Iniciativa do Hospital Tacchini e do Conselho do Idoso de Bento Gonçalves é considerado inédito em todo o Brasil

Com o crescimento de aproximadamente 294% no número de diagnósticos de câncer de intestino nos últimos 15 anos, e com o aumento no número de idosos no país, uma parceria inédita vai viabilizar o rastreamento de casos, de forma gratuita, em Bento Gonçalves. O trabalho é uma parceria do Hospital Tacchini e do Conselho Municipal do Idoso e pretende oferecer exames para moradores do município que estejam na faixa etária de 60 a 85 anos. A estimativa é de que nos primeiros 12 meses do projeto, pelo menos 600 pessoas sejam atendidas de graça.

De acordo com o Hospital Tacchini, as consultas devem iniciar após a pandemia do novo coronavírus. Além dos exames de sangue oculto (PSO) nas fezes, serão realizadas 420 consultas de enfermagem, 176 consultas com médico proctologista, 106 exames de colonoscopia, 67 reconsultas de enfermagem para pacientes com colonoscopia normal, 39 reconsultas com médico proctologista para pacientes com achados na colonoscopia, além de outras 39 polipectomias e exames de patologia.

Conforme a instituição de saúde, a medida visa criar a cultura de rastreamento de tumores colorretais no município, além de reduzir efetivamente a mortalidade, em razão da doença. Atualmente, estudos e pesquisas sobre tumores na região estão voltadas aos casos cânceres de mama ou de colo uterino, com procedimentos específicos para suas detecções.

Levantamento mostra que tumores colorretais são diagnosticados em estágios avançados

Um levantamento do Hospital Tacchini mostrou que nos últimos 10 anos, 61,2% dos tumores de intestino foram diagnosticados em estágios avançados da doença. Os dados englobam pacientes de 24 municípios da região, que buscam atendimento na casa de saúde em Bento Gonçalves. Esse índica aponta que a demora na descoberta oferece baixos índices de sobrevida global, girando em aproximadamente cinco anos.

A gerente do Instituto Tacchini de Pesquisa em Saúde (ITPS), a médica Juliana Giacomazzi indica que a ausência de rastreamento é um dos principais fatores para o aumento das mortes relacionadas à doença. “Atualmente, quem não tem sintoma acaba não realizando qualquer exame. E quando qualquer sinal da doença começa a aparecer, o processo burocrático para autorização de uma colonoscopia é lento. Isso dificulta o tratamento, porque os pacientes chegam com o câncer em um estágio muito avançado”, descreve.

Projeto recebeu aporte de mais de meio milhão de reais

O projeto inédito no Brasil só sairá do papel, graças à viabilização de doações realizadas através da doação do Imposto de Renda de pessoas físicas e jurídicas, junto ao Fundo Municipal do Idoso. Foram arrecadados R$ 541,3 mil em dois anos de captação.

Até a finalização do projeto, a estimativa do Tacchini é de que sejam investidos R$ 1,2 milhões. Com isso, ainda há necessidade de doações para complementação dos valores. Pessoas físicas podem deduzir até 6% do seu Imposto de Renda devido, enquanto Pessoas Jurídicas com Lucro Real podem doar até 1%.

Foto: Hospital Tacchini e Reprodução