Mês é escolhido para conscientizar a população sobre a importância e os benefícios da amamentação

Instituída pela Lei Federal nº 13.345, de 12 de abril de 2017, a campanha Agosto Dourado simboliza a luta pelo incentivo à amamentação. A cor foi escolhida por representar o tom que vinculado ao padrão ouro de qualidade do leite materno.

A fisioterapeuta pélvica, Luisa Braga Jorge Tormen, destaca que o mês é dedicado a esclarecer dúvidas e mitos sobre o assunto, para que um maior número de pessoas possa se beneficiar do aleitamento materno. “Afinal, o leite materno é considerado o melhor alimento para o bebê após seu nascimento. Muito se sabe que o nosso país tem uma taxa muito alta de desmame precoce, que a amamentação ainda é cercada de muita dificuldade, desinformação, medo e insegurança”, diz.

O fundamental para o aleitamento materno é ter conhecimento básico prévio. “A dica é sempre conversar com profissionais que realmente entendam sobre o assunto, ter vontade de amamentar, calma e paciência”, sugere.

O melhor jeito de amamentar

A profissional revela que não existe uma receita de bolo, nem uma forma especifica, pois cada dupla (mãe-bebê) é única. “Está aí a importância de ter paciência e persistência quando a amamentação não flui tranquilamente nos primeiros dias. Às vezes é necessário mudar a posição da mãe ou do bebê, ajustar a pega, avaliar o seio, entre outras questões. Com alguns cuidados e orientações, a amamentação não é para ser dolorida. A melhor posição para amamentar é aquela em que a mãe e o bebê sintam-se confortáveis e bem”, explica.

De acordo com a fisioterapeuta pélvica, normalmente a orientação é a cada mamada ofertar um seio por vez. “Mas na amamentação não existe uma regra clara e especifica, tudo depende de como o bebê está sugando, como está o seio da mãe após as mamadas, se está ganhando peso suficiente. Enfim, essa orientação é muito individualizada e merece um olhar específico de cada caso”, frisa.

É bastante comum nos primeiros meses existir um descompasso entre produção e demanda, sendo comum a mãe produzir mais leite do que o bebê necessita. Após esse período, existe uma equalização entre consumo e produção. “Medidas como garantir a livre demanda e ordenha quando necessário garantem uma equalização rápida deste processo. Caso a hiper lactação seja confirmada, massagem, ordenha, uso de apetrechos como coletor e bomba, compressas frias, não pular as mamadas e mudar posição de mamar podem ajudar nesse processo”, recomenda.

Em alguns casos o leite pode secar, a profissional orienta sobre o acontecimento. “A melhor forma de manter uma boa produção é o bebê mamar em livre demanda, ou seja, não limitar as mamadas. Quanto mais ele mama, mais leite será produzido. Para que o bebê consiga extrair o leite com eficiência, é preciso que ela esteja mamando em uma boa posição e com a pega adequada”, instrui.

Outro fator que contribui bastante para ajudar na produção do leite é que a mãe esteja em um ambiente tranquilo, tome bastante líquido, tenha momentos de descanso e consiga dormir enquanto o filho também dorme. “Caso seja percebido que a quantidade de leite diminuiu e/ou o bebê sente a necessidade de mamar em curto período de tempo, é importante contatar a pediatra e/ou consultora de amamentação para que seja avaliado e traçado as melhores condutas visando um aumento de produção de leite”, completa.

Além disso, a pega correta é imprescindível para que o bebê e a mãe possam aproveitar ao máximo os benefícios da amamentação, evitando dores e desconfortos. “Deve ser sempre na aréola e não no bico do seio. Os lábios do bebê devem estar em formato de peixinho e, quando ele suga, o seio vai para dentro da boca dele. É muito importante também a postura da mãe, para que ela esteja confortável. Caso sinta dor, é necessário tentar corrigir a pega novamente”, argumenta.

Vantagem de amamentar logo após o parto

A “Golden Hour” ou “Hora de Ouro” do bebê, corresponde à primeira hora após o parto, um momento valioso para o primeiro contato, a saúde e o bem-estar da lactante e do lactente. Além disso, é o momento mais adequado para estimular à amamentação. “Para a mãe, a sucção do bebê estimula a liberação de ocitocina, hormônio que esteve presente durante todo o parto. A ocitocina ajuda na contração do útero e diminui o volume de hemorragia no pós-parto”, informa.

Além disso, para o recém-nascido também só há benefícios. “Ser amamentado na primeira hora de vida significa receber o colostro, o primeiro leite materno. O colostro é popularmente conhecido como a primeira vacina do bebê, já que é rico em anticorpos e nutrientes”, valida.

Os principais erros cometidos

A pega incorreta durante a amamentação e ansiedade por ter muito leite trazem alguns transtornos para a mãe e o bebê, por isso é essencial não cometer esse erro. “É muito importante ter em mente que a descida do leite propriamente dita pode levar até cinco dias pós parto para acontecer, neste período o bebê é nutrido pelo colostro. Garantir uma boa pega e uma boa sucção reduzem bastante a chance de dor, desconforto, fissura e desmame precoce”, ressalta.

Outro acontecimento é o empedramento do leite, Luisa dá orientações sobre. “A melhor maneira de evitar o ingurgitamento mamário é amamentar em livre demanda, garantir uma boa pega e consequentemente uma boa sucção do bebê, tais medidas reduzem significativamente a chance de ingurgitamento. Caso os sintomas aparecerem, é recomendado contatar a pediatra e se possível uma consultora de amamentação para indicar e tratamento e medidas que não prejudiquem ou inviabilizem a amamentação”, esclarece.

