realiza, “quando necessário, a suspensão/cancelamento da prestação de serviços no caso de eventuais descumprimentos contratuais por parte do prestador”.
De acordo com o vice-presidente do Sitracom-BG, Ivo Valiati, as tentativas de negociação com a terceirizada e a contratante não tiveram sucesso, uma vez que o que foi encaminhado não resultou em avanços. “Já que não houve interesse por parte das empresas, o caminho é via judicial”, enfatiza.
Ainda na sua avaliação, a contratante joga a responsabilidade na terceirizada e assim sucessivamente. “Eles não aceitaram nada”, comenta. O vice-presidente ainda argumenta que é necessário negociar o pagamento da rescisão e dos salários atrasados, visto que o recebimento dos valores é direito dos funcionários.
Sobre o posicionamento da empresa, Valiati comenta que a responsabilidade é de quem não cumpriu as normas, e não dos trabalhadores. “Agora nós estamos encaminhando os processos, assim que ficar pronto será dada a entrada na Justiça” prevê.
No entender de Valiati, as leis trabalhistas aprovadas com a reforma podem prejudicar a negociação entre trabalhadores e empresas. “Dizem que traz segurança jurídica para as empresas. Mas que segurança é essa? De não pagar o direito dos trabalhadores? E qual é a segurança jurídica do trabalhador?”, questiona.
Ele observa que as empresas estão tomando providências jurídicas para não pagar os funcionários e que a obra foi concluída. “Agora eles estão a ver navios, provavelmente com as famílias passando fome”, lamenta.
No início desta semana, os trabalhadores trancaram o fluxo de caminhões por oito horas interruptas, na sede da M.Dias Branco, no bairro Santa Rita. Eles reivindicavam pagamento dos salários, das verbas rescisórias e a liberação das carteiras de trabalho.
O Semanário entrou em contato com a assessoria de imprensa da M.Dias Branco para esclarecer questões relacionadas às negociações, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.