A exclusividade do aleitamento materno até o sexto mês

Conforme Luisa, o indicado é que até os seis meses de vida o bebê consuma apenas o leite materno, e só após esse período que outros alimentos sejam inseridos na dieta. “Por menor que seja o volume de leite produzido, neste período anticorpos estão sendo transferidos, o vínculo mãe-bebê está acontecendo e favorecendo a estruturação psíquica do recém-nascido. Além disso, a amamentação ajuda no desenvolvimento normal dos ossos da face”, afirma.

A volta ao trabalho

O retorno ao serviço é um momento singular e cheio de desafios. Este ano, a campanha de amamentação é justamente voltada para este período, portanto, é muito importante falar sobre o assunto. “Você não precisa deixar de amamentar porque vai voltar ao trabalho. A dica é tentar preparar uma programação que permita algumas mamadas ao longo do dia. Caso não seja possível, programar com que leite seu bebê será a alimentado neste tempo, por quem será alimentado e ter uma programação é muito importante para o sucesso da manutenção da amamentação. Em muitos casos, o uso de bomba se faz necessário neste retorno ao trabalho e no período que você está em casa, amamente sempre que possível”, salienta.

A adaptação de uma mãe

A assistente jurídica, Catharine Coghetto, de 29 anos, é mãe do Bento, de quase três meses. Ela conta um pouco como está sendo o aleitamento materno. “Como toda atividade nova, foi um processo com início difícil, dolorido e desafiador e com a prática foi se tornando mais fácil”, diz. Durante a gravidez, participou de um seminário gratuito com o marido, realizado pelo Hospital Tacchini. “Foi ministrado por um grupo de enfermeiras e médicas, onde obtivemos informações confiáveis e esclarecedoras sobre gestação, modalidades de parto, amamentação e cuidados iniciais com o bebê. Foi de suma importância para desempenharmos nossa função de pais. E após o nascimento do Bento, durante a internação, também fui orientada por uma profissional do Banco de Leite AMA Tacchini, para iniciar a amamentação”, complementa.

Para ela, a maior dificuldade foi no início, que foi doloroso. “Tive um episódio de ducto entupido, o que foi bem complicado. Mas como tantas coisas na amamentação, a sucção foi a principal responsável pela solução. É importante ressaltar que é preciso conhecimento, procure fontes seguras de informação, pois muitas práticas antigas já não são mais utilizadas; persistência, porque é dolorido e a mamãe tem que se sentir disposta para insistir nesta prática; e apoio, amamentar da muita sede, fome, é preciso se cuidar para conseguir superar os desafios”, retrata.

Catharine foi uma das lactantes que doou leite para o Banco de Leite AMA Tacchini, e orgulha-se do ato singelo. “Inicialmente não acreditava que seria possível, mas ‘de pouquinho em pouquinho a gente enche o potinho’ e foi assim que comecei a coletar e armazenar o excedente da outra mama, enquanto meu neném amamentava. Utilizando um coletor de silicone e seguindo os cuidados e orientações de armazenamento, me vi apta para iniciar a doação. Então entrei em contato via WhatsApp, e após o processo de seleção e apresentação dos meus exames, fui aprovada como doadora”, valoriza.

A mãe destaca que é a amamentação é cuidado e um gesto de amor. “Seja ela como for, seja por leite materno via peito, seja por extração, por colher dosadora, seja por fórmula. Ninguém é menos mãe por não conseguir amamentar. Felizmente fui privilegiada e junto com minha rede de apoio, posso doar meu excedente de produção e consequentemente ajudar a atender as preces de outras mães que clamam por ajuda para os seus filhos”, prioriza.

“Cada maternidade é única e especial. Peço que as mamães se cuidem, cuidem de sua saúde, tomem água, se alimentem bem, peçam ajuda (principalmente psicológica) e não se sintam sozinhas, um neném só será feliz se a mamãe também se sentir assim”, encerra.

Banco de Leite AMA Tacchini

O espaço de apoio de acolhimento às mães para coleta e doação de leite aos bebês internados na UTI Neonatal do Hospital Tacchini, oferece atividades de coleta, processamento (pasteurização) e controle de qualidade do leite produzido nos primeiros dias após o parto (o colostro), leite de transição e leite humano maduro, e distribuição sob prescrição médica ou de nutricionista.

Foto: Arquivo Pessoal

Francine Longo é uma das mães que são beneficiadas pelo espaço. Para garantir que a filha Elisa receba leite materno mesmo quando está no trabalho, a nutricionista utiliza as instalações do Banco de Leite AMA Tacchini. “Como nutricionista, eu sei os benefícios que a amamentação traz para o bebê e para a mãe, como a melhora na imunidade e a prevenção de doenças respiratórias que são tão frequentes nessa época do ano. Os que são alimentados com fórmula acabam tendo mais complicações quando comparados aos que recebem leite materno”, descreveu.

Como o exemplo, muitas outras mães precisam deste apoio. Portanto, toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano, que servirá de alimento para diversos bebês. Para doar, basta ser saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação. Interessadas podem entrar em contato com o AMA TACCHINI para receber as orientações, através do telefone (54)3055.0303 ou pelo e-mail [email protected] ou pelo WhatsApp: (54)99237-1842.

Madrinha da amamentação 2023

Na terça-feira, 1º de agosto, ocorreu a apresentação da Madrinha da Amamentação 2023, no Shopping Bento. A atividade visou reforçar o debate sobre a importância da amamentação para a saúde e desenvolvimento da criança.

Após votação online, na qual havia 28 mães participando, nomeou Mariane Aparecida Chaves, mãe de Clara Chaves Gobatto, como a vencedora da premiação. A ganhadora foi agraciada com um book contendo fotos do Estúdio Pavan e com maquiagem inclusa, além da faixa de Madrinha da Amamentação 2023.

Fotos: Cláudia Debona